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O auxílio emergencial de R$ 600, pago pelo governo desde abril deste ano, devido ao isolamento social, manteve a economia ativa em municípios de menor renda e alta vulnerabilidade, conforme mostra um estudo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

 

Norte e Nordeste foram as regiões que tiveram maior impacto com o recebimento do auxílio. Os municípios das regiões Sul e Sudeste são os menos impactados relativamente , ou seja, como percentual do PIB.

 

“Se for olhar o impacto sobre o PIB ou sobre a massa de rendimentos das famílias, tem vários municípios de estados do Norte e do Nordeste que se beneficiam bastante, como o Pará e o Maranhão. No estudo, a gente apresenta uma relação desses estados, onde tem [lugar] que o impacto sobre o PIB do estado chega a ser mais de 8% e, em nível de município, tem alguns que chega a ter impacto de 27%”, explicou o professor de economia da UFPE, Ecio Costa, um dos responsáveis pelo estudo.

 

Para o pesquisador, o que mais chamou a atenção na pesquisa foi o saldo político do benefício, já que o dinheiro entra diretamente “nas famílias mais pobres das regiões mais pobres do Brasil” sem intermediários. Ou seja, é uma transferência de recursos direta para pessoas que precisam, quer sejam cadastrados no Bolsa Família, Cadastro Único e também os informais. Isso “traz realmente um impacto significativo tanto nas famílias mais pobres, como nos municípios que mais necessitam”, analisou Costa.

 

Com relação à utilização do dinheiro, o professor diz que a verba tem sido utilizada de forma bem pulverizada. “Em geral, as famílias gastam com alimentação, vestuário, pagamento de contas, compra de itens para a casa, de forma que teremos isso bem pulverizado. São milhões de pessoas recebendo esses recursos distribuídos ao longo do país como um todo, fazendo com que tenham a liberdade para gastar como bem entender”, finalizou.

 

Auxílio e reeleição

 

De olho na reeleição, Jair Bolsonaro, que capitalizou o saldo político do auxílio, embora o valor tenha sido decidido na Câmara, por pressão das centrais sindicais, estuda prorrogar o benefício.

 

Ainda que o presidente declare que, devido ao alto custo: “não dá pra continuar muito”, projeções internas do Palácio do Planalto mostraram que o auxílio teve efeito positivo nas regiões e faixas sociais onde o presidente sofre mais resistência. E, por isso, ele avalia estendê-lo pelo menos até outubro, segundo informou o jornal Folha de São Paulo nesta segunda (10). Ele também montou um cronograma de inaugurações pelo país até o final do ano e deverá lançar medidas de impacto social na tentativa de diminuir a rejeição nas classes D e E.

 

O plano do governo, por ora, é que o auxílio seja substituído por um projeto de lei que cria o Renda Brasil, uma reformulação do Bolsa Família que serviria como um substituto ao auxílio emergencial sobretudo para trabalhadores informais. Assim ele diferencia seu projeto do Bolsa Família, criado pelo PT.

 

Com informações de Agência Brasil e Folha de São Paulo

 

São eles quem colocam para girar as bicicletas dos entregadores por aplicativo, quando um pneu fura ou algum outro imprevisto acontece no dia a dia. Os mecânicos de rua surgiram espontaneamente para dar apoio aos garotos que carregam as bags nas costas para cima e para baixo. Na humildade, ganharam a confiança e o respeito daqueles que trabalham muito, ganham pouco e não têm grana para bancar consertos em bicicletarias chiques da capital paulista.

 

De forma geral, os reparos acontecem no chão das calçadas ou ao lado das ciclovias mais movimentadas. Dos sacos e caixas que levam consigo surgem ferramentas e apetrechos capazes de devolver ao trampo, em minutos, a bicicleta de um entregador que teve algum contratempo. E o melhor é que os consertos custam, em média, de R$ 5 a R$ 10, no mínimo três ou quatro vezes menos que em uma bicicletaria tradicional. Sai um valor razoável para quem precisa se matar para tirar R$ 30 por dia em longas jornadas de trabalho.

