Nesta sexta-feira, dia 5 de julho, a Folha de São Paulo veiculou uma matéria alarmante: atualmente, é jogado mais plástico nos oceanos do que o que é destinado à reciclagem. Esta notícia, que deveria chocar a todos, traz à tona uma triste realidade: o futuro de nossos mares está sendo comprometido pela negligência humana.
O dado é particularmente perturbador, pois, conforme prevê a matéria, se nada mudar até 2050, haverá mais lixo do que peixes nos oceanos. Esta projeção não é apenas uma chamada para a conscientização ambiental, mas um grito de desespero que clama por uma ação imediata e eficaz.
Em um mundo que, em 2024, dispõe de tecnologia avançada para reciclar praticamente todo tipo de material — seja plástico, borracha, metal, ou outros —, é inadmissível que estejamos caminhando para um cenário tão devastador. O problema não está na falta de recursos ou soluções, mas na ausência de uma vontade política e social forte o suficiente para implementar mudanças reais e sustentáveis.
Recentemente, a revista "Environmental International" publicou um estudo revelador conduzido por cientistas de universidades na Holanda. Eles encontraram microplásticos na corrente sanguínea de seres humanos. Este fato, que deveria ser um motivo de preocupação global, destaca como o plástico não apenas contamina nossos oceanos, mas também invade nosso corpo, possivelmente por meio da cadeia alimentar. Peixes e outros organismos marinhos que ingerem microplásticos acabam, eventualmente, sendo consumidos por nós, levando essas partículas tóxicas diretamente para o nosso sistema.
As implicações disso para a saúde humana ainda são pouco compreendidas, mas o simples fato de que estamos ingerindo plásticos em uma escala microscópica já é motivo suficiente para repensarmos urgentemente nossas práticas de consumo e descarte. Não sabemos ao certo quais serão os efeitos a longo prazo na saúde das pessoas, mas os sinais já são preocupantes o bastante para exigir uma resposta rápida e eficaz.
Neste contexto, como presidente do Sintratel, sinto que é meu dever usar esta plataforma para chamar a atenção para um problema que transcende barreiras geográficas e sociais. Devemos, todos juntos, pressionar por políticas públicas que incentivem a reciclagem, a redução do uso de plásticos e a inovação em alternativas sustentáveis.
A responsabilidade não é apenas das grandes corporações ou dos governos. Cada um de nós, como indivíduos, pode e deve fazer sua parte. Seja reduzindo o consumo de plásticos descartáveis, seja optando por produtos recicláveis, ou participando ativamente de iniciativas de limpeza e conscientização ambiental. As pequenas ações diárias, quando somadas, podem ter um impacto significativo.
Em conclusão, a notícia da Folha de São Paulo serve como um chamado à ação. Não podemos mais nos dar ao luxo de ignorar o impacto devastador que estamos causando ao nosso planeta. Devemos agir agora, com determinação e responsabilidade, para garantir que nossos oceanos continuem a ser uma fonte de vida e não um depósito de lixo. O futuro de nossos filhos e netos depende das escolhas que fazemos hoje. E a escolha de proteger nosso meio ambiente deve ser a prioridade máxima para todos nós.

Marco Aurélio Oliveira
Presidente do Sintratel