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Segundo denúncias, uma operação que aconteceu sem concorrência e sem a mínima transparência

Antes de entrar no assunto que me move a publicar a coluna desta semana, registro que o nosso país já conta com mais de 90 mil óbitos e nos aproximamos dos 2,7 milhões de pessoas infectadas por coronavírus. Apenas um registro para destacar a necessidade que temos ainda de cuidar da saúde das pessoas, de nós todos e todas individualmente continuarmos mantendo, na medida do possível, o isolamento social a fim de preservar vidas. 

Mas o que me espanta e é sobre o que eu quero falar nesta semana diz respeito àquela obscura operação realizada entre o Banco do Brasil e o banco privado BTG Pactual. O banco BTG Pactual, foi, na década de 1980, criado pelo próprio Paulo Guedes, atual ministro da economia do governo de Jair Bolsonaro e ainda um dos proprietários do banco. 

Uma operação de venda de uma carteira e crédito pelo Banco do Brasil ao BTG. Uma venda que aconteceu, segundo denúncias, sem concorrência e sem a mínima transparência. 

 O Banco do Brasil simplesmente vendeu uma carteira de crédito, que significa um conjunto de empréstimos contratados por um conjunto de clientes do banco, que ainda não foram quitados. Então, quando o Banco do Brasil vende esta carteira, ele vende um monte de créditos para um banco privado, possibilitando ao BTG Pactual a negociação do recebimento dos valores a serem recebidos. 

Segundo as notícias divulgadas, o valor da carteira de crédito é de, precisamente, R$2,9 bilhões. E o Banco do Brasil teria vendido esta carteira de quase R$3 bilhões por R$371 milhões. E isso, sem descontar os impostos. Ou seja, o Banco do Brasil receberá em torno de R$300 milhões, o que é algo extremamente grave e principalmente diante de uma negociação suspeita, sem qualquer transparência e que nunca ocorreu antes na história do Banco do Brasil. 

O que o Banco do Brasil fazia era negociar, individualmente, determinadas dívidas. Mas nunca uma carteira inteira. Os compradores, no caso o BTG Pactual, terão um lucro ainda não estimado, mas certamente um grande lucro porque ficará com esta diferença entre o que ele pagou e o que ele vai receber das pessoas ou empresas que tenham dívidas perante o Banco do Brasil. 

 Internamente, segundo notícias de sindicalistas, o ambiente no Banco do Brasil é muito pesado, porque não é admitido qualquer tipo de questionamento vindo dos servidores e funcionários do banco. Porque a partir do momento em que questionam esta operação, eles são intimidados e até mesmo ameaçados. 

E isso é muito grave e vai além desta operação que pode dar ao Banco do Brasil um prejuízo significativo. Isso é muito grave porque mostra o avanço do projeto de privatização do Banco do Brasil, encabeçado pelo governo Bolsonaro, sobretudo com a figura de Paulo Guedes.

Eles estão privatizando uma parte do Banco do Brasil e, com um prejuízo enorme, vendendo um grande valor por preço de banana, como diz o ditado popular. 

Então é extremamente prejudicial estas ações da direção do Banco Brasil e do governo Bolsonaro contra este banco público que faz parte da nossa história. E tudo isso irá prejudicar fortemente o desenvolvimento nacional, não só o desenvolvimento econômico, mas também o desenvolvimento social e principalmente a agricultura familiar, que hoje se mantém com ação do Banco do Brasil. Não há nação forte sem que esta nação tenha um banco público forte. 

Então, apesar da mídia tradicional não dar esta notícia, as denúncias são tão fortes que moveram o Banco do Brasil a soltar uma nota que diz que houve processo de concorrência – mas não mostram resultados – e avaliação da venda da carteira de crédito por uma consultoria externa da Pricewaterhouse Coopers. Ou seja, não há nenhuma transparência. 

Portanto, creio que seja extremamente necessária a investigação deste caso, que não é apenas um caso. É um absurdo cometido pelo governo federal, um crime cometido por Jair Bolsonaro, que é entregar a um banco privado pertencente ao ministro da Economia, Paulo Guedes, uma carteira tão valiosa num valor tão pequeno. 