 

Todo entregador que passa pela rua Barão de Itapetininga, perto do Theatro Municipal, conhece bem a dupla formada por Philipe Matheus de Carvalho, 20, e Rodolfo Pereira da Silva, o Mineiro, 28 anos. Os dois dividem as ferramentas e o conhecimento para colocar para rodar o exército de caixinhas nas costas que circula pela região central. “Aqui é um ponto por onde todo mundo tem que passar, porque estamos na saída do viaduto do Chá”, afirma Carvalho, que já foi ambulante, trabalhou para aplicativos, mas decidiu se dedicar há seis meses à mecânica no calçadão. “Muito dinheiro não conta. Eu gosto mesmo é de mexer com bicicleta.”

 

Especialista em bikes motorizadas, o colega Mineiro ressalta que o espírito de camaradagem está acima da grana. Não são raras as vezes em que ele se coloca no lugar do outro e não cobra nada pelo reparo. “Teve um 'brother' que quebrou a corrente outro dia, às 23h. Ele morava na zona leste e não tinha dinheiro para ir embora de condução. Arrumei a bicicleta e ele conseguiu ir para casa, mesmo sem um real no bolso.”

 

Inventor cria próprias ferramentas

Tiago Assunção Amaro, 22 anos, salva as bikes dos seus colegas de bag e aplicativo durante a noite na região central. Além de trabalhar levando comida de lá para cá, ele também é mecânico e faz remendos e consertos em geral na calçada da avenida Ipiranga, quase na esquina com a São João, até as 2h, quando nenhuma bicicletaria está aberta.

 

“Só não faço coisa que não dá para fazer ali mesmo, como consertar o quadro da bicicleta. Mas estou tentando até montar uma máquina de solda para resolver isso”, diz.

 

A resposta expõe outro lado do entregador que também é mecânico. Ainda sem grana para comprar os equipamentos típicos de uma bicicletaria, Amaro arruma tempo para inventar suas próprias ferramentas com o que encontra pela rua. Foi assim que criou uma espécie de compressor para encher pneu, usando, entre outros, um extintor de incêndio. Também fez de uma mesa e de velhas câmaras de ar o suporte para suspender as bikes durante os reparos.

 

A paixão pelas bicicletas vem de pequeno. Sem grana para levar em bicicletarias, aprendeu a fazer os consertos por si mesmo. Agora, ajuda quem precisa e cobra barato ou quase nada. “Se o cara não tiver nada, faço na camaradagem. Tem aqueles que reconhecem e dão alguma moeda para comprar o material.”

 

Em média, Amaro faz de 10 a 20 remendos por dia. Durante o carnaval, o movimento aumenta bastante. “O pessoal quebra muita garrafa na rua e o que mais tem é pneu furado”, diz.

 

Ajuda no orçamento

Já faz pouco mais de um ano que Aroldo Fernandes dos Santos, 65 anos, conserta bicicletas dos entregadores na avenida Brigadeiro Faria Lima, perto do largo da Batata (zona oeste). Para ele, é uma “ajudinha” no orçamento e também uma distração.

 

“Eu não tenho preço. Eles vêm aqui e, se tiver condições, eu arrumo. Eles ajudam com R$ 5, R$ 6”, conta. “Agora, se vem um desses [ciclistas] de fim de semana, por R$ 30 ou R$ 40 eu não conserto o pneu deles. Ele estão passeando, com bicicletona de R$ 15 mil. Mas também eles só param aqui quando estão com a corda no pescoço e não sabem o que fazer”, completa.

 

Depois de 26 anos na prisão, Santos passou a valorizar cada dia fora das grades e a bike o ajuda nisso. “Qualquer lugarzinho onde você falar que tem liberdade, lá eu estou. A bicicleta me dá a liberdade para não sofrer.”

 

Santos conta que é viciado em bikes desde pequeno e que costuma fazer longas viagens pedalando. Ele gasta, por exemplo, um mês para chegar em Lages (SC), onde vive a sua família.

 

A bike que leva Santos para outros estados não tem marca ou peças que despertem a curiosidade. Mas leva consigo, em detalhe, um crucifixo pendurado no guidão. “Essa aqui é meu ‘urbe’ [Uber]. Eu não ando sem ela, não sei ficar sem uma bicicleta. Vou aonde eu quero.”

 

O entregador Erik Felipe da Silva, 29 anos, não consegue imaginar como seria sua rotina sem a dupla da rua Barão de Itapetininga. “Minha bikezinha iria parar. Sem meu mecânico, eu não trabalho. Uma hora ou outra, sempre dá manutenção”, diz.

