A humanidade vive um momento estranho. Da Europa vêm mostras de intolerância, falta de apreço e respeito pelo ser humano e xenofobia (aversão ao estrangeiro). Vimos tudo isso na crise resultante do fluxo de imigrantes árabes e africanos que resultaram em naufrágios, afogamentos de crianças, construção de muros, xingamentos e prisões.
A Europa dá as costas aos povos que precisam de abrigo e acolhimento. Justo ela, que se beneficiou da solidariedade inernacional para se reconstruir após as guerras mundiais e que enriqueceu às custas da exploração das riquezas das Américas e da África e da escravidão do povo negro.
Dramática também é a realidade vivida pelo povo grego. O país está afundado economicamente devido ao saque de suas riquezas feito pelas grandes potências europeias através do FMI e do Banco Central Europeu. Seu povo aprovou nas urnas a saída da zona do Euro e o não pagamento de juros a esses bancos. Mas os credores não deixam. Enquanto isso o desemprego e a miséria está levando o povo grego ao desespero. As taxas de suicídio são as maiores da história.
O Brasil vive reflexos dessa crise de intolerância. Eles podem ser vistos nas ruas. Resulta da campanha de demonização do governo orquestrado por setores inconformados pela derrota nas eleições e pela grande mídia. Eles estão ampliando a extensão da crise econômica e transformando-a em crise política e social.
Também incutem na sociedade sentimentos de ódio e intolerância quando culpabilizam pobres e nordestinos por elegerem a presidenta, ou dizem que ela tem de sangrar até a morte, ou quando a mídia conclama a classe média para manifestações e panelaços contra a presidenta, que resultam até no inacreditável pedido de alguns setores pela volta da ditadura militar.
A cultura do ódio e da intolerência acaba extrapolando a área política, atingindo valores humanos e aprofundando preconceitos raciais, de classe, de gênero e opção sexual e até religiosos.
Vimos tudo isso em repetidas agressões a homossexuais e a pessoas que cultuam religiões afro, em ataques digitais a apresentadora de TV negra, em agressões a líderes de movimentos sociais, como a João Pedro Stedile, do MST, no ataque a bomba ao Instituto Lula, bem como na aprovação pela Câmara, em análise do projeto de Estatuto da Família, de parecer contrário à formação de famílias por casais homoafetivos.
Essa onda de intolerância, em muito se assemelha à que se viu na Alemanha, quando da ascensão do nazismo, nada mais é do que uma postura política. Os partidos e os políticos representantes do capital, bem como a grande mídia capitalista, recrutam os setores médios para a defesa de políticas favoráveis ao aumento da exploração capitalista sobre os trabalhadores e em defesa de pautas conservadoras, contrárias aos valores humanizantes. O resumo disso: fascismo.