Há cinco anos, o mundo enfrentava uma das maiores crises sanitárias da história. A pandemia de Covid-19 ceifou mais de 7 milhões de vidas ao redor do planeta, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e deixou o Brasil entre os países mais afetados, com mais de 700 mil mortos. Foi um período de dor, luto e resistência, no qual a população precisou lidar não apenas com uma doença mortal, mas também com a irresponsabilidade de um governo negacionista, que desdenhou das vítimas e sabotou as medidas de proteção.
Ao longo da pandemia, enfrentamos uma avalanche de fake news, campanhas contra a ciência e ataques às medidas de isolamento social. Em vez de proteção e informação, fomos submetidos a uma política de desinformação que resultou em milhares de mortes evitáveis. Mas a história mostrou quem estava certo: a vacina foi, e continua sendo, o grande divisor de águas no combate ao vírus. Foi graças a ela que conseguimos retomar nossas vidas, evitar novas perdas em massa e recuperar a economia.
A pandemia também evidenciou a importância dos serviços públicos e da estabilidade dos servidores. Se não fosse a segurança do emprego público, muitos profissionais da saúde e da ciência teriam sido demitidos por um governo que se recusava a aceitar a realidade da crise sanitária. Mas servidor público não serve a governos, e sim à sociedade. Foi essa estabilidade que garantiu que médicos, enfermeiros, cientistas e tantos outros trabalhadores essenciais continuassem atuando para salvar vidas, mesmo sob ataques.
Além disso, a pandemia acelerou mudanças que já estavam em curso no mundo do trabalho. O home office, que pareciam uma realidade distante, tornaram-se uma necessidade imediata. O modelo de trabalho mudou radicalmente, e as empresas precisaram se adaptar a essa nova forma de produção e interação. Muitas dessas mudanças vieram para ficar, transformando permanentemente a relação entre trabalhadores e empregadores.
Outro legado da pandemia foi o avanço tecnológico no desenvolvimento de vacinas. O sucesso das vacinas contra a Covid-19 abriu novas portas para a imunização contra outras doenças, como o HIV. O mundo científico acelerou pesquisas e criou novas perspectivas para a erradicação de vírus que há décadas desafiam a humanidade.
No Brasil, a crise sanitária reforçou o papel essencial do Sistema Único de Saúde (SUS) e dos trabalhadores de setores essenciais. Profissionais da limpeza, telemarketing – principalmente aqueles que atuavam no suporte a serviços de segurança pública –, enfermagem, entregadores e tantos outros trabalhadores foram verdadeiros heróis anônimos. Arriscaram suas vidas diariamente para manter a sociedade funcionando no momento mais crítico da pandemia.
Cinco anos depois, seguimos em frente, mas com lições que não podem ser esquecidas. Precisamos continuar lutando pelo fortalecimento do SUS, pela valorização dos trabalhadores essenciais e pela defesa da ciência. A vacina salvou milhões de vidas, mas nossa principal proteção contra futuras crises sanitárias é a memória do que vivemos e a disposição para nunca mais permitir que a desinformação e a negligência governamental custem tantas vidas.
Marco Aurélio
Presidente do Sintratel