 

Silva era ajudante de cozinha até março e agora é mais um entre tantos que sofreram com a crise provocada pelo coronavírus. “Na pandemia, o restaurante não está vendendo e tive que vir para a rua. Chego de manhã e saio à noite.”

 

A grana, claro, é sempre curta e não há tempo a desperdiçar. Por isso, ele conta com a agilidade dos mecânicos de rua para não perder entregas e se manter sempre online. “Você coloca a bike hoje na bicicletaria para pegar só amanhã. Daí o dia não rende. Aqui, ele bota para rodar na mesma hora.”

 

Silva também tem consigo a confiança dos mecânicos, em uma relação que permite o fiado. “Aqui é na palavra”, diz o entregador.

 

Bicicletarias fora do itinerário

Se entre os companheiros de rua a camaradagem é a regra, o mesmo os entregadores não dizem sobre as bicicletarias em bairros ricos. Quem roda com a caixa nas costas afirma que é muito caro fazer reparos na zona oeste e na região central da capital paulista, por isso a importância dos mecânicos de rua.

 

“Eles preferem mexer em bike cara”, diz Gabriel Rosa Novaes Santos, 18. “Mesmo com dinheiro, às vezes, eles não pegam”, conta. Freio, cabos das marchas, catracas e pedivelas costumam se desgastar rapidamente nas longas jornadas diárias. Fora os furos, frequentes.

 

Para rodar pela cidade, Santos gastou cerca de R$ 800 em melhorias na bike. Um dos investimentos feitos por ele foi na pintura, originalmente verde, como mostra o descascado. Gastou R$ 15 em uma lata de spray para deixar o quadro preto. “Aqui é Corinthians”, diz o morador de Itaquera (zona leste), com a camisa do Timão.

 

Fonte: Agora SP

O número de pessoas ocupadas no Brasil teve redução recorde de 9,6% no trimestre encerrado em junho, frente ao trimestre anterior: a queda foi de 8,9 milhões de ocupados. Com isso, a taxa de desocupação subiu para 13,3%, uma alta de 1,1 ponto percentual (p.p.) frente ao trimestre encerrado em março. Já o número de desocupados apresentou estabilidade e foi estimado em 12,8 milhões. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo IBGE.

 

A analista da pesquisa, Adriana Beringuy, explica que mesmo com o cenário de estabilidade entre a população desocupada, a taxa de desemprego subiu por causa da redução da força de trabalho, que soma as pessoas ocupadas e desocupadas. “Essa taxa é fruto de um percentual de desocupados dentro da força de trabalho. Então como a força de trabalho sofreu uma queda recorde de 8,5% em função da redução no número de ocupados, a taxa cresce percentualmente mesmo diante da estabilidade da população desocupada”, explica.

 

Comércio perde 2,1 milhões de ocupados

 

Todos os grupamentos de atividade analisados pela pesquisa sofreram queda em relação ao número de ocupados. O comércio foi o setor mais atingido: 2,1 milhões de pessoas perderam suas vagas no mercado de trabalho, uma redução de 12,3% em relação ao último trimestre. Já o contingente de ocupados na construção teve uma redução de 16,6%, o que representa menos 1,1 milhão de pessoas trabalhando no setor. Outra perda considerável foi na categoria de serviços domésticos, em que os ocupados foram reduzidos em 21,1% frente ao trimestre encerrado em março. São 1,3 milhão de pessoas a menos nesse grupamento de atividades.

 

O contingente de pessoas ocupadas na categoria Alojamento e alimentação também teve redução de 1,3 milhão de pessoas (-25,2%).

 

Desalentados chegam a 5,7 milhões de pessoas, maior contingente da série histórica

 

Nesse segundo trimestre, 5,2 milhões de pessoas entraram na força de trabalho potencial, que soma as pessoas em idade de trabalhar que não estavam nem ocupadas nem desocupadas, mas que possuíam potencial para estarem na força de trabalho. Agora esse grupo soma 13,5 milhões de pessoas. Entre eles estão os desalentados, grupo de pessoas que não buscaram trabalho, mas que gostariam de conseguir uma vaga e estavam disponíveis para trabalhar. Eles foram estimados em 5,7 milhões de pessoas no trimestre encerrado em junho. É o maior número desde o início da série histórica da pesquisa, em 2012. Em relação ao último trimestre, houve um acréscimo de 19,1%, o que representa 913 mil pessoas a mais nessa situação.

