surpreendentemente favorável durante a pandemia de Covid-19, diante da gravidade do cenário. As transações comerciais registraram redução de 15,6% entre março e maio deste ano, mas, com a flexibilização das medidas de distanciamento social (inicialmente na China e em outros países asiáticos, depois na Europa e nos Estados Unidos), houve rápida recuperação: crescimento de 13,1% nos fluxos de comércio em junho e julho, apesar de eles ainda não terem voltado ao nível de fevereiro. É o que revela um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada divulgado nesta sexta-feira (27).

 

A Nota de Conjuntura Análise dos Dados Preliminares do Comércio Mundial em 2020 mostra a variação de exportações e importações para 47 países – os 37 da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), mais Argentina, Brasil, China, Costa Rica, Tailândia, Malásia, Índia, Indonésia, Rússia e África do Sul. Juntos, esses países representaram, nos últimos anos, entre 75% e 80% do comércio mundial.

 

No acumulado de janeiro a agosto de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019, as exportações totais desse grupo tiveram queda de 12,3% – sendo redução de 12,1% para os países avançados e de 4,1% para os emergentes. As importações caíram 12,7% no mesmo período: -10,5% para os avançados e -5,2% para os emergentes.

 

No que diz respeito aos produtos, de janeiro a agosto, as importações de petróleo encolheram 30%. O comércio de bens de capital, de bens de consumo duráveis e de alguns bens semiduráveis foi afetado. No entanto, os setores de produtos médicos e farmacêuticos, bem como o de produtos agroalimentares, se beneficiaram por conta das necessidades surgidas durante a pandemia.

 

Para Fernando Ribeiro, pesquisador do Ipea e autor do estudo, “apesar do cenário melhor do que o esperado em 2020, é preciso estar preparado para os desafios na economia mundial nos próximos anos, uma vez que não se sabe quais serão as transformações no pós-pandemia”. Para 2021, a perspectiva é de recuperação econômica. A Organização Mundial do Comércio (OMC) projeta crescimento de 4,9% do produto interno bruto (PIB) e de 7,2% do comércio mundial, enquanto o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima altas de 5,2% e 8,3%, respectivamente.

 

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IPEA