Esta é uma operação gravíssima, porque é parte e sequência das ações entreguistas do governo Bolsonaro, de privatização do Banco do Brasil.

 

Fonte: Portal Vermelho

Erick, Daniel, Gael, Pyetro e Rodrigo são pais. E estão felizes e ansiosos pela chegada do dia 9 de agosto. Tema ganhou destaque com campanha do ator Thammy Miranda.

 

 

“Não tenho nada contra! Só não venha querer impor que o Thammy é o exemplo de pai! Nem capaz de fazer um filho ela é!”. 

 

“É provocação. É desmerecer os homens?”

 

“Nunca será pai porque não é homem.”

 

 

Enquanto alguns usuários do Twitter reagiam negativamente à participação do ator Thammy Miranda em uma campanha de Dia dos Pais, Erick Cristian Silveira Santos, de 40 anos, beijava a esposa e o filho Miguel, de 4 meses, e seguia para mais um dia de trabalho em sua barbearia. Por sorte, Cristian pode chegar um pouco mais tarde porque seu outro filho, o Renzor, de 20, é quem costuma abrir o estabelecimento.

 

Enquanto alguns usuários do Twitter reagiam negativamente à participação do ator Thammy Miranda em uma campanha de Dia dos Pais, o contador Daniel Quirino de Souza, 36, tomava um sorvete com a filha - sem esconder o orgulho de ouvir a Camila dizer que “tanto fazia tomar o sorvete no pote rosa ou no azul” e que “um pote é apenas um pote”. 

 

Enquanto alguns usuários do Twitter reagiam negativamente à participação do ator Thammy Miranda em uma campanha de Dia dos Pais, o administrador e cineasta Gael Jardim, de 37 anos, fazia planos para um fim de semana com a filha adolescente, a Liz; o motorista de Samu Pyetro Mateus Mendes de Lima e Souza, de 27, programava fazer um jantar especial com a filha Ana Clara, de 9; e o operador de loja Rodrigo Rodrigues, de 28, chorava ao ouvir do filho sua primeira palavra: “Papai”. 

 

Orgulho. “Meu filho mais velho, o Renzor, trabalha comigo. Temos cumplicidade e parceria. Ele não admite preconceito. Somos muito unidos”, disse Erick. “Lembro de ir em reunião da escola dele. Eu chegava chegando, de cabeça erguida. Sempre me posicionei e isso criou um ambiente de respeito ao nosso redor”, completou. Renzor é filho biológico de Erick.

 

Segundo Erick, a relação com Renzor é seu maior orgulho. “É uma sensação maravilhosa. Sou um homem completo e feliz. Tenho filhos, esposa e emprego. Posso respirar fundo e dizer que amo viver, amo a vida que eu tenho.” 

 

Além de Renzor, Miguel, de 4 meses, está em processo de adoção definitiva. “O maior presente do Dia dos Pais eu já tive. Foi a chegada do Miguel na minha vida”, falou. 

 

Assim como Erick, Daniel também é pai biológico. Segundo ele, a gravidez aconteceu antes da transição, em um período em que “ainda estava tentando se enquadrar naquilo que a sociedade acha normal”. Quando Camila chegou na idade em que já podia entender, eles tiveram uma conversa leve e sem dramas. “Ela virou e disse: ‘o que é que tem? Normal.’ Isso me surpreendeu muito”, disse. O pai biológico de Camila é distante. Hoje, a garota mora com Daniel e a esposa dele.

 

“O que eu posso dizer é que sou presente, sou eu quem educa, quem puxa a orelha quando precisa. Sou em quem vai na reunião da escola. No Dia dos Pais, vou ter a satisfação de acordar e receber um abraço. No meu íntimo, eu sempre quis ser reconhecido como pai, nunca me vi como mãe”, contou Daniel. “Hoje, todos sabem que eu sou o pai da Camila. Ser reconhecido como pai de família é emocionante”, completou. 

 

Sobre a reafirmação de ser pai e presente, Gael contou que esse é um desafio constante e bonito. “Quero estar presente na vida da minha filha como alguém responsável. O título de papai foi ela quem me deu. Sou eu, como pai dela, que não perco a hora da van da escola, que faz festas de aniversário, festas de fantasia...”, enumerou. 