 

“É um crescimento recorde tanto na comparação trimestral quanto na anual. Há um aumento da força potencial de pessoas que apesar de não estarem procurando trabalho, elas até gostariam e quando a gente observa internamente as razões por essa não procura por trabalho, um grande contingente alega motivos ligados à pandemia”, afirma Beringuy.

 

Postos de carteira assinada atingem o menor patamar da série histórica

 

A categoria dos empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada foi estimada em 8,6 milhões de pessoas, uma queda de 2,4 milhões em relação ao último trimestre. Já contingente de trabalhadores por conta própria teve uma queda de 10,3% e agora chega a 21,7 milhões de pessoas. São menos 2,5 milhões de pessoas nessa categoria.

 

A pesquisadora explica que essas categorias fazem parte do grupo de trabalhadores informais, que ainda inclui, por exemplo, os empregadores sem CNPJ. “Da queda de 8,9 milhões da população ocupada, 6 milhões eram de ocupados informais, ou seja, a queda na informalidade ainda responde por 68% da queda da ocupação”, explica a analista da pesquisa.

 

Já a categoria de trabalhadores do setor privado com carteira assinada perdeu 2,9 milhões de pessoas (-8,9%). Agora o grupo soma 30,2 milhões de pessoas empregadas.

 

“Isso faz com que a gente chegue ao menor contingente de trabalhador com carteira assinada na série histórica e mostra que essa queda na ocupação está bem disseminada por todas as formas de inserção, seja o trabalhador formalizado, seja o não formalizado”, analisa.

 

Massa de rendimento tem retração de R$ 12 bilhões

 

O rendimento médio habitual aumentou 4,6% no trimestre encerrado em junho, chegando a R$2.500, o maior desde o início da série histórica. Já a massa de rendimento real teve redução de 5,6%, ou seja, uma perda de R$ 12 bilhões.

 

“No segundo trimestre, com uma redução importante da população ocupada, a maior parte dessa redução vem dos trabalhadores informais, que são os de menor rendimento. Isso faz com que a média do rendimento acabe aumentando. Com relação à massa de rendimento, por mais que o rendimento médio aumente, sempre acaba pesando mais essa redução bastante forte da população ocupada”, conclui.

 

Fonte: Agência IBGE

O número de pessoas que estava temporariamente afastadas do trabalho devido ao distanciamento social caiu pela oitava semana seguida. De 7 milhões na segunda semana de julho, passou para 6,2 milhões na terceira semana, segundo a PNAD COVID19 semanal, divulgada na sexta-feira (7) pelo IBGE. No início de maio, quando a pesquisa começou, 16,6 milhões haviam sido afastados por conta do isolamento. Com isso, cerca de 10,4 milhões retornaram ao trabalho.

“Como o total de pessoas não afastadas do trabalho aumentou na terceira semana de julho, isso indica que a maioria das pessoas que estavam afastadas pelo distanciamento voltaram para o trabalho que tinham antes da pandemia”, explicou a coordenadora da pesquisa, Maria Lúcia Vieira.

Já o grupo de pessoas que alega motivo diferente do distanciamento social para estar afastado do trabalho ficou estatisticamente estável, em 3,1 milhões. “Esses trabalhadores podem estar afastados por outros motivos, como licença para tratamento de doença e licença maternidade, por exemplo”, disse Maria Lúcia, observando que um total de 9,3 milhões estavam afastados do trabalho na terceira semana de julho.

Também ficou estável o número de pessoas que trabalhavam de forma remota (8,2 milhões) na terceira semana de junho. Esse grupo diminuiu, pela primeira vez, na semana anterior. No início de maio, 8,7 milhões estavam trabalhando de casa.

O grupo de pessoas que gostaria de trabalhar, mas não procurou emprego devido à pandemia ou por falta de trabalho na localidade em que vive ficou em 18,6 milhões.

A pesquisa também mostra que a taxa de informalidade recuou para 32,5% na terceira semana de julho, frente a anterior. Isso corresponde a 26,6 milhões de pessoas. No início de maio, 29,9 milhões (35,7%) estavam na informalidade.

