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Cerca de três milhões de pessoas ficaram sem trabalho nos últimos quatro meses de pandemia, mostra a edição semanal da PNAD COVID19, divulgada na sexta-feira (14) pelo IBGE. A taxa de desocupação chegou a 13,7% na quarta semana de julho, atingindo 12,9 milhões de pessoas. Na primeira semana de maio, quando a pesquisa teve início, 9,8 milhões estavam sem trabalho.



“Comparando com o início da pesquisa, o saldo da nossa investigação é que a população ocupada está menor, em 2,9 milhões de pessoas. A população desocupada está maior, pouco mais de 3 milhões de pessoas. E a taxa de desocupação também está maior em 3,2 pontos percentuais. Isso num contexto em que a população informal vem caindo também”, explicou a coordenadora da pesquisa, Maria Lúcia Vieira.

 

Maria Lúcia observa que todos os indicadores sobre o mercado de trabalho ficaram estatisticamente estáveis na quarta semana de julho, quando comparados à semana anterior. O número de pessoas que estavam temporariamente afastadas do trabalho devido ao distanciamento social somou 5,8 milhões, após cair na semana anterior. No início de maio, por conta do isolamento, 16,6 milhões haviam sido afastados do trabalho que tinham.

 

O grupo de pessoas que alegam motivo diferente do distanciamento social para estar afastado do trabalho também não mudou, ficando em 3,0 milhões. Ficou estável, ainda, o contingente que trabalhava de forma remota (8,3 milhões) na quarta semana de julho. No início da pesquisa, 8,6 milhões estavam trabalhando de casa. Já o grupo de pessoas que gostaria de trabalhar, mas não procurou emprego, devido à pandemia ou por falta de trabalho na localidade em que vive, ficou em 18,5 milhões.

 

Somente a proxy da taxa de informalidade (33,5%) subiu na comparação com a terceira semana de julho (32,5%). Isso representava 27,2 milhões de pessoas na informalidade, cerca de 2,7 milhões a menos do que o contingente do início de maio (29,9 milhões).

 

“Vimos na divulgação da semana passada que essa população tinha caído. É uma força de trabalho que oscila bastante nessas comparações curtas. As pessoas entram e saem da força de trabalho com muita facilidade. Com mais facilidade que a população ocupada, que é formalizada”, disse a coordenadora da pesquisa.

 

Entre os informais estão os empregados do setor privado sem carteira; trabalhadores domésticos sem carteira; empregadores que não contribuem para o INSS; trabalhadores por conta própria que não contribuem para o INSS; e trabalhadores não remunerados em ajuda a morador do domicílio ou parente.

 

14,5% dos que procuraram atendimento em hospitais ficaram internados

 

A PNAD COVID19 também mostra que, dos 13,3 milhões de pessoas que se queixaram de algum dos sintomas de síndrome gripal, 3,3 milhões buscaram atendimento médico na quarta semana de julho. Desse total, 159 mil (14,5%) ficaram internadas em algum hospital. No início de maio, quando a pesquisa começou, 26,8 milhões relataram algum sintoma.

 

Dor de cabeça foi a queixa mais recorrente (6,0 milhões) na quarta semana de julho, seguida por nariz entupido ou escorrendo (5,2 milhões), tosse (4,7 milhões), dor muscular (3,4 milhões), dor de garganta (3,8 milhões), fadiga (2,3 milhões), perda de cheiro ou de sabor (1,8 milhão), dificuldade de respirar (1,7 milhão) e dor nos olhos (1,4 milhão).

 

Entre os 3,3 milhões de pessoas que tiveram algum desses sintomas e buscaram atendimento, 42,2% disseram ter buscado atendimento médico em postos de saúde públicos, 20,2% em prontos-socorros e outros 19,9% em hospitais do SUS. Já na rede privada, 7,3% procuraram ambulatório ou consultório privado ou ligado às forças armadas, 3,7% foram para prontos-socorros privados e 13,7% para hospitais privados.

 

No mesmo período, 75,7% afirmaram ao IBGE não terem procurado nenhum estabelecimento de saúde. Já 58,9% disseram ter tomado remédio por conta própria. Outros 10,8% tomaram medicamento com orientação médica. Além disso, 3,2% ligaram para algum profissional de saúde e 3,1% receberam visita de algum profissional de saúde do SUS.