 

Já Pyetro contou com orgulho o fato da filha tirar de letra as indagações dos coleguinhas de escola. “Um amiguinho perguntou para ela porque eu tinha as mamas. Ela apenas disse que o pai dela ‘era uma mulher e agora virou um homem’. Só isso. A Ana Clara também é quem lembra minha própria mãe de me chamar pelo nome masculino.” Para Pyetro, o seu maior legado será ensinar a filha que amor não tem raça, não tem gênero. Amor é apenas amor.

 

Os pais dos pais

Com o Dia dos Pais se aproximando, é inevitável que a lembrança de como os próprios pais reagiram ao fato de terem filhos transgêneros venha à tona. Infelizmente, nem sempre essa é uma lembrança leve. “Meu pai não me aceita, não me respeita. Ele não me trata pelo nome masculino. É uma situação bem pesada. Ele não quer ter contato. Nem o neto consegue amolecê-lo”, disse Rodrigo. 

 

Para Pyetro, a situação foi ainda mais dramática. “Quando falei para o meu pai que eu iria trocar de nome, ele me respondeu dizendo que preferia um filho morto do que um filho desse jeito”, relatou. 

 

Outros pais passaram por um processo de aceitação - em que o amor pelo filho prevaleceu sobre conceitos e preconceitos. “Sou o filho mais velho. Então, no começo, foi frustrante para o meu pai. Ele tinha uma idealização do que era ser um homem. Mas, com o tempo, ele compreendeu, sentou comigo e conseguimos conversar. Ele, então, pode me dizer que me amava independente da situação”, disse Daniel.

 

Natura

Os ataques de alguns internautas ao ator Thammy Miranda, escolhido como um dos nomes da Natura para a campanha do Dia dos Pais (ele é pai de Bento, de 6 meses), não encontra eco em outros pais transgêneros. “Admiro Thammy como um pai guerreiro. A aparição dele em uma campanha é muito importante e traz visibilidade e representatividade”, disse Erick.

 

A reação de parte dos usuários das redes sociais, que ameaçaram até boicotar a marca, também foi tema de debate entre os pais transgêneros. “Ainda existe muito preconceito. Temos um caminho longo pela frente. Da minha parte, me senti muito representado como pai”, afirmou Daniel. “Com milhões de crianças sem pais e sem registro, é um absurdo que as pessoas se sintam incomodadas com o Thammy. Agora, imagina o que não passa um garoto de periferia, sem a força dele”, completou Gael. 

 

Para Pyetro, o preconceito ainda está no ar, mas aparições como a de Thammy são o início de uma mudança. “Sei que a sociedade não vai mudar tão cedo, mas estamos em um caminho”, disse.

 

Fonte: Estadão

Mensagem destaca importância do distanciamento, das máscaras e da limpeza das mãos; por ser ano eleitoral, divulgação precisou de aval do TSE

 

       

As prefeituras das maiores cidades do País lançam nesta segunda-feira, 3, peças publicitárias de uma campanha nacional de utilidade pública contra o coronavírus. É uma ação que ocorre sem participação do Ministério da Saúde e que foi criada diante da constatação de falta de coordenação do órgão para elaborar uma comunicação integrada para prevenir a doença. 

 

A iniciativa é da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), que negociou com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) autorização especial para veicular comunicação sobre a doença em jornais, sites, rádios e na TV durante toda a pandemia. Neste ano, por causa das eleições municipais, as Prefeituras ficam proibidas de fazer propaganda a partir de agosto.

 

O material publicitário foi elaborado a partir de pesquisas que apontaram quais mensagens obtinham melhor resposta da população e destaca o distanciamento social, o uso de máscaras e a limpeza das mãos. As mensagens ressaltam, ainda, a necessidade de proteção à família dentro de casa. Cada prefeitura vai adaptar o conteúdo já produzido e adicionar o logotipo da cidade, e arcar com os custos de distribuição das mensagens. 

 

Segundo o presidente da FNP, Jonas Donizette (PSB), prefeito de Campinas (SP), a falta de uma comunicação unificada sobre a prevenção da doença atrapalhou as cidades. “Percebemos que o Brasil teve um problema de comunicação na área da covid. Havia as orientações corretas, mas algumas autoridades destoaram disso. Os prefeitos falavam uma coisa, o governador, e teve esse confronto, especificamente com a figura do presidente (Jair Bolsonaro, sem partido). Isso causou uma desinformação para a população”, afirmou.