Entre os informais estão os empregados do setor privado sem carteira; trabalhadores domésticos sem carteira; empregadores que não contribuem para o INSS; trabalhadores por conta própria que não contribuem para o INSS; e trabalhadores não remunerados em ajuda a morador do domicílio ou parente.

A taxa de desocupação ficou em 13,1%, atingindo 12,3 milhões de pessoas sem trabalho. A ocupação pouco variou na terceira semana de julho, em relação à anterior, somando 81,8 milhões de pessoas, mas esse número é menor que o da primeira semana de maio (83,9 milhões). Menos da metade da população (48,0%) estava trabalhando na terceira semana de julho.

2,8 milhões com sintomas buscaram atendimento médico no SUS

Cerca de 13,8 milhões de pessoas se queixaram de algum dos sintomas de síndrome gripal, mas somente 3,3 milhões buscaram atendimento médico, a maioria (2,8 milhões) em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) na terceira semana de julho. Desse total, 135 mil ficaram internados em algum hospital. No início de maio, quando a PNAD COVID19 começou, 26,8 milhões relataram algum sintoma.

Dor de cabeça foi a queixa mais recorrente (6,3 milhões) na terceira semana de julho, seguida por nariz entupido ou escorrendo (5,2 milhões), tosse (4,5 milhões), dor muscular (3,8 milhões), dor de garganta (3,8 milhões), fadiga (2,5 milhões), perda de cheiro ou de sabor (1,7 milhão), dificuldade de respirar (1,7 milhão) e dor nos olhos (1,4 milhão).

Entre as 3,3 milhões de pessoas que tiveram algum desses sintomas, 44,6% disseram ter buscado atendimento médico em postos de saúde públicos, 22,4% em prontos-socorros e outros 18,1% em hospitais do SUS. Já na rede privada, 9,3% procuraram ambulatório ou consultório privado ou ligado às forças armadas, 5,9% foram para prontos-socorros privados e 10,8% para hospitais privados.

No mesmo período, 76,6% afirmaram ao IBGE não terem procurado nenhum estabelecimento de saúde. Já 59,1% disseram tomaram remédio por conta própria. Outros 13,9% tomaram medicamento com orientação médica. Além disso, 4,3% ligaram para algum profissional de saúde e 2,5% receberam visita de algum profissional de saúde do SUS.

A PNAD COVID19 é uma versão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), realizada com apoio do Ministério da Saúde, para identificar os impactos da pandemia no mercado de trabalho e para quantificar as pessoas com sintomas associados à síndrome gripal. O IBGE faz divulgações semanais e uma mensal da pesquisa, que se enquadra como um dos produtos das Estatísticas Experimentais.

STJ não autoriza revisar aposentadoria concedida há mais de dez anos

 

Cada vez mais tornam-se escassas as possibilidades de o segurado do INSS reclamar dos erros cometidos pela própria autarquia.

 

Dez anos após a concessão do benefício é a tolerância via de regra para o erro ser consertado: na Justiça ou por meio de processo administrativo. Parece muito, mas não é. A população, de forma geral, não conhece as regras do jogo. Até porque toda hora essas regras mudam.

 

E o funcionário da agência da Previdência, que detém o conhecimento técnico e o papel de orientar o trabalhador, nem sempre desenvolve seu ofício a contento.

 

Um documento importante a ser juntado, uma diligência útil por fazer, o uso das testemunhas, o momento adequado para o requerimento ou mesmo a dica do melhor tipo de benefício ou metodologia de cálculo são algumas das valiosas recomendações prestadas pelo servidor público.

 

O Agora publicou uma reportagem sobre a decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça), no Tema 975, que tornou improrrogável o prazo de dez anos para reanálise da concessão, ainda que o trabalhador tenha sido penalizado pelo erro de quem justamente deveria instruí-lo.

 

A Corte retratou-se do seu histórico entendimento de poder reclamar além do prazo de dez anos. E, com isso, a súmula nº 81 da TNU (Turma Nacional de Uniformização), que autorizava a revisão extemporânea, deverá ser cancelada.

 

Aumenta a responsabilidade do trabalhador com os atos praticados pelo INSS. O problema é que, na cabeça de muitos segurados, leigos ou analfabetos, as palavras proferidas e atos praticados pelos representantes do INSS são indiscutíveis.

