A General Motors anunciou que não apoiaria mais o processo judicial do presidente Trump que busca privar a Califórnia de seu poder para estabelecer padrões de consumo de combustível
A General Motors abandonou a batalha do presidente Trump para anular as regras de consumo de combustível impostas pelo governo da Califórnia com o objetivo de combater o aquecimento global, no maior sinal até o momento de que as grandes companhias americanas estão deixando Trump para trás e se adaptando à chegada de um governo democrata.
“O presidente eleito Biden declarou recentemente que acredita que possamos controlar o mercado de automóveis do século 21, uma vez mais, se avançarmos para os veículos elétricos, e nós da General Motors não poderíamos concordar mais”, declarou Mary Barra, presidente-executiva da GM, em uma carta enviada na segunda-feira aos líderes de algumas das maiores organizações ambientalistas do Estados Unidos.
Barra disse que sua companhia, uma das maiores montadoras de automóveis do planeta, estava retirando seu apoio ao processo judicial de Trump que busca privar a Califórnia de seu poder para estabelecer padrões de consumo de combustível mais severos, e instou a Toyota e a Fiat Chrysler a fazer o mesmo.
Barra também conversou por telefone na segunda-feira com Mary Nichols, a principal autoridade de regulamentação da poluição na Califórnia, que é uma das principais candidatas ao comando da Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) no governo Biden.
Um porta-voz da EPA de Trump parecia não estar ciente da retirada de apoio da GM ao processo contra a Califórnia. “É sempre interessante acompanhar as mudanças de posição das grandes empresas americanas”, disse o porta-voz, James Hewitt.
A decisão representa uma virada abrupta para a General Motors, que quatro anos atrás foi uma das primeiras empresas a pressionar Trump pelo relaxamento das normas de consumo de combustível e de emissão de poluentes causadores do aquecimento global da era Obama.
Barra se reuniu com Trump nas primeiras semanas dele no governo e o instou a enfraquecer os padrões severos quanto à emissão de poluentes por automóveis que representavam a política mais firme dos Estados Unidos para conter o aquecimento global.
No ano passado, quando o governo foi além e revogou a autoridade legal da Califórnia e de outros estados para estabelecer padrões estaduais mais severos, GM, Toyota e Fiat Chrysler aderiram ao processo do lado do governo.
“Acreditamos que as ambiciosas metas de eletrificação do presidente eleito, a Califórnia e a General Motors estejam alinhadas para lidar com a mudança no clima por meio da redução drástica das emissões de poluentes por automóveis”, ela escreveu.
“Estamos confiantes em que o governo Biden, a Califórnia e a indústria automobilística dos Estados Unidos, que banca 10,3 milhões de empregos, podem encontrar de forma colaborativa um caminho para um futuro de propulsão integralmente elétrica.
Para fomentar melhor o diálogo necessário, estamos nos retirando imediatamente do processo que esvazia os poderes da Califórnia, e convidamos outras montadoras a fazerem o mesmo”.
The New York Times, tradução de Paulo Migliacci