 

"Na verdade, se você lembrar, quase teve a aprovação de uma campanha que foi aquela ‘O Brasil não pode parar’, que era oposta a essa de que as pessoas devem ter cuidado”, disse o prefeito de Campinas.

 

A campanha que ele cita teve a veiculação proibida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, em ação proposta pela Rede Sustentabilidade. Ela chegou a se veiculada em canais oficiais do governo, mas foi retirada do ar antes da decisão com o argumento de que era uma campanha “experimental”.

 

A ação da FNP teve todo o material produzido pela ONG Vital Strategies, que tem atuação na área da saúde e está presente em 70 países. Os recursos que custearam o desenvolvimento das peças foram doados pela fundação Bloomberg. A Frente já havia firmado parceria com a ONG para outras ações voltadas à saúde pública, mas, diante da pandemia, os parceiros fizeram acordo para abordar o coronavírus. 

 

O diretor executivo da Vital Strategies no Brasil, Pedro de Paula, afirma que as peças usaram como base outras campanhas com resultado comprovado para chamar o cidadão a adotar uma ação específica. A medida, no caso, é ficar atento. 

 

“Como todas as melhores referências para pandemias dizem, precisamos de uma resposta coordenada, uníssona, clara, empática e transparente para ter mudança de comportamento em uma situação sem precedentes como essa”, afirmou. “Quando a mensagem envolve a família, você tem um engajamento maior e um potencial de mudança de comportamento maior.”

 

A ONG tinha expertise em elaborar campanhas para combater o tabagismo e a obesidade. Paula destaca a diferença de mensagens desses tipos de males para o enfrentamento à pandemia. “A chamada para ação nesse tipo de caso (covid-19) é muito menos uma mudança drástica de comportamento dos indivíduos e mais uma atenção para as reais fontes de informação. Você tem um problema muito sério de desinformação e de informações conflitantes nesse cenário de covid mundo afora, não só no Brasil. E o que a gente faz é engajar o cidadão a partir dessa mensagem que toca na família para ele se motivar.”

 

Como são peças pensadas para serem distribuídas em todo o País, o material da FNP tem detalhes para destacar as características de cada de região. “Uma imagem de uma família caminhando na Avenida Paulista tem pouco apelo para uma pessoa que está no Mercado dos Peixes de Fortaleza”, afirmou Paula. O material fica disponível em um site (cidadescontracovid19.org) para que cada prefeitura faça o download, insira o logotipo da própria cidade e divulgue a campanha.

 

A assessoria de imprensa do Ministério da Saúde negou que tenha faltado uma campanha nacional de prevenção ao coronavírus. O ministério informou que o governo federal fez uma campanha publicitária, que está dentro do site do ministério. Ainda segundo a pasta, a gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) é tripartite, com atribuições que Estados e municípios devem adotar.

 

Fonte: Estadão

Preço máximo para quitação das dívidas é de R$ 100; com isso, abatimentos nos valores variam entre 50% e 90% 

 

Em ação realizada em parceria com sete empresas, a Serasa, com o Serasa Limpa Nome, oferece descontos de até 90% em débitos que vão de R$ 200 a R$ 1 mil. 

 

Para poder ter acesso à ação, é preciso que a dívida esteja sob domínio de uma das empresas participantes. São elas: 

 

Ativos S.A. 

BMG 

Credysystem 

Kroton 

Tricard 

Recovery 

Santander

 

Para quem tiver uma negativação de R$ 1 mil, ao pagar R$ 100 na regularização, o desconto final seria de 90%. Este é o porcentual máximo que pode ser atingido nesta iniciativa. Se for uma conta de R$ 200, que é o valor mínimo para conseguir redução no valor da dívida, a queda seria de 50%. Este é o menor porcentual de desconto que pode ser alcançado. 

 

De acordo com a Serasa, cerca de 25 milhões de dívidas poderão ser renegociadas e quitadas por meio desta ação, que começou na quinta-feira, 30. A birô de crédito afirma, ainda, que cerca de nove milhões de brasileiros poderão ser beneficiados com os descontos promovidos pelo Serasa Limpa Nome. As renegociações estão disponíveis no site da entidade. Também é possível checar as dívidas no aplicativo, disponível para Android e iOS. 