 

Essa credulidade com elevada dose de boa-fé, aliada a essa infeliz orientação do STJ, permitirá que quem cometeu o erro se beneficie da própria torpeza. Se não houver fiscalização nos dez anos pós-benefício, o erro cristalizará numa renda de menor valor.

 

Fonte: Agora SP

Na sexta-feira (07), a união das centrais sindicais promoveu um ato em solidariedade às vítimas do Covid-19, sejam as quase 100 mil pessoas que perderam a vida para essa enfermidade, os comerciantes que da noite para o dia foram obrigados a fechar as portas dos seus estabelecimentos ou os milhares de trabalhadores e trabalhadoras que perderam o emprego durante a pandemia.

 

Batizado como Dia de Luto, quase 100 mil mortos e Dia de Luta, em defesa da Vida e do Emprego, a ação contou com a participação da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Força Sindical, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Nova Central, Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB), Central Geral dos Trabalhadores (CGTB), Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), entre outras.

 

“Estamos aqui para propor o debate e um momento de paz, pois quase 100 mil vidas já foram perdidas, entre homens, mulheres, negros, ricos, pobres, indígenas. É muito importante valorizar a vida, é o que estamos fazendo aqui hoje”, explicou Ricardo Patah, presidente nacional da UGT e do Sindicato dos Comerciários de SP.

 

Ricardo ressaltou que a sociedade precisa compreender o momento grave que estamos vivendo, pois milhões de pessoas estão desempregadas ou desalentadas. “Quando temos um presidente que não valoriza a vida, não valoriza o emprego, nós temos que ter um povo que precisa dar um basta a essa situação grave que estamos vivendo”.

O Sindicato dos Comerciários de São Paulo e o Sindicato dos Motoboys, duas categorias que se apresentaram na linha de frente do combate ao Covid-19 e filiadas a UGT, participaram do ato realizando uma caminhada pela Rua 25 de Março,  maior centro popular de compras da capital paulista, encerrando a manifestação na Praça da Sé, marco zero da cidade e palco histórico da luta popular contra a ditadura militar que assolou o Brasil de 1964 a 1985.

 

Na catedral aconteceu um ato ecumênico com a presença do padre Júlio Lancelotti, que coordena a Pastoral do Povo de Rua. Padre Júlio fez uma oração em memória aqueles que perderam a vida para o Cornavírus e ressaltou que é uma vergonha o Brasil ter uma política que não protege os povos indígenas, os quilombolas, os moradores de rua e as florestas, dando prioridades as ações que matam ou que destroem.

 

Patah, lembrou que a UGT, juntamente com as demais centrais sindicais, sindicatos da saúde e movimentos sociais denunciaram o governo Bolsonaro no Tribunal Penal Internacional, acusando o presidente brasileiro de omissão e descaso diante da pandemia.

 

O ato iniciou ainda na madrugada com diversas assembleias de trabalhadores, entre elas o Sindicato dos Motoristas e trabalhadores em Transporte Urbano de São Paulo, que realizou ato em diversas garagens de ônibus da capital.

 

“As assembleias foram rápidas, mas serviram para alertar os companheiros motoristas e cobradores que apesar da flexibilização com abertura dos comércios, ainda estamos vivendo a pandeia e o Sindicato está preocupado, pois até o momento 60 trabalhadores do sistema de transporte já perderam a vida para o Covid-19”, explicou  Francisco Xavier da Silva Filho (Chiquinho), secretário-geral do Sindicato dos Motoristas.

 

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Entrega de lajes corporativas, se ocorrer, tende a reduzir renda com aluguel

 

O custo de manter um funcionário em um escritório de alto padrão de São Paulo pode chegar a R$ 2.000 por mês. Com essa conta em mente e cinco meses bem-sucedidos de home office depois, empresas começam a planejar trabalho remoto permanente e falam em devolver áreas locadas.

 

O que parece ser apenas uma decisão de trabalho poderá ter reflexo também sobre investimentos: fundos imobiliários investem nessas lajes corporativas.

 

 

O caso mais emblemático talvez seja o da XP, que já anunciou home office permanente e a construção de uma nova sede em São Carlos. Hoje a empresa ocupa seis andares do SP Corporate Towers, na avenida Juscelino Kubitschek, a área expandida do centro financeiro de São Paulo.

