Por Mark Gruenberg (People’s World)

 

Para seus trabalhadores, não há magia no Walt Disney World Magic Kingdom esses dias, ou em qualquer outro parque temático da Disney na Flórida Central. A oferta de aumento do salário da empresa de um acanhado dólar por hora forçou os líderes sindicais de seus 45.000 trabalhadores a recomendar que eles votassem contra.

 

O voto, a ocorrer nos primeiros dias de fevereiro, vai determinar se os trabalhadores, muitos dos quais labutam em fantasias pesadas no calor da Flórida, podem ter que andar, diz Matt Hollis, presidente do Sindicato de Comunicações de Transporte (TCU-IAM, na sigla em inglês) Local 1908, e também do local seis dos Sindicatos do Conselho Comercial de Serviços (STCU, na sigla em inglês), coalisão que os representa.

 

Presumindo que os trabalhadores votem “não,” eles se juntam às crescentes legiões de trabalhadores através da nação que perceberam, graças a depressão causada pela pandemia do coronavírus dos dois anos anteriores, que eles não precisam aturar a ganância corporativa, a supressão salarial e a exploração.

 

Esses trabalhadores, incluindo trabalhadores do varejo, Amazon e outros trabalhadores de depósitos, trabalhadores de fast-food, caminhoneiros portuários, trabalhadores de rampas de companhias aéreas, professores adjuntos, estagiários de ensino e estagiários de pesquisa de faculdades e universidades e mesmo trabalhadores ferroviários – cujas agendas de trabalho são brutais, mas cuja greve planejada o governo federal parou –  têm respondido se unindo a sindicatos, sendo forçados a fazer greves e/ou deixar seus empregos.

 

Negociadores da coalisão recomendaram votar contra a “oferta última, melhor e final” da Disney de um aumento de um dólar por hora por ano no próximo pacto. “Esse voto ‘não’ vai coloca-los de volta (a Disney) na mesa de negociação,” Hollis previu, em uma entrevista por telefone em 28 de janeiro.

 

A oferta da Disney significa que o pagamento da empresa “continuaria a ultrapassar o salário mínimo” na Flórida. “Mas ela – 6,5% – não acompanha a inflação nacionalmente” ou na Flórida Central, que Hollis estima em 8%. “Em geral, todos fazem $15 dólares por hora,” ele adicionou.

 

“Os trabalhadores da Disney estão enfrentando dificuldades financeiras extremas incluindo inflação, que disparou os preços da comida e do aluguel,” a declaração da coalisão disse depois da última sessão de negociação em 9 de janeiro.

 

Além do TCU-IAM Local 1908, Teamsters Local 385, United Here Locals 362 e 737, o Funcionários de Teatro e Palco e Trabalhadores de Alimentos e Comércio Unidos representam os funcionários da Disney World, Epcot, Animal Kingdom, Magic Kingdom e Hollywood Studios.

 

Para os trabalhadores, “$16 por hora em 2023 não acompanha o aumento do custo de vida. Cada trabalhador precisa de um aumento inicial maior que $1 para abordar essas preocupações,” disse a coalisão. Custos de cuidados de saúde e contribuições para a aposentadoria também estão na negociação.

 

A coalisão vê a oferta da empresa como “surda e desconectada com a realidade da vida na Flórida Central,” que está lidando, como o resto do estado, com o impacto de um boom populacional, disse Hollis. O aumento de um dólar por hora se aplicaria a 30.000 de 45.000 trabalhadores.

 

Os trabalhadores que escreveram Tweets depois da conferência de imprensa de 27 de janeiro sobre a oferta da empresa foram ainda mais bruscos. Seu contrato prévio expirou em 1º de outubro, mas continuou enquanto as conversas aconteciam.

 

“As pessoas precisam de parar de se referir a coisas como um ‘aumento de 7%’ quando ele é sobre múltiplos anos,” a trabalhadora Wendy Pleakley escreveu. “Isso é propaganda enganosa, claro e simples.”

 

“Foi oferecido a eles uma série de aumentos de um ponto algo por cento por ano. A inflação no último ano estava numa faixa de 3%. Esse ano está na faixa de 5 a 6%. Esse é um corte de pagamento em termos reais.”

 

O Local 737 apoiou essa descoberta com um relatório, “Os trabalhadores de turismo de Orlando precisam de um aumento.” Ele explicou o pacto expirado, negociado em 2018, que aumentou os salários mínimos de $10 por hora – e menos que isso para empregados domésticos e cozinheiros sindicalizados dos hotéis resorts – para $15 por hora.

 

“Como outros empregadores de hospitalidade de Orlando aumentaram o pagamento de seus trabalhadores para acompanhar o padrão sindical da Disney, dezenas de milhares de trabalhadores de turismo de Orlando finalmente alcançaram a estabilidade financeira,” ele adicionou.

 

“Por um tempo, um salário de $15 coloca algumas famílias no caminho com um salário que dá para viver. Mas a disparada do custo de vida pôs os trabalhadores do turismo de Orlando e suas comunidades de volta em perigo econômico,” ele adicionou. Um gráfico no relatório mostra que 62% dos trabalhadores da Disney têm menos de $100 cada em poupanças.

 

O relatório concluiu que o novo mínimo, para acompanhar o custo de vida desde o último pacto, devia ser de pelo menos $18 por hora – uma quantia, uma pessoa observou no Twitter, que o CEO da Disney, Bob Iger, que recentemente retornou ao cargo depois que o conselho deixou seu predecessor ir, pode facilmente pagar.

 

Mais informações em #DisneyWorkersNeedARaise

 

Mark Gruenberg é chefe do escritório de Washington, D.C., do People’s World. Ele também é editor do serviço de notícias sindicais Press Associates Inc. (PAI).

 

Fonte: People´s World

Tradução: Luciana Cristina Ruy