 

A PNAD COVID19 é uma versão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), realizada com apoio do Ministério da Saúde, para identificar os impactos da pandemia no mercado de trabalho e para quantificar as pessoas com sintomas associados à síndrome gripal. O IBGE faz divulgações semanais e uma mensal da pesquisa, que se enquadra como um dos produtos das Estatísticas Experimentais.

 

Fonte: IBGE

Em vídeo, homem diz que entregador tem ‘inveja’ de cor branca e de moradores do condomínio de luxo

 

Um morador de um condomínio de luxo foi flagrado humilhando um entregador de aplicativo e xingando-o com ofensas racistas. O vídeo, que circulou amplamente nas redes sociais nesta sexta-feira 07, mostra o homem dizendo que o trabalhador tem “inveja” dos moradores do condomínio e de sua cor branca.

 

 

O caso aconteceu na cidade da Valinhos, interior de São Paulo, e repercutiu após a mãe do entregador publicar um desabafo nas redes sociais. “Resolvi postar o vídeo, isso é racismo e é crime. Esse entregador é meu filho, um trabalhador honesto e não precisa sentir ou ter inveja de um escroto como esse”, escreveu.

 
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No vídeo, o homem de azul aparece nos primeiros segundos falando “seu lixo”, o que dá a entender que a discussão já tinha começado antes. “Aqui não vai acontecer nada. Com esse funcionário também não vai acontecer nada. Morô? Você entendeu?”, diz. Logo depois, o motoboy afirma que estava “aguardando a viatura”.

A sequência de ofensas continua:”Quanto você tira por mês? Dois mil? Três mil [sic] real? Isso é inveja da gente, você tem inveja disso aqui, [sic] fio, você tem inveja dessas famílias, disso aqui [diz o homem enquanto mostra seu braço branco]”.

O vídeo correu grupos de entregadores, que amplificaram o caso. Emerson Osasco, do movimento Torcidas Antifascistas, foi um dos que compartilharam o vídeo nas redes.

 

 

Segundo o portal G1, o caso aconteceu no dia 31 de julho, e um vizinho foi responsável por gravar o vídeo. O entregador chamou a Guarda Municipal, que levou os envolvidos para a Delegacia de Valinhos, onde a vítima registrou um boletim de ocorrência. Segundo o motoboy, as ofensas começaram por um problema na entrega.

“Teve um momento que ele cuspiu em mim, jogou a nota no chão e disse que eu era lixo. Na frente da polícia, ele continuou com as agressões, me chamou de favelado”, disse a vítima, que não quis se identificar.

A Delegacia informou que, devido a repercussão do vídeo, irá realizar uma coletiva de imprensa às 16h desta sexta-feora 07 para dar mais informações sobre o caso.

 

Fonte: Carta Capital

A defesa do acusado vai pedir a nulidade do processo ‘pelo crime de racismo e evidente parcialidade da juíza’

 

A juíza Inês Marchalek Zarpelon, da 1ª Vara Criminal da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba (PR), proferiu uma sentença atrelando a raça de um suspeito a possíveis crimes de furtos e organização criminosa. Natan Vieira da Paz, de 48 anos, foi condenado a 14 anos e 2 meses de prisão, mas sua defesa quer anular a processo por causa de racismo.

 

 

Em um trecho da sentença condenatória, Zarpelon destaca: ““Sobre sua conduta social nada se sabe. Seguramente integrante do grupo criminoso, em razão da sua raça, agia de forma extremamente discreta os delitos e o seu comportamento, juntamente com os demais, causavam o desassossego e a desesperança da população, pelo que deve ser valorada negativamente”.

 
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Além de Vieira da Paz, outros oito suspeitos foram julgados e condenados no mesmo caso pela juíza.

A suspeita é de que o grupo integre uma organização criminosa que, entre os meses de janeiro de 2016 e julho de 2018, praticou furtos e “saidinhas” de banco nas praças Carlos Gomes, Rui Barbosa e Tiradentes, na região central de Curitiba (PR).

Eles teriam furtado mochilas, bolsas, carteiras e celulares.

A advogada de defesa de Vieira da Paz, Thayse Pozzobon, afirmou à reportagem de CartaCapital que pedirá a nulidade da sentença “pelo crime de racismo e evidente parcialidade da juíza”.

 

“Vou solicitar a nulidade às comissões de Igualdade Racial e Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil e também recorrer ao Conselho Nacional de Justiça e à Corregedoria”, afirmou.

“Independentemente do que está sendo apurado no processo, ela não tem o direito de avaliar a raça dele. Trata-se de um crime patrimonial e a lei deve se ater a isso. O que as circunstâncias de integrar uma organização criminosa ou praticar crimes têm a ver com a raça dele?”, questiona a advogada.