 

As agências da Serasa estão fechadas, por conta da pandemia do novo coronavírus, causador da covid-19. Para quem preferir, é possível solicitar negociações pelo Whatsapp, por meio do número (11) 9 - 8870 - 7025. 

 

Fonte: Estadão

O que o MST está fazendo “para ajudar as famílias necessitadas nas periferias das cidades é um sinal do Reino de Deus que gera solidariedade e comunhão fraterna”

O papa Francisco agradeceu o Movimento Sem Terra (MST) por ter distribuído toneladas de alimentos às famílias pobres durante a pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), informou a agência de notícias católica Vatican News.

O texto foi enviado através do cardeal Michael Czerny, subsecretário da Seção de Migrantes do Dicastério do Desenvolvimento Humano Integral, por ocasião do Dia dos Trabalhadores Rurais, celebrado no dia 25 de julho, e elogiou o trabalho desenvolvido pelo grupo ao longo de 35 anos de existência.

Segundo o portal, o “apoio mútuo” é um dos valores do Movimento e isso foi reforçado nos tempos difíceis da crise sanitária com a ajuda às famílias mais vulneráveis. Por isso, Francisco quis agradecer a organização brasileira pelo “bonito gesto de distribuição”.

O que o MST está fazendo “para ajudar as famílias necessitadas nas periferias das cidades é um sinal do Reino de Deus que gera solidariedade e comunhão fraterna”. “A partilha produz vida, cria laços fraternos, transforma a sociedade. Desejamos que este gesto de vocês se multiplique e anime outras pessoas e grupos a fazerem o mesmo, pois ‘Deus ama a quem dá com alegria’”, escreveu o Pontífice na mensagem.

O líder católico termina o texto abençoando as famílias, pedindo que “o Espírito Santo vos proteja do vírus da Covid-19, vos dê coragem e esperança nesses tempos de isolamento social”.

Fonte: Rádio Peão Brasil

Meio século se passou desde que agentes da ditadura brasileira apareceram à porta da lenda musical Caetano Veloso e anunciaram: “É melhor você trazer a escova de dentes”. Depois de seis meses de detenção e confinamento ele se viu forçado a partir para o exílio. Acabou indo para Londres e passou dois anos e meio morando em Chelsea, West Kesington e Golders Green, onde, na sacristia de uma igreja local, ensaiou o que segue sendo seu mais celebrado disco, Transa. “Eu tinha estado em Londres apenas uma vez antes disso e não havia gostado. Achei a cidade arredia, distante”, Veloso recorda, durante uma rara entrevista de três horas para o jornal The Guardian. “Me senti muito deprimido com toda aquela situação”.

Cinquenta anos depois, o compositor, agora com 77 anos de idade, está novamente preocupado com a intolerância política que assola seu país – embora desta vez ele disponha de um assento na primeira fila para a turbulência, desde sua residência à beira-mar no Rio. De fato, o Brasil, que emergiu de duas décadas de ditadura na metade dos anos 80, é hoje governado por Jair Bolsonaro, um ex-paraquedista eleito democraticamente mas abertamente antidemocrático que encheu sua administração de militares e reverencia os generais que baniram artistas e intelectuais, como Veloso, do solo brasileiro. Em meses recentes, apoiadores fanáticos de Bolsonaro foram às ruas com cartazes exigindo o fechamento do Congresso e a volta do AI-5 (isto é, um decreto da era da ditadura que, entre outras coisas, tornou possível ao governo de então o exílio de Veloso), com Bolsonaro em pessoa presente em algumas dessas manifestações. “Um completo pesadelo. É pura loucura”, disse o músico sobre os fanáticos de direita exigindo o retorno da ditadura, com Bolsonaro no leme. “Ter um governo militar é horrível, e Bolsonaro é todo confuso, super incompetente. Seu governo não fez absolutamente nada”, Veloso observa. “O que o poder executivo brasileiro fez no desde que ele se tornou presidente? Nada! Não existe governo nenhum, apenas um monte de loucuras!”.

