Mais uma vez influenciada pelos alimentos, a prévia da inflação ficou em 0,81% em novembro, maior índice para o mês desde 2015 (0,85%). Além do grupo de Alimentação e bebidas, que teve alta de 2,16%, todos os demais subiram: Transportes (1%), Artigos de residência (1,40%), Habitação (0,34%) e Vestuário (0,96%), além de Saúde e Cuidados Pessoas (0,04%), Despesas Pessoais (0,14%), Comunicação (0,06%) e Educação (0,01%). Os resultados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado hoje (24) pelo IBGE.
O grupo com maior influência no índice no mês (0,44 p.p.) foi alimentação e bebidas (2,16%), que acumula alta de 12,12% no ano. Destaque para os preços dos alimentos para consumo no domicílio, que subiram 2,69% influenciados pela alta de itens importantes no consumo das famílias, como as carnes (4,89%), o arroz (8,29%) e a batata-inglesa, que passou de -4,39% em outubro para 33,37% em novembro. Também subiram o tomate (19,89%) e óleo de soja (14,85%). Entre as quedas, a principal foi a do leite longa vida (-3,81%).
A alimentação fora do domicílio também contribuiu para o IPCA-15 de novembro e acelerou de 0,54% em outubro para 0,87% em novembro, principalmente em função da alta do item lanche (1,92%). Já refeição variou (0,49%), menos que a alta de outubro (0,93%).
A inflação dos alimentos vem se destacando nesse final de ano, influenciada também por conta do câmbio favorável às exportações, o que levanta preocupações de uma alta mais disseminada dos preços.
Entre os itens que mais subiram, destaque para carnes (4,89%), arroz (8,29%), batata-inglesa (33,37%), tomate (19,89%) e óleo de soja (14,85%). Entre as quedas, a principal foi a do leite longa vida (-3,81%).
Outros grupos
Outro grupo de forte impacto (0,20 p.p), Transportes (1%) foi impulsionado pela alta da gasolina (1,17%), subitem de maior peso do IPCA-15. Os preços de outros combustíveis como o etanol (4,02%), o óleo diesel (0,53%) e o gás veicular (0,55%) também tiveram alta na passagem de outubro para novembro. Outra contribuição importante no grupo foi do item automóvel novo: alta de 1,07%. O aumento nas passagens aéreas (3,46%) em novembro mostrou desaceleração frente a outubro (39,90%).
Entre as quedas do grupo de Transportes, destaque para as passagens dos ônibus interestaduais (-0,52%) e dos ônibus intermunicipais (-0,40%).
Em Artigos de residência (1,40%), as maiores contribuições vieram dos itens mobiliário (2,40%) e eletrodomésticos e equipamentos (2,23%). Os preços dos aparelhos de ar-condicionado destacaram-se e tiveram alta de 11,23%.
Já no grupo Habitação (0,34%), a variação positiva da taxa de água e esgoto (0,33%) reflete os reajustes tarifários de 3,04% em Belo Horizonte (1,33%), vigente desde 1º de novembro, e de 5,88% em uma das concessionárias de Porto Alegre (1,69%), vigente desde 1º de outubro. Já o resultado do item energia elétrica (-0,04%) foi influenciado por dois reajustes e uma redução tarifária: Brasília (-0,01%), redução de 0,63%, a partir de 22 de outubro; Goiânia (0,79%), reajuste de 2,57%, a partir de 22 de outubro; e São Paulo (-0,39%), reajuste de 3,87% em uma das concessionárias pesquisadas, vigente desde 23 de outubro.
Em São Paulo, apesar do reajuste tarifário, houve redução na alíquota de PIS/COFINS em uma das concessionárias pesquisadas, o que fez com que o resultado tenha ficado negativo.
Todas as regiões tiveram alta em novembro
Quanto aos índices regionais, todas as regiões pesquisadas apresentaram alta, sendo o menor resultado verificado na Região Metropolitana de Recife (0,31%), especialmente por conta da queda nos preços da gasolina (-1,37%); e o maior no município de Goiânia (1,26%), onde a alta de 3,25% na gasolina foi a principal responsável.
Conforme informou o G1, o resultado está um pouco acima do esperado “a mediana das estimativas de 24 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data projetava uma alta de 0,72% do IPCA-15 em novembro”.
Expectativa de inflação dos consumidores aumenta para 4,8%: maior valor desde abril
Segundo dados da FGV IBRE, a expectativa mediana de inflação dos consumidores brasileiros para os próximos 12 meses aumentou 0,1 ponto em novembro, para 4,8%, o maior valor desde abril desse ano (5,1%). Em relação ao mesmo mês do ano anterior, a mediana se manteve estável.
“Após a estabilidade no mês anterior, os consumidores voltam a fazer previsões ligeiramente maiores para a inflação nos próximos doze meses, seguindo a tendência de alta nas projeções dos analistas tanto para o final de 2020 quanto 2021. Vale ressaltar que o valor observado em novembro ainda é menor do que janeiro (5,0%), o que sugere certa ancoragem das expectativas, apesar dos choques de alguns itens importantes observados durante o ano, como os alimentos. Para o final de 2020 e 2021, é possível que a mediana se aproxime cada vez mais dos 5,0%, dado que não há perspectivas de choques favoráveis principalmente sobre os preços de alguns itens com peso significativo na cesta de consumo das famílias”, afirma Renata de Mello Franco, economista da FGV IBRE.
Em novembro, 60,1% dos consumidores projetaram valores dentro dos limites inferior e superior de inflação para 2020 (2,5% e 5,5%), a maior parcela nos últimos seis meses. Por outro lado, a proporção de consumidores projetando abaixo do limite inferior da meta de inflação para 2020 (2,5%) diminuiu 5,8 pontos percentuais (p.p.), de 11,9% para 6,1%, a menor parcela dos últimos seis meses.
As expectativas medianas para a inflação nos próximos 12 meses pouco variaram analisando por faixas de renda. As famílias de maior poder aquisitivo (renda familiar até R$ 2,1 mil) registraram aumento 0,1 ponto percentual enquanto as famílias de maior poder aquisitivo (renda familiar acima de R$ 9,6 mil) mantiveram suas expectativas estáveis.
IBGE e FGV IBRE