 

A corretora não é a única entre as instituições financeiras que estão nessa aparente contradição entre vender fundos imobiliários e fazer um movimento contra que pode jogar contra o investimento: outros dois exemplos são o Itaú, que afirmou ter um plano de devolver prédios alugados e concentrar o trabalho presencial em áreas próprias, enquanto o Santander tenta reduzir o valor dos aluguéis que paga em parte de suas agências, criando uma briga com o gestor do fundo imobiliário proprietário dos imóveis.

 

Especialistas do setor são bastante cautelosos sobre o impacto dessas medidas no longo prazo e dizem que o reflexo muda de acordo com o perfil do fundo.

 

Escritórios têm destino mais incerto, galpões logísticos têm futuro promissor com a expansão do ecommerce e shoppings poderiam se recuperar no longo prazo, já que são bem localizados.

 

“Todo mundo está falando que vai entregar escritório, devolver metade do andar. Não sei se vai acontecer, porque é uma mudança cultural”, afirma o professor de finanças do Insper Ricardo Rocha.

 

Um texto da revista The Economist publicado no final de abril lembrou uma carta escrita em 1822 por um funcionário de um dos primeiros escritórios do mundo, que pertencia a East India Company, em Londres.

 

“Você não sabe como é cansativo”, escreveu Charles Lamb, de acordo com a revista. “Respirar o ar de quatro paredes fechadas, sem alívio, dia após dia, todas as horas douradas do dia entre dez e quatro”, continua o texto.

 

O que realmente mudou na rotina entre 1822 e 2020 é que a jornada de trabalho não é limitada a seis horas por dia —com sorte, ela será de oito horas. E não fosse a pandemia, esta reportagem teria sido escrita entre quatro paredes fechadas como as de mais de dois séculos atrás.

 

Por isso, Rocha é cauteloso em prever um esvaziamento das lajes corporativas.

 

“É precipitado falar que as lajes vão ficar vazias. Com que velocidade vai ser essa mudança?”, questiona.

O que especialistas esperam, sim, ao menos no curto prazo, é uma redução no custo do aluguel, o que pode ter impacto direto sobre o pagamento de dividendos dos fundos imobiliários.

 

Essa classe de ativos entrou em franca expansão no país à medida em que a taxa básica de juros caia. Ao fim de junho, flertava com o primeiro milhão de investidores pessoa física.

 

Um dos grandes chamarizes desse investimento foi a criação do pagamento mensal de dividendos, uma forma de emular o aluguel recebido por que compra imóvel para viver de renda.

 

Quando o juro era de 14% ano ano, não fazia muito sentido contar com o aluguel de cerca de 0,5% do valor do ativo por mês. Muito diferente do cenário atual, de juro a 2% ao ano (ou 0,17% ao mês).

 

O problema seria deixar secar esse aluguel mensal do fundo, com a vacância do imóvel, ou reduzir demais o valor do dividendo com a renegociação dos aluguéis para descontos muito agressivos.

 

Giancarlo Gentiluomo, especialista em fundos da XP, afirma que pouco antes da pandemia o cenário era de retomada do poder de barganha para o locador, um reflexo da escassez de imóveis de alto padrão (triplo A, no jargão do mercado) após anos de baixo índice de construção e alguns anos de retomada da economia, ainda que de maneira lenta. A sinalização era, portanto, de aumento nos dividendos.

 

“O cenário é nebuloso, não se tem clareza para saber por quanto tempo volta o poder de barganha para a mão do locatário”, afirma.

 

Mas ele aponta ainda para um viés otimista, em linha com a XP, que é uma grande distribuidora de fundos imobiliários.

 

“A despeito de algumas empresas serem mais agressivas [para baixar aluguel], pode começar movimento de busca por imóveis com padrão de excelência e localização privilegiada”, afirma.

 

Alberto Ajzental, coordenador do curso de Desenvolvimento de Negócios Imobiliários da FGV, tem uma percepção semelhante. É dele a estimativa de custo de R$ 2.000 por funcionário.

 

“Eu já vivi Faria Lima a R$ 140, R$ 150 o metro quadrado [do aluguel]. Já vivi R$ 240 e já vi R$ 150 virar R$ 80. Num momento como esse, tem gente que, de forma aspiracional, vai alugar na Faria Lima. Tem uma movimentação, uma migração de mercado, quando os valores caem”, afirma.

 

Fonte: Folha de SP

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