“Isso revela seu olhar parcial e um racismo latente que ainda temos que conviver em pleno século XXI”, criticou.

 

Pozzobon também mencionou o caso em um post em suas redes sociais, onde afirma que um julgamento que parte desta ótica está “maculado”.

“Um julgamento que parte dessa ótica está maculado. Fere não apenas meu cliente, como toda a sociedade brasileira. O Poder Judiciário tem o dever de não somente aplicar a lei, mas também, através de seus julgados, reduzir as desigualdades sociais e raciais. Ou seja, atenuar as injustiças, mas jamais produzi-las como fez a magistrada ao associar a cor da pele ao tipo penal”, avaliou.

O Tribunal Pará noticiou a prisão de Vieira da Paz em fevereiro de 2019, bem como de outros suspeitos de praticar o crime do “cavalo louco” em Curitiba, que é o furto na saída de agências bancárias.

Segundo a advogada de defesa, no momento, ele se encontra respondendo ao crime em liberdade pelo excesso de tempo de julgamento do crime.

Motoboy humilhado

Na semana passada, o entregador de aplicativo Matheus Pires Barbosa foi humilhado com injúrias racistas por um morador de um condomínio em Valinhos, interior de São Paulo, ao efetuar uma entrega. No vídeo que circulou nas redes sociais, é possível ver Mateus Almeida Prado, o morador, dizendo a Barbosa que ele tem “inveja” dos moradores do condomínio e de sua cor branca.


A defesa do motoboy apresentou, na segunda-feira 10, uma representação criminal por injúria racial contra o homem. De acordo com o advogado Márcio Santos Abreu, a defesa de Barbosa vai tentar provar que o agressor não estava em surto provocado pela esquizofrenia, como alegou o pai do rapaz.

 

OAB/PR manifesta repúdio

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Paraná publicou uma nota de repúdio sobre o caso. No texto, a organização afirma que irá encaminhar o caso às autoridades do Poder Judiciário e do Ministério Público e solicitar um pedido de apuração e aplicação das sanções cabíveis, além de acompanhar o desenrolar dos fatos.

Veja a nota na íntegra:

A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção do Paraná, juntamente com suas comissões da Advocacia Criminal e da Igualdade Racial, vem a público manifestar seu veemente repúdio à fundamentação lançada em sentença da magistrada Inês Marchelek Zarpelon, da 1ª Vara Criminal de Curitiba, ao tecer considerações sobre a cor de um cidadão como algo negativo, na análise de sua conduta social. Na decisão, afirmou-se que referida pessoa seria “seguramente integrante do grupo criminoso, em razão da sua raça”.

A afirmação é inaceitável e está na contramão do princípio constitucional da igualdade e da não discriminação. Cor e raça não definem caráter e jamais podem ser utilizadas para fundamentação de sentença, notadamente na dosimetria da pena.

A humanidade deve caminhar no sentido da eliminação de todos os preconceitos, notadamente os relacionados à origem, raça e cor, pois somente assim alcançaremos o ideal de uma sociedade livre, justa, fraterna, igualitária e solidária, estabelecido, na Constituição Federal, como um dos objetivos da República Federativa do Brasil.

A cultura de séculos de opressão, que vem desde o sequestro violento de negros na África para exploração de suas vidas Brasil, com a violação repetida e sistemática de seus mais fundamentais direitos, é narrada em incontáveis publicações científicas atestando as consequências terríveis que geram na Justiça Criminal.

A OAB-PR comunica que, na condição de defensora intransigente das garantias fundamentais, está encaminhando às autoridades do Poder Judiciário e do Ministério Público pedido de apuração e aplicação das sanções que o caso reclama e que acompanhará todo o desenrolar desses fatos.

Pré-candidato a prefeito, Orlando Silva quer usar luta racial para dialogar com periferia e se diferenciar de adversários

 

O deputado federal Orlando Silva será o primeiro candidato na história do PCdoB à Prefeitura de São Paulo. Para ele, emprego é, atualmente, a principal reivindicação da população paulistana. “Vou apresentar um programa emergencial para a geração de vagas nos próximos dois anos”, diz Orlando, em entrevista à Folha de S.Paulo, publicada nesta quarta-feira (12).

Ex-ministro do Esporte (2006-2011) e ex-vereador na capital paulista (2003-2005), o pré-candidato comunista a prefeito diz admitir a adoção de incentivos financeiros para enfrentar o desemprego. “A cidade terá que renegociar os grandes contratos para garantir um espaço fiscal e dar fôlego aos pequenos comerciantes e às pequenas empresas.”

