A taxa de desocupação chegou a 14,6% no terceiro trimestre do ano, uma alta de 1,3 ponto percentual na comparação com o trimestre anterior (13,3%). Essa é a maior taxa registrada na série histórica do IBGE, iniciada em 2012, e corresponde a 14,1 milhões de pessoas. Ou seja, mais 1,3 milhão de desempregados entraram na fila em busca de um trabalho no país.

 

No período, a taxa de desocupação subiu em dez estados e ficou estável nos demais. As maiores taxas foram na Bahia (20,7%), em Sergipe (20,3%) e em Alagoas (20,0%). Já a menor foi registrada em Santa Catarina (6,6%). Os maiores crescimentos da taxa de desocupação foram registrados na Paraíba (4 p.p.), no Amapá (3,8 p.p.) e em Pernambuco (3.8 p.p.). Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada hoje (27) pelo IBGE.

 

Segundo a analista da pesquisa, Adriana Beringuy, o aumento na taxa de desemprego reflete a flexibilização das medidas de isolamento social para controle da pandemia de Covid-19. “Houve maior pressão sobre o mercado de trabalho no terceiro trimestre. Em abril e maio, as medidas de distanciamento social ainda influenciavam a decisão das pessoas de não procurarem trabalho. Com o relaxamento dessas medidas, começamos a perceber um maior contingente de pessoas em busca de uma ocupação”, explica.

 

Isso indica que, com o fim do pacote de emergência, que inclui o Auxílio Emergencial, a situação tende a se agravar nos próximos meses.

 

O contingente de ocupados reduziu 1,1% na comparação com o segundo trimestre, totalizando 82,5 milhões de pessoas, o menor patamar da série histórica iniciada em 2012. Houve uma retração de 883 mil pessoas. Com isso, o nível de ocupação foi de 47,1%, também o menor da série, uma queda de 0,8 ponto percentual frente ao trimestre anterior (47,9%). Desde o trimestre encerrado em maio, o nível de ocupação está abaixo de 50%, o que aponta que menos da metade da população em idade para trabalhar está ocupada no país.

 

A analista observa que todas as categorias perderam ocupação, sendo que o número de pessoas com carteira assinada caiu 2,6% no terceiro trimestre frente ao anterior, com perda de 788 mil postos e totalizando 29,4 milhões de empregados com carteira assinada no país.

 

O percentual de empregados com carteira de trabalho assinada era de 76,5% dos empregados do setor privado. Os maiores percentuais estavam em Santa Catarina (90,5%), Paraná (85,1%), Rio Grande do Sul (84,3%) e São Paulo (82,3%) e os menores no Maranhão (51,3%), Pará (53,9%) e Piauí (54,1%).

 

Já a taxa de informalidade foi de 38,4% no trimestre encerrado em setembro, o que equivale a 31,6 milhões de pessoas sem carteira assinada (empregados do setor privado ou trabalhadores domésticos), sem CNPJ (empregadores ou empregados por conta própria) ou trabalhadores sem remuneração. No trimestre anterior, esse percentual foi 36,9%.

 

Desemprego chega a 17,9% no Nordeste, enquanto no Sul é de 9,4%

 

No terceiro trimestre, a taxa de desocupação atingiu o recorde de 17,9% no Nordeste, o maior número entre as grandes regiões. Já o Sul teve a menor taxa entre elas: 9,4%. Em relação às unidades da federação, as maiores taxas de desocupação também estavam no Nordeste, enquanto os estados do Sul tiveram as menores.

 

“A taxa de desocupação, na comparação trimestral, subiu em dez unidades da federação, permanecendo estável nas demais. Ou seja, nenhuma unidade da federação do país conseguiu mostrar uma retração dessa taxa no terceiro trimestre. Isso mostra que todos os estados tiveram, de alguma forma, o mercado de trabalho bastante afetado”, explica Beringuy.

 

Alagoas tem a maior taxa de subutilização; Santa Catarina, a menor

 

A taxa composta de subutilização da força de trabalho, que é o percentual de pessoas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas e na força de trabalho potencial em relação à força de trabalho ampliada, foi maior em Alagoas (49,3%), seguido por Maranhão (47,1%) e Sergipe (46,3%). Os únicos estados em que a taxa de desocupação ficou abaixo de 20% foram Santa Catarina (12,7%) e Mato Grosso (18,7%).

 

“A taxa de subutilização mantém uma tendência de crescimento, permanecendo aquele panorama em que as unidades da federação do Nordeste têm as maiores taxas de subutilização e as do Sul, as menores. Isso está relacionado à própria estrutura do mercado de trabalho local dessas localidades”, explica a analista da pesquisa.

 

IBGE