Por Adriana do Amaral

Estaria a classe trabalhadora em extinção?

Os índices de desemprego no Brasil são assustadores e o desalento aumenta a cada pesquisa anunciada, acumulando trabalhadores em idade produtiva, sem perspectivas, rumo à linha de pobreza. Fenômeno que aumenta com o passar dos meses pandêmicos, mas que já era tendência antes da #Covid-19.

Atualmente, sobrevivem ao universo laboral aqueles que conseguem manter-se no teletrabalho e os que são beneficiados pelo regime CLT, geralmente em atividades consideradas essenciais. Por outro lado, aumenta o número de pessoas de todas as idades que são sustentadas por idosos que recebem aposentadorias. Ou seja, sobrevivemos na realidade dos direitos garantidos no passado, com forte tendência à extinção dos direitos.

Com a população envelhecendo, o fenômeno da desocupação laboral preocupa em todo o mundo, mas a novidade é que está assustando ainda mais os mais jovens. Comportamento revelado no estudo  “Millenials e a Geração Z”, realizado pela #Deloitte e publicado pelo jornal Folha de S. Paulo.

Segundo os autores, os jovens estão preocupados com o desemprego e a qualidade de vida. Contrasta o momento econômico atual, onde a doutrina neoliberal defende a autossuficiência empreendedora.

Ao mesmo tempo em que a economia globalizada reforça a escravidão moderna, uma realidade que garante a concentração de renda, haja tecnologia para garantir trabalho remunerado para os chamados Millenials. Ou seja, as pessoas que nasceram entre os anos 1980 e 1995!

A novidade é que, de acordo com a pesquisa, o desemprego está no topo das preocupações do jovens no Brasil.  Ou seja: 38% entre os jovens até 35 anos e 31 % dentre os que tem até 24 anos (geração Z) questionados têm o trabalho como principal preocupação. Mundialmente, o desemprego é a segunda preocupação, atrás da saúde.

O estudo apontou ainda que o ambiente laboral é estressante para os mais jovens, a estabilidade financeira na idade adulta e velhice preocupa. E eles têm toda a razão de se preocupar. Estaria o emprego em extinção? Como sobreviver sem remuneração?

Uma parcela da população brasileira, que integra a geração Z, o futuro da mão de obra nacional, tem ido nas ruas para protestar enquanto outros insistem em ignorar a #pandemia da #Covid-19. Não deve estar sendo fácil para eles abrir mão de dois dos #melhores anos das suas vidas”…

Talvez eles desconheçam como funciona uma linha de montagem e nunca tenha participado de um piquete ou greve. O que teriam desejado para eles os seus pais?

Estudo não garante emprego

 

A minha geração e dos meus irmãos, nascidos  entre os anos de 1950 e 1960, cansou de ouvir que o estudo era a única alternativa que garantiria um futuro melhor, individual e para o Brasil. A realidade tem de mostrado outra. Quem está na faixa dos 50 e 60 anos, hoje em dia, tem amargado o desemprego e a insegurança em relação à maturidade.

De acordo com a pesquisa Pnad/IBGE, no primeiro trimestre de 2021, 3,3 milhões de brasileiros perderam o emprego e que quase metade (48,5%) da população está desocupada. Sobrevivem do trabalho informal, os chamados “bicos”, aproximadamente 34,2 milhões de brasileiros (39.8%) e os minguados recursos dos aposentados têm sido o sustento de 5,7 milhões de famílias, durante a #pandemia.

Os desalentados crescem a olhos vistos, basta olhar nas ruas das cidades, chegando a quase seis milhões de brasileiros. São os brasileiros que desistiram de procurar emprego, pela falta de perspectivas. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, são 5,952 milhões de trabalhadores.

Contudo, é olhando para fora, nas ruas das cidades e para além, para o mundo, que testemunhamos que o problema é global. No Brasil, as famílias e pessoas em situação de rua, em todo o mundo o drama dos refugiados, que também é consequência da falta de emprego e renda.

O futuro, este desconhecido

Arte: Bansky

 

Aprendi que o “trabalho dignifica o homem”, mas também que conquistar a dignidade também dá muito trabalho. O reconhecimento da importância do trabalho, do trabalhador, das relações trabalhistas em condições dignas. Um sonho ainda viável?

Para o pensador Karl Marx, tudo começa com a consciência de classe. Para ele, as massas organizadas materializam ideias. Que ideias estamos formando: Dominados ou dominadores?

No Brasil, o desmonte dos direitos iniciou-se com a Reforma Trabalhista, em 2017, mas foi se agigantando com a Reforma da Previdência e os riscos da Reforma Administrativa. A lógica de que empregar um trabalhador custa caro ao empresariado nos coloca a todos na vulnerabilidade.

É preciso pensar o trabalho, em suas diferentes dimensões, do braçal ao intelectual. Principalmente, pensar na atividade laboral e no papel que o labor ocupa na sociedade hoje para podermos refletir sobre o futuro que queremos.

foto: reprodução #3J

Fonte: https://construirresistencia.com.br/desocupacao-o-futuro-incerto-no-mundo-do-trabalho/