Em um novo relatório, Vencendo as pandemias com as pessoas no centro da resposta, o UNAIDS apela aos países para que façam investimentos muito maiores em respostas globais à pandemia e a adotarem um novo conjunto de metas ousadas, ambiciosas, mas alcançáveis para o HIV. Se essas metas forem cumpridas, o mundo estará de volta no caminho para acabar com a AIDS como uma ameaça à saúde pública até 2030.
A resposta global à AIDS estava fora do caminho antes da pandemia de COVID-19, mas a rápida disseminação do coronavírus criou contratempos adicionais. A modelagem do impacto de longo prazo da pandemia na resposta ao HIV mostra que poderia haver uma estimativa de 123.000 a 293.000 novas infecções por HIV e 69.000 a 148.000 mortes adicionais relacionadas à AIDS entre 2020 e 2022.
“A falha coletiva em investir o suficiente em respostas ao HIV abrangentes, baseadas em direitos e centradas nas pessoas teve um preço terrível”, disse Winnie Byanyima, diretora executiva do UNAIDS. “Implementar apenas os programas politicamente mais cabíveis não mudará a corrente contra a COVID-19 ou acabará com a AIDS. Para colocar a resposta global de volta nos trilhos, será necessário colocar as pessoas em primeiro lugar e combater as desigualdades nas quais as epidemias prosperam”.
Novas metas para voltar aos trilhos
Embora alguns países da África Subsaariana, como Botswana e Eswatini, tenham se saído muito bem e alcançado ou mesmo excedido as metas estabelecidas para 2020, muitos outros países estão ficando para trás. Os países de alto desempenho criaram um caminho para outros seguirem. O UNAIDS tem trabalhado com parceiras para aperfeiçoar essas lições em um conjunto de metas propostas para 2025 que adotam uma abordagem centrada nas pessoas.
As metas se concentram em uma alta cobertura de HIV e serviços de saúde reprodutiva e sexual, juntamente com a remoção de leis e políticas punitivas e na redução do estigma e da discriminação. As metas colocam as pessoas no centro, especialmente as pessoas em maior risco e pessoas marginalizadas—mulheres e meninas jovens, adolescentes, profissionais do sexo, pessoas trans, pessoas que injetam drogas, gays e outros homens que fazem sexo com homens.
As novas metas de prestação de serviços de HIV visam alcançar uma cobertura de 95% para cada subpopulação de pessoas que vivem com e sob risco aumentado de HIV. Ao adotar uma abordagem centrada nas pessoas e focar em pontos de acesso, os países estarão em melhor posição para controlar suas epidemias.
As metas de 2025 também exigem a garantia de um ambiente propício para uma resposta eficaz ao HIV e incluem ambiciosas metas antidiscriminatórias, de modo que menos de 10% dos países tenham leis e políticas punitivas, menos de 10% das pessoas que vivem e são afetadas pelo HIV vivenciem estigma e discriminação e menos de 10% experimentem desigualdade e violência de gênero.
Superando pandemias
Investimentos e ações insuficientes contra o HIV e outras pandemias deixaram o mundo exposto à COVID-19. Se os sistemas de saúde e as redes de segurança social tivessem sido ainda mais fortes, o mundo estaria melhor posicionado para retardar a disseminação e suportar o impacto da COVID-19. A COVID-19 mostrou que os investimentos em saúde salvam vidas, mas também fornecem uma base para economias fortes. Os programas de saúde e HIV devem ser totalmente financiados, tanto em tempos de abundância quanto em tempos de crise econômica.
“Nenhum país pode derrotar essas pandemias por conta própria”, disse Byanyima. “Um desafio desta magnitude só pode ser vencido construindo a solidariedade global, aceitando uma responsabilidade compartilhada e mobilizando uma resposta que não deixa ninguém para trás. Podemos fazer isso compartilhando a carga e trabalhando de forma conjunta. ”
Existem pontos positivos: a liderança, infraestrutura e lições da resposta ao HIV estão sendo aproveitadas para combater a COVID-19. A resposta ao HIV ajudou a garantir a continuidade dos serviços em face de desafios extraordinários. A resposta das comunidades contra a COVID-19 mostrou o que pode ser alcançado trabalhando em conjunto.
Além disso, o mundo deve aprender com os erros da resposta ao HIV, quando milhões de pessoas de países em desenvolvimento morreram esperando pelo tratamento. Mesmo hoje, mais de 12 milhões de pessoas ainda não têm acesso a tratamento para HIV e 1,7 milhão de pessoas foram infectadas com o HIV em 2019 porque não tiveram acesso a serviços essenciais de HIV.
Todas as pessoas têm direito à saúde, e é por isso que o UNAIDS tem sido um dos principais defensores da Vacina Popular contra a COVID-19. Promissoras vacinas contra a COVID-19 estão surgindo, mas devemos garantir que elas não sejam privilégio de pessoas ricas. Portanto, o UNAIDS e suas parcerias estão apelando às empresas farmacêuticas para que compartilhem abertamente sua tecnologia e conhecimento e a renunciem a seus direitos de propriedade intelectual para que o mundo possa produzir vacinas com sucesso em grande escala e velocidade necessárias para proteger a todas as pessoas.
Fonte: Unaids.org