Investigadores da Operação Lava Jato apuram se o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mantinha outras contas no exterior além daquelas já identificadas e bloqueadas pelas autoridades suíças.
Na semana passada, a Suíça comunicou o Brasil que iria transferir os autos de uma investigação criminal que corre no país europeu sobre Cunha para que a Procuradoria-Geral da República brasileira dê prosseguimento.
Recentemente, a equipe de procuradores que auxilia o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, nos acordos de cooperação internacional ligados ao esquema de corrupção na Petrobras recebeu reforço para intensificar o trabalho de investigação no exterior.
Segundo fontes próximas ao caso de Cunha no Ministério Público suíço, o parlamentar foi informado sobre o bloqueio de contas das quais é beneficiário "há um bom tempo".
O primeiro contato sobre o ocorrido teria sido realizado pelo próprio banco, que tem o dever de informar ao cliente o que ocorre em termos de suas contas e sua relação com a Justiça. Conforme fontes, ele também teria sido oficialmente informado pela Justiça da Suíça sobre os motivos do congelamento.
Barusco
O mesmo procedimento de congelamento de contas ocorreu com Pedro Barusco, ex-diretor da Petrobras. Em março de 2014, ele tentou fazer uma série de transações quando as autoridades que já o monitoravam. O dinheiro foi bloqueado.
Em alguns casos, o dinheiro nem sequer saiu da conta original. Em outros, foi na conta de destino que os valores foram congelados. Em ambos os casos, porém, Barusco foi informado pelo banco assim que os valores foram bloqueados.
A investigação no país europeu foi aberta em abril. O MP suíço informou aos procuradores brasileiros que Cunha abriu empresas de fachada para esconder seu nome nos registros bancários na Suíça.
Após a divulgação de que a Suíça transferiu para o Brasil a investigação criminal, Cunha disse que não tomou conhecimento de "absolutamente nada" a respeito das denúncias veiculadas. Em comunicado na sexta-feira passada, o deputado rechaçou a existência de empresas de fachada e disse "desconhecer o teor dos fatos veiculados".
O Ministério Público na Suíça, por enquanto, se recusa a informar qual o banco que mantinha as quatro contas relacionadas ao deputado. Mas garante que foi a própria entidade que se surpreendeu com as movimentações e decidiu informar as autoridades sobre suspeitas de lavagem de dinheiro. O caso é mantido em segredo na Procuradoria-Geral da República, em harmonia com as determinações suíças. Até o momento, procuradores aguardam a chegada do material completo das apurações para decidir o que fazer com os dados.
O procurador-geral da República pode abrir um novo inquérito, para dar continuidade às investigações ou oferecer diretamente uma denúncia, se a avaliação for de que o caso está avançado.
Cunha já foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal por corrupção e lavagem de dinheiro. Ele é acusado de receber propina de US$ 5 milhões em contratos de navios-sonda da Petrobras. O peemedebista nega. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".