Segundo César Alexandre de Souza, as novas tecnologias acabam com alguns postos de trabalho, ao mesmo tempo em que criam outros
A pandemia acelerou a digitalização do trabalho. É o que conclui o Fórum Econômico Mundial após pesquisa divulgada em outubro deste ano. Segundo o levantamento, até 2025, cerca de 85 milhões de empregos serão substituídos por robôs. Aproximadamente 80% dos executivos entrevistados disseram que estão acelerando a digitalização do trabalho e a implementação de tecnologias e 43% deles deverão reduzir mão-de-obra, ao passo que até 97 milhões de novos empregos poderão surgir devido ao processo de automação. Conforme especialista, o mercado varejista e o setor de atendimento foram os mais atingidos pela digitalização durante a pandemia.
O professor César Alexandre de Souza, do Departamento de Administração, da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da USP, explica que a automação dos postos de trabalho é uma tendência acelerada pela necessidade de redução do contato humano durante a pandemia. “Houve toda essa questão de reduzir o contato humano, que é uma necessidade surgida especificamente por conta da pandemia. Então, muitas empresas correram para implementar isso em relação ao atendimento e o comércio eletrônico como instrumento de acesso para reduzir o máximo de contato.”
Trabalhos repetitivos e que não exijam habilidades específicas devem ser substituídos. Mas, ao mesmo tempo que a tecnologia acaba com alguns postos de trabalho, outros são criados, como informa o professor: “Ao mesmo tempo que se tem redução de postos de trabalho local por conta de alguma tecnologia, perceba que a tecnologia também permite que esse atendimento seja expandido e reduz a necessidade de uma mão-de-obra para um trabalho repetitivo, o que aumenta a eficiência, e então surgem novos postos de trabalho simplesmente porque aumenta a escala de serviço”.
Apesar de a pandemia ter acelerado o processo de automação do trabalho, também revelou a necessidade do contato humano para garantir o funcionamento pleno da sociedade. Para Alexandre de Souza, a pandemia mostrou que não é possível viver numa sociedade totalmente digitalizada: “Muitos que achavam que a sociedade poderia ser totalmente digitalizada estão vendo que não é bem assim. Nós temos necessidade de contato humano. Agora, acelerou uma tendência que já vinha acontecendo”.
Fonte: Jornal da USP