Neste período de pandemia que o isolamento social é essencial para diminuir o contágio do novo coronavírus (covid-19), o transporte público é o local propicio para a disseminação do vírus.

A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em estudo mostrou que usar o transporte público, trabalhar como profissional autônomo e ser dona de casa, são as três variáveis que mais influenciam nas mortes pela covid-19 na cidade de São Paulo.

O estudo que foi conduzido pelo professor Anderson Kazuo Nakano, do Instituto de Cidades da universidade, cruzou dados da Pesquisa Origem-Destino 2017 com o Sistema de Informações sobre Mortalidade da Secretaria Municipal de Saúde da prefeitura da capital.

Com um modelo estatístico, os pesquisadores buscaram identificar a relação de influência entre as mortes por covid-19 nos 96 distritos do município com as variáveis da pesquisa (modos de viagem, vínculos empregatícios e condições de trabalho). Com isso, os pesquisadores elaboraram um coeficiente, chamado de R², que varia de 0 a 1.

Se o resultado foi mais próximo de 1 significa que há uma maior influência dessa variável no número de óbitos por covid-19 nos bairros da capital. Já o inverso, mais próximo de 0, há uma menor influência da variável nas mortes.

“Rodando esse modelo estatístico, vemos que a variável “número de viagens por transporte coletivo” está em 0,808, um valor alto. Isso quer dizer que, nos bairros com maior número de usuários de transporte público, 80% dos óbitos pela covid-19 podem ser explicados por conta da necessidade de deslocamento de ônibus, trem e metrô”, diz o professor Kazuo Nakano.

Outra variável que surpreendeu o professor Nakano foi o de deslocamento a pé, pois tem alta correlação (0,7897) nos bairros que tem o maior registro desse tipo de prática e óbitos por covid-19. “Esse resultado significa que as pessoas estão circulando em seus bairros e as medidas para contenção da doença não tem sido eficaz”, afirma.

Os resultados do estudo mostraram que em dez bairros da capital com mais mortes pela doença, nove também lideram no número de viagens por transporte público, segundo levantamento da Folha de São Paulo.

Exemplo é o Grajaú, bairro do extremo sul, que é o que mais faz viagens de coletivo por dia (384 mil) e o terceiro em número de mortos pela doença (360 vítimas).

“Isso prova que para conter a propagação da covid-19, os gestores públicos precisam desenvolver uma combinação de estratégias, que una condições de moradia, apoio de renda, apoio para trabalhadores, informações para quem está em casa, entre outras”, avalia Nakano.

com informações da Exame.com

Fonte: Mundo Sindical