 

Caetano Veloso, à direita, e Gilberto Gil em Trafalgar Square durante o exílio de ambos em Londres. l Foto: Arquivo do Caetano.

O banimento de Veloso do país teve início em dezembro de 1968, quando ele tinha 26 anos de idade e sua carreira estava em ascensão. E o motivo foi algo surpreendentemente atual: fake news. Na sequência de um espetáculo no Rio com os roqueiros psicodélicos Os Mutantes, um locutor de rádio sensacionalista de direita acusou falsamente Veloso e seu parceiro Gilberto Gil de profanar a bandeira brasileira e usar palavrões na letra do hino nacional – atos inaceitáveis naquela que era a fase mais repressiva da ditadura. Ato contínuo, Caetano e Gil foram presos por dois meses, quando estiveram um breve período no regimento de paraquedistas, na zona oeste do Rio, onde o futuro presidente Bolsonaro ia servir apenas poucos anos mais tarde. Depois de mais quatro meses, eles se viram forçados a tomar um avião que os conduziu ao exílio. Fixaram-se então em Redesdale Street, Chelsea. “Levei um tempo pra começar a gostar de Londres”, diz Veloso, lembrando-se de seu novo lar de então. Mas sua melancolia pôde arrefecer-se um pouco com a oportunidade de ver um “dionisíaco” Mick Jagger pavonear-se no palco na Chalk Farm Roundhouse, assim como de assistir a John Lennon, Led Zeppelin e Herbie Hancock de perto. “Era quase como se eu estivesse noutro planeta, numa tribo diferente, numa cultura e modo de ser diferentes”, ele lembra.Ouça a música You Don’t Know Me, do disco Transa, gravado no exílio:

 

Apesar de todas as diferenças entre o presente democrático e o passado ditatorial brasileiros, há ecos perturbadores da experiência de exílio de Veloso no atual panorama político do Brasil. Então, os governos militares se apropriaram das cores verde e amarelo como seu símbolo patriótico, exatamente como os bolsonaristas fanáticos fazem agora, para o desespero dos brasileiros progressistas. Quando, na Copa do Mundo de 1970, Veloso e Gil enfeitaram sua casa londrina com bandeiras do Brasil, seus amigos se mostraram muito consternados, “porque parecia que nós estávamos apoiando a ditadura”. “Eu dizia: ‘Não, a ditadura não é o Brasil!’ Mas todos sabíamos que a ditadura era um sintoma do Brasil, uma expressão do Brasil, e isso era o que o Brasil estava sendo naquele momento, exatamente como ele está sendo um montão de coisas hoje que não são fáceis para nós de engolir”, Veloso diz. “Você não pode dizer que Bolsonaro não é o Brasil”, Veloso acrescenta. “Ele é muito parecido com muitos brasileiros que eu conheço. Ele é muito similar ao brasileiro médio. Na verdade, a habilidade dele e de seu bando de permanecerem no poder depende da ênfase que conseguirem dar a essa identificação com o brasileiro ‘normal’”.

Apesar de todo o apelo popular de Bolsonaro – as pesquisas sugerem que, a despeito de sua calamitosa resposta ao coranavírus, ele mantém o apoio de 30% dos brasileiros –, Veloso descreve sua administração como um desastre e um perigo para a democracia. “Há algo um tanto ridículo nisso – mas você sabe que as experiências europeias do século XX, na Itália e na Alemanha, nos ensinam que muitas coisas que parecem ridículas – e de fato são – podem na verdade também trazer trágicos resultados que duram por muito tempo para muitas pessoas”, pondera o artista, que tem usado seu prestígio em uma série de recentes iniciativas e manifestos que visam denunciar os ataques de Bolsonaro à educação, à cultura e ao meio ambiente.

Assim como outros populistas de direita nos Estados Unidos, na Hungria, na Polônia, no Reino Unido, Bolsonaro propôs “soluções suspeitosamente fáceis para problemas complexos”, Veloso diz. “‘Bolsonaro vai resolver tudo! Bolsonaro é a solução!’ … Eis por que ele conseguiu tantos votos!” Porém, Veloso sustenta que, desde que assumiu o poder em janeiro de 2019, Bolsonaro não realizou absolutamente nada. “O que temos visto tem sido mais sobre destruição”, ele diz. “Tudo que vem sendo feito na Amazônia tem sido para estimular o desmatamento, tudo que vem sendo feito na esfera cultural tem sido para desmantelar museus, grupos teatrais, as pessoas que fazem música e filmes”. Enquanto isso, quase 90 mil brasileiros perderam a vida para uma pandemia que os críticos acusam Bolsonaro de manejar catastroficamente, com a ajuda de um ministro da saúde interino que é um general da ativa do exército.

