Cleópatra, Malala Yusufzai, Coco Chanel, Frida Kahlo, Rosa Parks, Nina Simone, Cora Coralina, Marta, Simone Biles, Beyoncé, Anita Garibaldi,  Chimamanda Ngozi Adichie, JK Rowling, Margaret Thatcher, Evita Peron, Hillary Clinton e Michelle Obama. São as histórias dessas e de outras dezenas de mulheres que são contadas no livro “Histórias de Ninar para Garotas Rebeldes”. A publicação foi censurada pelo governo turco  por considerá-lo “obsceno” para crianças. 

Autoridades do governo autoritário de Recep Tayyip Erdogan determinaram que o livro só pode ser vendido para maiores de 18 anos, medida adotada para obras consideradas pornográficas. O Conselho de Proteção das Crianças contra Textos Prejudiciais para a Infância, órgão vinculado ao Ministério de Assuntos Sociais da Turquia, classificou o livro como perigoso. 

Além de proibir a venda para menores, ordenou que a obra não seja exibida em vitrines e que seja embalada com um plástico opaco pelas livrarias. De acordo com a  Agência Efe, o livro consta como indisponível nos sites das grandes livrarias turcas.

A União de Editores da Turquia denunciou a decisão neste sábado (5), de acordo com agências de notícias internacionais. A organização classificou a decisão como “um perigo da perspectiva das liberdades de expressão e imprensa e uma ameaça aos princípios de uma sociedade democrática”. 

A italiana Francesca Cavallo, uma das autoras da obra, também comentou a censura. “Quando um governo se assusta com o livro infantil que promove a igualdade, isso significa que a promoção dessas mensagens através da literatura infantil pode ter e estar tendo um impacto, e isso me deixa ainda mais motivada a continuar lutando todos os dias”, afirmou à Agence France-Presse.

DIVULGAÇÃO/ V&R EDITORAS
No Brasil, o primeiro volume da obra foi lançado em 2017, pela V&R Editora.

Histórias de Ninar para Garotas Rebeldes

Publicado em 47 idiomas, o best-seller começou com uma campanha de financiamento coletivo e vendeu mais de um milhão de exemplares. Os dois volumes da obra contam histórias reais e inspiradoras de 200 mulheres para crianças pequenas. Escrito pelas italianas Elena Favilli e Francesca Cavallo, o livro é ilustrado por 60 mulheres artistas de diversos países.

Em uma entrevista à BBC, Favilli disse que a ideia é para quebrar com os tradicionais estereótipos de gênero. “Se todas as crianças lerem que as princesas têm que esperar serem salvas pelo príncipe, então a mensagem que elas aprendem é que mulheres não são tão valiosas quanto homens, que não somos iguais″, disse.

Os livros também dão visibilidade a conquistas de mulheres que foram invisibilizadas ao longo da história. “O termo rebelde tem conotações negativas em todas as culturas, e geralmente é considerado ruim quando associado com a mulher. Nossa mensagem é que é aceitável e até mesmo bom para as mulheres quebrar regras”, afirmou Favilli.

YANN SCHREIBER VIA GETTY IMAGES
“O termo rebelde tem conotações negativas em todas as culturas, e geralmente é considerado ruim quando associado com a mulher. Nossa mensagem é que é aceitável e até mesmo bom para as mulheres quebrar regras”, disse Elena Favilli, autora do livro.

Garotas Rebeldes no Brasil

No Brasil, o primeiro volume da obra foi lançado em 2017, pela V&R Editora. “Que essas valentes mulheres inspirem vocês. Que os retratos delas imprimam em nossas filhas e filhos a profunda convicção de que a beleza se manifesta em todas as formas, cores e idades”, diz o texto de apresentação no site da editora.

Algumas histórias podem ser ouvidas em narrações feitas por brasileiras em um podcast inspirado no livro. A youtuber Jout Jout conta a história da pirata irlandesa Grace O’Mally. Já Daniela Mercuy narra a trajetória da também cantora Maria Callas. A apresentadora de programas de televisão Astrid Fontenelle ficou por conta da espiã americana Virginia hall e Sarah Oliveira narra os passos da cientista Margaret Hamilton.

Entre as brasileiras que têm suas trajetórias contadas nos livros está a escritora Cora Coralina, a revolucionária Anita Garibaldi, e a jogadora de futebol Marta, que na última Copa do Mundo, em junho, conquistou o posto de maior artilheira de todas as Copas.

Além dos nomes famosos, o livro resgata também mulheres com menos visibilidade. É o caso de Coy Mathis, uma criança transsexual, nascida em 2007 nos Estados Unidos e de Nanny, líder dos quilombolas jamaicanos no século XVIII.

Fonte: https://www.huffpostbrasil.com