Confira os principais trechos da entrevista.

Folha de S.Paulo: Pretende fazer uma campanha voltada a questões locais ou mais nacionalizada, com ênfase na oposição ao presidente Jair Bolsonaro?

Orlando Silva: São Paulo é uma cidade-estado, o maior colégio eleitoral do País, o que faz com que o interesse nacional repercuta sobre a vida do município, e vice-versa. Isso dá dimensão nacional à disputa, mas há que se fazer um enfrentamento levando em conta a realidade local.

Folha: E o que a realidade local apresenta?

Orlando: Decidi que meu partido deveria ter candidato no segundo turno da eleição de 2018, quando vi Mano Brown falar que, se [um partido] deixou de entender o povão, já era. Se não falar a língua do povo, vai perder de novo. Ali passei a refletir: Temos que aprender com o povo. A esquerda precisa ser mais humilde. Perceber que derrotas, quando nós as sofremos, deixam lições. É preciso se reconectar com o povão.

Folha: Como se reconectar?

Orlando: Desde 2016 se fala que a sociedade está polarizada, mas a impressão que tenho é que é mais militante de um lado e do outro, enquanto o povão mesmo fica olhando o cenário. Daí a necessidade de estruturar um projeto político popular renovador para a cidade de São Paulo.

Folha: O sr. vai dialogar com os eleitores de Bolsonaro e buscar os votos deles?

Orlando: As pesquisas mostram que bolsonaristas são 15%, no máximo 20% do eleitorado. Mas tem gente que ainda observa Bolsonaro com simpatia porque não vê alternativas e, ao mesmo tempo, não quer voltar ao passado. A esquerda tem que pisar no barro, ouvir o povo, reelaborar programa e, com muita humildade, trilhar um caminho novo. Temos que voltar a fazer trabalho de base, preocupar menos com lacração na internet e mais com a organização do povo. Comunidades religiosas pentecostais e neopentecostais, com grande penetração na periferia, têm a ver com respostas a problemas. Em vez de atacá-las, deveríamos aprender com elas e resgatar o que foram marcas dos movimentos progressistas, como mutirões, iniciativas populares de saúde e de creche.

Folha: Essa será a proposta da sua campanha?

Orlando: Falo em tirar energia e criatividade da periferia porque é de onde eu vim. Precisamos olhar para ela como o lugar da potência, não da carência. Nasci num bairro periférico de Salvador, estudei em escola pública, usei unidade básica de saúde. Quero levar para a campanha a indignação de quem conhece os problemas do povo de viver, não de ouvir dizer.

Folha: Como essas pautas podem se converter também em apoio da classe média, da elite?

Orlando: Em estratos médios e mesmo nos altos, quem tem capacidade crítica se comove com o drama da realidade na periferia e se mobiliza para apoiar um projeto que coloque foco em ajudar primeiro quem mais precisa.

Folha: É um discurso próximo do de Jilmar Tatto (PT) e Guilherme Boulos (PSOL), ambos do campo da esquerda.

Orlando: O Tatto e o Boulos são amigos [meus]. Pode haver identidades porque compomos o mesmo campo. Mas uma liderança política negra enfrentar o racismo estrutural é diferente de uma que ouve dizer o que é o racismo.

Folha: Como pretende se diferenciar dos dois?

Orlando: Vou, com a minha experiência de vida e pessoal, valorizar a minha condição de negro e debater a representatividade na política. Não serão os brancos que vão romper com o racismo estrutural.

Folha: Que medidas efetivas um prefeito pode adotar para combater o racismo no âmbito municipal?

Orlando: Temos que fazer cumprir plenamente as leis que obrigam o ensino nas escolas da história da África e da cultura afro-brasileira. A prefeitura também pode liderar movimentos que coloquem mais peso em políticas públicas, com o cumprimento da política de cotas na administração, e em mobilização do setor privado, engajando empresas para gerar oportunidades para a população negra.

Folha: Qual é a maior demanda do paulistano, principalmente pós-pandemia?

Orlando: Emprego. Vou apresentar um programa emergencial para a geração de vagas nos próximos dois anos. A cidade terá que renegociar os grandes contratos para garantir um espaço fiscal e dar fôlego aos pequenos comerciantes e às pequenas empresas.

Folha: Com isenção de impostos?