“É uma abominação! E o presidente se aferra a sua posição, mesmo quando ele próprio está infectado. Ele sequer comportou-se como Boris Johnson, que mudou de abordagem depois de ter-se infectado”, diz Veloso, que saiu de casa apenas uma vez desde que a epidemia começou – em razão do nascimento de seu neto, Benjamin.Veloso admitiu estar com medo de ficar doente e morrer por causa do Covid-19 e tem se abrigado em casa na companhia de sua esposa e filho, dos livros do filósofo italiano Domenico Losurdo e de filmes clássicos como os de Glauber Rocha, Hitchcock e Antonioni.

“Sou uma pessoa muito curiosa e não quero deixar de ver onde tudo isso vai dar: porque esse nó vai ter que desatar de algum modo”, ele diz, referindo-se ao atual imbróglio político no Brasil. Mas ele teme que os brasileiros “tenham que sofrer enormemente por causa de todos esses passos pra trás” sob Bolsonaro e vê o risco de a tensão política acabar se inflamando com “grande violência” entre, de um lado, o presidente e seus apoiadores mais devotos e, de outro, seus opositores. “Receio que essas pessoas não vão querer largar o poder tão facilmente”, ele diz acerca do bando ultrarreacionário de Bolsonaro.

Mas o músico, que continuou compondo ao longo de seus cinco meses de quarentena, diz haver também certa conveniência no pessimismo e, nesse sentido, insiste que ele, ao contrário, permanece “escandalosamente otimista” quanto ao futuro do Brasil. Talvez estar sujeito a “uma moléstia como Bolsonaro” seja o preço que o Brasil tenha que pagar para cumprir por fim seu enorme potencial.

Caetano Veloso se apresenta com Gilberto Gil na França em 2004. Foto: David Redfern/Redferns

Enquanto a jovem democracia brasileira enfrenta talvez seu maior teste desde que foi reconquistada há 35 anos, Veloso se agarra às memórias da infância no “doce Brasil” de Santo Amaro, uma cidade culturalmente rica do Nordeste, onde ele cresceu mergulhado nos costumes brasileiros, em patriotismo e tradição. “Se eu estivesse sentado em frente de um estrangeiro que demonstrasse interesse no Brasil, eu lhe diria: ‘O Brasil está aqui, bem aqui’”, diz o compositor, sorrindo.

“Nossas florestas, nossas canções, nossas peças de teatro e nossos filmes estão sendo ameaçados por este governo, e estão em vias de ser destruídos. Mas, como um dos membros do grupo que produz música popular, posso assegurar a você que nós estamos aqui – o Brasil está aqui”.

Fonte: Vermelho

Na segunda quinzena de junho, 62,4% das 2,8 milhões de empresas em funcionamento, perceberam os impactos negativos decorrentes da crise do novo coronavírus em suas atividades. São os dados da pesquisa Pulso Empresa, divulgados hoje (30) pelo IBGE.

 

O prejuízo é maior em empresas de pequeno porte, com até 49 funcionários – o maior contingente da amostra– em que 62,7% perceberam efeitos negativos; ante 46,3% das de porte intermediário, com até 499 funcionários, e 50,5% entre as de grande porte, com 500 funcionários ou mais.

A pandemia afetou 65,5% de 1,2 milhão de empresas de serviços, especialmente aqueles prestados às famílias (86,7%); e também 64,1% de 1,1 milhão de empresas do comércio em geral, com maior percepção de reflexos negativos no segmento de veículos, peças e motocicletas (74,9%). Na indústria, o impacto negativo foi percebido por 48,7% das 306 mil empresas; e, na construção, por 53,6% das 153 mil empresas do setor.

