Falando em nome dos trabalhadores e das trabalhadoras do Brasil, Ricardo Patah, presidente Nacional da União Geral dos Trabalhadores, discursou na manhã de hoje, dia 9, na 104ª Conferência da Organização Internacional do Trabalho, que está acontecendo em Genebra, na Suíça.
Leia, abaixo, o discurso proferido pelo presidente Ricardo Patah:
SENHORAS E SENHORES AQUI REUNIDOS COM A IMPORTANTE MISSÃO DE TORNAR O MUNDO MAIS JUSTO E INCLUSIVO,
BOA TARDE!
São tempos difíceis estes que todos hoje enfrentamos, com tantas e sucessivas crises políticas e econômicas que explodem em diferentes países e regiões, muitas vezes com repercussões globais. São tempos em especial difíceis para os trabalhadores e trabalhadoras de todo o mundo diante de um modelo econômico intensamente CONCENTRADOR DE RENDA, como poucas vezes se viu.
O outro lado dessa ordem econômica e social é também de concentração, mas concentração da pobreza para a maioria dos povos, com sua exclusão da vida econômica, com a precarização do trabalho e a invisibilidade de todos aqueles que expulsos ou sem acesso ao trabalho decente lutam pela sobrevivência na INFORMALIDADE. Que é enorme e está presente em todos os países e chega a representar mais de 80% dos trabalhadores em algumas regiões do globo, como por exemplo na Ásia.
Chamamos a atenção para a importância que as cadeias produtivas globais representam neste cenário, e o risco para a conquista do trabalho decente no interior das cadeias sem o qual as condições de trabalho são cada vez mais precarizadas. E mais Senhores e Senhoras estas cadeias globais determinam o cenário político, econômico, social e ambiental em cada canto do planeta.
Em nome de todos os trabalhadores e trabalhadoras brasileiros e também, como porta-voz da UGT – União Geral dos Trabalhadores do Brasil, e diante de uma Assembleia que se reúne para tratar de temas importantes como a Transição da Economia Informal para a Economia Formal e das Pequenas e Médias Empresas, quero afirmar nosso compromisso inalienável com a construção de um mundo mais justo para todos e todas e com respeito à preservação dos recursos naturais para as gerações futuras.
Porque isso é possível, é sim Senhoras e Senhores: a América Latina continua sendo um espaço privilegiado de construção de avanços políticos, sociais e econômicos alternativos à orientação neoliberal. Nos países da região, podemos encontrar mudanças significativas na implementação de programas focalizados para os setores mais excluídos, produzindo uma nova geração de programas sociais que implicam uma transição para que a proteção social possa ser incorporada plenamente à matriz universal e não para aprofundar sua diferenciação.
Senhoras e Senhores
Para nós trabalhadores e trabalhadoras brasileiros, os desafios para construir um novo modelo de desenvolvimento que seja verdadeiramente sustentável podem ser expressos através de algumas premissas:
- erradicação da pobreza e distribuição da riqueza, na redistribuição justa, na corresponsabilidade e na ética da igualdade;
- a ciência deve estar voltada principalmente para impulsionar o desenvolvimento social, utilizando estes novos padrões tecnológicos no interesse da sociedade, do meio ambiente e do planeta, não só do capital;
Mais ainda, entendemos que construir sustentabilidade significa que:
- O sindicato deve ser reconhecido como sujeito criador de política e como tal não podemos falar de desenvolvimento se não falarmos da participação do sindicato como expressão orgânica dos trabalhadores e trabalhadoras;
- A liberdade sindical, a negociação coletiva e o direito de greve são direitos fundamentais e contribuem para a melhoria das condições de vida;
- Deve haver uma política de valorização do salário mínimo e políticas de garantia de renda contribuindo para a superação da pobreza;
- Devem ser estabelecidas medidas de reforço à regulação do mercado de trabalho e de formalização do trabalho informal, no caminho do trabalho decente;
- É preciso colocar o crescimento do emprego e da renda como um motor do crescimento da economia;
- A proteção social deve ser universal, para todos, portanto, um dever do estado;
- Que não se pode admitir mais a exploração, a precarização das condições de trabalho, flexibilização e o trabalho informal;
Finalmente, nos inspiramos, Senhoras e Senhores, na Declaração de Filadélfia, que afirma um dos princípios fundamentais sobre os quais se funda a OIT, ou seja:
“que a luta contra a necessidade deve ser conduzida com uma energia inesgotável por cada nação e através de um esforço internacional contínuo e organizado pelo qual os representantes dos trabalhadores e dos empregadores, colaborando em pé de igualdade com os Governos, participem em discussões livres e em decisões de caráter democrático tendo em vista promover o bem comum”.
E nosso principal objetivo deve ser o de construir e executar um projeto de sociedade centrado na valorização do Trabalho e na dignidade do Ser Humano.
Genebra, 09 de Junho de 2015
Ricardo Patah
Delegado da Bancada dos Trabalhadores Brasileiros
104ª Conferencia Internacional do Trabalho