O presidente voltou a defender a adoção da taxação dos super ricos para o enfrentamento às desigualdades em escala global
O presidente Lula (PT) voltou a discursar, nesta segunda-feira 18, na abertura da 2ª Sessão da Reunião de Líderes do G20, no Rio de Janeiro. Em sua fala, o presidente teceu críticas a globalização neoliberal e defendeu a importância de pautas como a taxação de super ricos, uma das principais bandeiras do governo brasileiro no G20.
“A história do G20 está entrelaçada com os abalos sofridos pela economia global nas últimas décadas. Ações oportunas evitaram que a crise de 2008 redundasse em um colapso de proporções catastróficas. O ímpeto reformador foi insuficiente para corrigir os excessos da desregulação dos mercados e a apologia do Estado mínimo. Naquele momento, escolheu-se salvar bancos em vez de ajudar pessoas. Optou-se por socorrer o setor privado em vez de fortalecer o Estado. Decidiu-se priorizar economias centrais em vez de apoiar países em desenvolvimento”, iniciou Lula.
“O mundo voltou a crescer, mas a riqueza gerada não chegou aos mais necessitados. Não é surpresa que a desigualdade fomente ódio, extremismo e violência. Nem que a democracia esteja sob ameaça. A globalização neoliberal fracassou”, constatou Lula.
O presidente brasileiro seguiu afirmando a importância de que os líderes globais atuem para diminuir as desigualdades, momento em que também defendeu uma reforma na liderança do conselho de segurança da ONU.
“Não há ninguém em melhor posição do que nós para mudar o curso da humanidade. Este ano, a reforma da governança global entrou em definitivo na agenda do G20. Pela primeira vez, o grupo foi à ONU e aprovou, com o endosso de outros quarenta países, um chamado à ação. Mas esse chamado é apenas um toque de despertar. A omissão do Conselho de Segurança tem sido ela própria uma ameaça à paz e à segurança internacional. O uso indiscriminado do veto torna o órgão refém dos cinco membros permanentes”, considerou.
Lula também voltou a defender a proposta brasileira de estabelecer um imposto global mínimo de 2% sobre a fortuna de bilionários ao redor do mundo, o que poderia gerar uma arrecadação anual de 250 milhões de dólares (cerca de 1,3 trilhão de reais), fortalecendo o combate à desigualdade.
“O futuro será multipolar. Aceitar essa realidade pavimenta o caminho para a paz. Também é chave na construção de uma governança que maximize as oportunidades e mitigue os riscos da Inteligência Artificial. A resposta para a crise do multilateralismo é mais multilateralismo. Não é preciso esperar uma nova guerra mundial ou um colapso econômico para promover as transformações de que a ordem internacional necessita”, defendeu Lula.
Fonte: Carta Capital