Orlando: A cidade pode suspender a cobrança de determinados tributos durante um período. E aí vem a pergunta: mas como vamos pagar a conta? Você negocia uma moratória nos grandes contratos e abre um espaço fiscal para dar suporte aos micro e pequenos empresários. Um momento excepcional pede medidas excepcionais.

Folha: Nesses grandes contratos, o sr. inclui os de transporte público, que demandam subsídio da prefeitura?

Orlando: A meu ver, o subsídio é uma caixa-preta. É necessário auditar. Não dá para manter no nível de hoje. O tema da mobilidade é um dos que exigem aliança de São Paulo com outros entes da Federação, para ampliar o transporte de alta capacidade, com expansão das malhas metroviária e ferroviária. E inclusive envolver captações internacionais. Deveríamos abrir diálogo com a China, um país que tem feito muitos investimentos em infraestrutura.

Folha: Como avalia o governo de Bruno Covas (PSDB), pré-candidato que hoje lidera as pesquisas?

Orlando: A gestão João Doria/Bruno Covas passará à história como uma gestão nula para a cidade de São Paulo. Quantas políticas inovadoras foram feitas? Nenhuma. Que iniciativa estruturante para o futuro foi feita? Nenhuma.A gestão da Covid-19 foi marcada por vacilações, com repercussão na vida das pessoas: o rodízio, que jogou grande parte dos trabalhadores no transporte público, a falta de descentralização dos hospitais de campanha e os sinais contraditórios no debate sobre a volta às aulas.

Folha: O sr. vai se licenciar para fazer a campanha?

Orlando: Não. O exercício do meu mandato também é parte da estratégia de campanha, com medidas prioritárias como o auxílio emergencial, a medida provisória para manter os empregos e a regulação do combate às fake news. Durante a campanha, vou falar do que fiz na crise da Covid-19.

Folha: Como será fazer campanha por um partido que tem no nome o comunismo, demonizado por Bolsonaro e a direita?

Orlando: Olha, pelo Bolsonaro, 80% do Brasil é formado por comunista. A minha perspectiva sempre foi a de construir uma sociedade justa, com igualdade de oportunidades e comunhão. Um governo comunista é como o do Maranhão, que o Flávio Dino faz. Quero governar São Paulo inspirado em Flávio Dino.

Folha: O sr. também cita a China, outro “bicho-papão”.

Orlando: A China, que é um país onde estive três vezes, é uma experiência comunista, com muito desenvolvimento, e que pode ser um local de muitas parcerias para a nossa gestão.

Folha: Existe chance de retirada da sua candidatura?

Orlando: Nenhuma.

Folha: A inédita ausência do PT em uma campanha do PCdoB na capital enfraquece ou fortalece seu nome?

Orlando: Apresentar um projeto para a cidade é o nosso desafio. Tenho muitos amigos no Partido dos Trabalhadores, o Lula foi um extraordinário presidente, mas nós temos que olhar para a frente.

Folha: O que motivou a cisão?

Orlando: Nós, do PCdoB, entendemos que é necessário estruturar um projeto político para a cidade de São Paulo que não será feito à sombra do PT e que precisa de um líder. Foi-se o tempo em que São Paulo melhor seria governada por um gerente. Aliás, tem gente que se agarrou a esse conceito de ser gerente e teve um péssimo resultado, inclusive eleitoral [referindo-se a João Doria, do PSDB].

Folha: O PCdoB terá baixo tempo de TV e poucos recursos do fundo eleitoral. Como driblar isso?

Orlando: Vamos fazer o que estiver ao nosso alcance. Vou apostar muito nos debates na TV, na militância e na força das ideias para atrair o voto progressista e ocupar um espaço. Quem sabe nós não chegamos ao segundo turno?

 

Fonte? Folha de SP

O Conselho de Segurança da ONU realiza esta quarta-feira um debate aberto sobre pandemias e os desafios da manutenção da paz. A reunião virtual é promovida pela Indonésia, que assumiu a presidência rotativa do órgão este mês.

Entre os participantes estão o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, seu antecessor Ban Ki-moon, que representa o grupo de antigos líderes conhecido como os Elders, e vários acadêmicos.

Impactos

O encontro debate opiniões sobre o impacto da Covid-19 e discute formas de apoiar os países afetados por conflitos durante a pandemia. Em nível global, a Organização Mundial da Saúde registrou até esta terça-feira 20.120.919 casos confirmados e 736.766 mortes devido ao novo coronavírus.