“Os serviços prestados às famílias incluem bares, restaurantes e hotéis, atividades que dependem de circulação de pessoas, turismo e viagens. Era de se esperar que essas atividades fossem mais impactadas. Já o segmento de veículos, peças e motocicletas também foi afetado pelo funcionamento parcial dos Detrans e das concessionárias, além da decisão de compra de um bem durável, que tem de ser bem pensada pelas famílias num momento de desemprego e de incertezas”, explica Flávio Magheli, coordenador de Pesquisas Conjunturais em Empresas do IBGE.

Entre as grandes regiões, o Nordeste é onde as empresas foram mais atingidas pela crise do novo coronavírus (72,1%), seguido por Sudeste (65%) e Centro-Oeste (62,9%).

Metade das empresas teve redução nas vendas

Para metade das empresas em atividade (50,7%), houve redução nas vendas, notadamente entre as de pequeno porte. Mas o impacto foi pequeno ou inexistente para 27,6% das empresas, percentual que chega a 41,2% das companhias de grande porte, as menos afetadas. E, para 21,4% das empresas, houve aumento de vendas na segunda quinzena de junho.

Os setores de comércio e de serviços foram os que reportaram maior queda nas vendas, especialmente o comércio de veículos, peças e motocicletas e o de serviços prestados às famílias, ambos com 62,2%.

43,1% das empresas relataram impacto negativo na fabricação ou atendimento

A maior parte das empresas (46,3%) relatou não ter havido impacto da Covid-19 sobre a fabricação dos produtos ou a capacidade de atendimento aos clientes. Este percentual chega a 51% entre as empresas de porte intermediário e a 55,2% entre as de grande porte. Mas 43,1% do total de empresas ainda relataram impacto negativo.

Também é maior o percentual de empresas (50,9%) que reportaram não ter havido alteração em relação ao acesso aos fornecedores de insumos, matérias-primas ou mercadorias; enquanto 40,9% relataram dificuldade de acesso. A maior dificuldade dá-se entre as empresas do segmento de comércio (51,4%).

A capacidade de realizar pagamentos de rotina durante a segunda quinzena de junho ainda é uma dificuldade relatada por 53,1% das pequenas empresas; mas 50% das de porte intermediário e 64,3% das de grande porte informaram não terem enfrentado essa dificuldade.

Quase oito em cada dez empresas (78,6%) reportaram não ter havido mudança no quadro de funcionários ao final da segunda quinzena de junho, em relação à quinzena anterior. Apenas 15% (411 mil empresas) informaram ter reduzido o número de funcionários. Desse total, a maior proporção de redução (61,8% ou 254 mil empresas) foi observada na faixa inferior a 25%.

Entre as medidas de reação adotadas para enfrentar a pandemia, a maior parte das empresas (86,1%) realizou campanhas de informação e prevenção e adotou medidas extras de higiene; 42,5% adotaram trabalho remoto para os funcionários; 28% anteciparam férias dos funcionários; 43,9% adiaram o pagamento de impostos; e 33,5% alteraram o método de entrega de produtos ou serviços, incluindo a mudança para serviços online.

Pesquisa Pulso Empresa reflete as percepções subjetivas das empresas em funcionamento

Os resultados da segunda rodada da Pesquisa Pulso Empresa refletem as percepções das empresas em funcionamento ao final da segunda quinzena de junho em comparação à primeira quinzena. A pesquisa acompanha a evolução de alguns dos principais efeitos da pandemia de Covid-19 na atividade das empresas não financeiras e faz parte das estatísticas experimentais do IBGE.

“A pesquisa não é quantitativa, e sim baseada na percepção das empresas, que é subjetiva e suportada por expectativas. A primeira edição da Pesquisa Pulso comparou as percepções das empresas na primeira quinzena de junho, em relação ao período anterior à pandemia e mostrou que a pandemia teve impacto predominantemente negativo”, esclarece Magheli.

Na segunda edição, as empresas percebem ainda um efeito negativo, que é disseminado por porte, atividade econômica e região. “Mas começamos a observar um maior percentual de empresas informando que o impacto negativo em relação à quinzena anterior é menor ou inexistente. De agora em diante, passaremos a acompanhar a evolução a partir de julho.”, esclarece Magheli.

Fonte: Carmen Nery (IBGE)

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