Como acontece todo ano, em 8 de março foi comemorado o Dia Internacional da Mulher. Mas neste, de 2015, uma peculiaridade tomou maior proporção que as palavras da regente de nossa nação.
Enquanto a Presidenta Dilma fazia seu pronunciamento em rede nacional de rádio e Tv, em alguns bairros mais abastados das capitais brasileiras (Higienópolis, Jardins e Itaim Bibi, em São Paulo, Leblon e Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, por ex.) uma pequena parcela de moradores se reunia em suas varandas gourmets para protestar “contra” o Governo, produzindo ruídos com buzinas e utensílios de cozinha.
Até aí, nada demais, já que vivenciamos uma democracia e devemos exercitá-la, sempre! Também não foi o fato de sequer se dar ao trabalho de ocupar as ruas e marcharem em protesto que despertaram as atenções (aliás, do conforto lar é muito mais cômodo protestar).
O que causou espanto mesmo, é que não protestavam por insatisfação contra quaisquer políticas econômicas adotadas pelo Governo, contra a corrupção, a lista dos evasores do HSBC, ou pelo “simples” fato dos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados estarem citados na lista da Lava-Jato.
De suas sacadas proferiam ataques contra a pessoa, Dilma, num grau de violência com teores ofensivos, machistas e moralistas. Puro ódio de classe, ofensas pelas ofensas, sem reflexão, sem um único argumento concreto. Mostrando uma face conservadora, preconceituosa, e que continua rancorosa, sem aceitar que “gente diferenciada” tenha acesso à viagem de avião, à universidade pública, à casa própria, aos automóveis e tantas outras mudanças, que observamos desde o início do governo Lula, já que não aceitam a derrota nas urnas, inclusive a de 2014, e sonham acordados com um 3º turno
Enfim, tal fato conseguiu anular e ser pior que o discurso da presidenta, onde defendeu um “ajuste fiscal” severo, como o que estão tentando nos empurrar, adotando uma pauta do capital financeiro que amargou derrota através do seu candidato, Aécio. No todo sabemos da distinção dos projetos, com a distribuição de renda implementada, que culminou numa inclusão social nestes últimos 12 anos, por isso sempre tem tido nosso apoio.
Todavia, quando convidam somente os trabalhadores a pagar a “tal da conta”, não aceitamos. As MPs 664 e 665, que restringem o acesso ao seguro-desemprego, ao abono salarial, pensão por morte e auxílio-doença, são ataques claros a direitos duramente conquistados pela classe trabalhadora, e causam impactos nocivos aos trabalhadores da nossa categoria, que possui um turnover enorme (fruto da organização do trabalho), e que é formada na sua maioria por jovens, muitos no seu primeiro emprego.
Sendo assim, não tem nosso apoio, e não deveria ter de qualquer um que esteja na luta ao lado destes, e tenha plena consciência do seu papel. Se o governo quer combater fraudes, deve aprimorar a fiscalização. Se quer combater a alta taxa de rotatividade, que taxe as empresas onde os índices de demissão imotivada são mais altos, e que ratifique a Convenção 158 da OIT, que trata sobre isso. E como necessita acertar contas, que taxe as grandes fortunas, os especuladores, e não os trabalhadores, que sempre são convidados a sentar à mesa no momento de pagar a conta. Entretanto, jamais faremos coro à estas panelas cheias, de pessoas tão vazias.