Conselho apoia apelo global de cessar-fogo do secretário-geral para combater Covid-19., by ONU/Eskinder Debebe

O Conselho tomou como base para a reunião a Resolução 2532, de 1º de julho, exigindo o fim imediato de confrontos em todas as situações da agenda do órgão. O documento apoia o apelo global de cessar-fogo do secretário-geral para combater a pandemia.

Falando no evento, António Guterres disse que a resolução é um passo na direção certa, mas é necessário muito mais para traduzir os primeiros ganhos em ações concretas.

Para ele, o Conselho também tem um papel importante a desempenhar ao “fazer valer sua influência para um investimento na prevenção de pandemias”.

Inclusão

Guterres ressaltou que diante da Covid-19, isso significa, primeiro, que as respostas devem ser sensíveis ao conflito. Em segundo lugar, que haja inclusão nas ações humanitárias e de desenvolvimento.

Como terceiro ponto, o chefe da ONU defende que deve haver uma abordagem integrada e coerente a pandemias que consolide a paz através de uma forte colaboração entre os atores humanitários, de desenvolvimento e de paz.

Por fim, o secretário-geral destacou que é preciso flexibilidade e adaptação das atividades no contexto da pandemia às necessidades de consolidação da paz.

O secretário-geral lembrou que a Covid-19 é uma tragédia humana, mas defendeu que “é possível mitigar seus impactos pelas escolhas que são feitas”.

Repressão

Entre os efeitos da atual pandemia estão o desgaste da confiança pública, o desequilíbrio da ordem econômica global e o enfraquecimento do tecido social com protestos pacíficos em vários países respondidos com cada vez mais repressão estatal.

Para o secretário-geral, mais do que nunca “é essencial ter respostas multidimensionais, coordenadas e sensíveis ao conflito, e abordagens de toda a sociedade em tempos de pandemia”.

ONU Mulheres/Fahad Kaizer
Mulheres aguardando ajuda humanitária durante a pandemia de coronavírus em Dhaka, Bangladesh.

Neste período de pandemia que o isolamento social é essencial para diminuir o contágio do novo coronavírus (covid-19), o transporte público é o local propicio para a disseminação do vírus.

A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em estudo mostrou que usar o transporte público, trabalhar como profissional autônomo e ser dona de casa, são as três variáveis que mais influenciam nas mortes pela covid-19 na cidade de São Paulo.

O estudo que foi conduzido pelo professor Anderson Kazuo Nakano, do Instituto de Cidades da universidade, cruzou dados da Pesquisa Origem-Destino 2017 com o Sistema de Informações sobre Mortalidade da Secretaria Municipal de Saúde da prefeitura da capital.

Com um modelo estatístico, os pesquisadores buscaram identificar a relação de influência entre as mortes por covid-19 nos 96 distritos do município com as variáveis da pesquisa (modos de viagem, vínculos empregatícios e condições de trabalho). Com isso, os pesquisadores elaboraram um coeficiente, chamado de R², que varia de 0 a 1.

Se o resultado foi mais próximo de 1 significa que há uma maior influência dessa variável no número de óbitos por covid-19 nos bairros da capital. Já o inverso, mais próximo de 0, há uma menor influência da variável nas mortes.

“Rodando esse modelo estatístico, vemos que a variável “número de viagens por transporte coletivo” está em 0,808, um valor alto. Isso quer dizer que, nos bairros com maior número de usuários de transporte público, 80% dos óbitos pela covid-19 podem ser explicados por conta da necessidade de deslocamento de ônibus, trem e metrô”, diz o professor Kazuo Nakano.

Outra variável que surpreendeu o professor Nakano foi o de deslocamento a pé, pois tem alta correlação (0,7897) nos bairros que tem o maior registro desse tipo de prática e óbitos por covid-19. “Esse resultado significa que as pessoas estão circulando em seus bairros e as medidas para contenção da doença não tem sido eficaz”, afirma.

Os resultados do estudo mostraram que em dez bairros da capital com mais mortes pela doença, nove também lideram no número de viagens por transporte público, segundo levantamento da Folha de São Paulo.

Exemplo é o Grajaú, bairro do extremo sul, que é o que mais faz viagens de coletivo por dia (384 mil) e o terceiro em número de mortos pela doença (360 vítimas).

“Isso prova que para conter a propagação da covid-19, os gestores públicos precisam desenvolver uma combinação de estratégias, que una condições de moradia, apoio de renda, apoio para trabalhadores, informações para quem está em casa, entre outras”, avalia Nakano.

com informações da Exame.com

Fonte: Mundo Sindical

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