Foi com grande preocupação que a União Geral dos Trabalhadores (UGT) recebeu, na manhã desta sexta-feira (04) a informação de que o Sindicato Trabalhadores em Centrais de Abastecimento de Alimentos do Estado de São Paulo (Sindbast) foi invadida pelo presidente da Ceagesp, coronel Mello Araújo.

Segundo relatos de Enilson Simões de Moura, o Alemão, presidente do Sindbast e vice-presidente da UGT, durante a invasão, Mello e seus seguranças, armados, promoveram um verdadeiro espetáculo de intimidação contra os sindicalistas e os funcionários do Sindicato.

“Estamos vivenciando um momento obscuro da história brasileira, em que na busca pela implementação de um regime autoritário, há uma clara tentativa de desqualificar sólidas instituições de representação democrática, que é o caso de entidades como STF, OAB, os sindicatos e o próprio sistema eleitoral, entre outras. Assim, vemos com preocupação esse tipo de atitude que não contribui de forma alguma com os diálogos e os atores sociais que têm a solidariedade como princípio básico de suas ações”, explicou Ricardo Patah, presidente nacional da UGT.

Segundo Ricardo Patah esta ação que teve como objetivo intimidar, não pode ficar impune, pois hoje aconteceu em um sindicato, amanhã pode acontecer em outras instituições, como recentemente aconteceu no Capitólio dos Estados Unidos.

“É um acontecimento extremamente grave!”, concluiu Patah.

 

Veja abaixo a íntegra do relato da invasão ao Sindbast:

 

“Na manhã desta sexta-feira, por volta das 9:45, o presidente da Ceagesp, coronel Mello Araújo, sob o pretexto de promover uma “caminhada com o presidente”, invadiu o Sindicato dos Trabalhadores em Centrais de Abastecimento de Alimentos do Estado de São Paulo – Sindbast, não só com os funcionários visivelmente constrangidos, mas também com seguranças armados que intimidavam os próprios acompanhantes e também os funcionários e diretores do sindicato. 

Logo pela manhã, antes da invasão, já havia um veículo de “escolta armada” parado na frente do sindicato com quatro elementos fortemente armados em clara situação de “estudo” do ambiente o que caracteriza que essa ação foi premeditada. 

Na invasão, o presidente provocou aglomeração e não usava máscaras. Quando questionado sobre essa postura, disse que precisava falar e que a máscara o atrapalhava, demonstrando ignorância em relação aos equipamentos de prevenção à pandemia, sendo, ele próprio, um vetor de propagação do vírus. 

Em todas as salas havia funcionários trabalhando e ele, então, fixou-se no auditório para dizer que o espaço ocupado pelo sindicato era maior do que o necessário, no entanto, o auditório não é utilizado a todo o momento e sim, quando há assembleias, homologações, cursos e outras atividades promovidas pela entidade. Quando um diretor do sindicato começou a explicar aos trabalhadores sobre as instalações, o coronel intimou todos os funcionários a saírem do local, não permitindo a fala do diretor sindical conforme documentado em vídeo. 

O presidente coronel demonstra inconformismo com a decisão preliminar da justiça em nos manter no local que ocupamos a décadas e no qual prestamos serviços aos nossos associados e não associados. 

Participamos de atividades próprias do sindicalismo e também próprias da cidadania, como a defesa dos direitos humanos em todos os seus aspectos. 

Foi uma demonstração de autoritarismo covarde e truculento de quem quer “ganhar do grito” e não se acostuma com as práticas democráticas. 

Nosso repúdio veemente a essa invasão e garantimos que vamos resistir”.