Últimos na fila de vacinação, jovens se infectam mais e chegam a desenvolver formas graves da covid-19
“Um jovem que vai a uma festa clandestina corre o risco de se infectar e, pior, quando voltar para casa infectar seus parentes queridos”, alerta Gonzalo Vecina – Foto: Reprodução
O relaxamento das medidas de distanciamento social no estado de São Paulo fez aumentar a contaminação e a morte pela covid-19 em jovens e jovens adultos. Segundo dados da Fundação Seade, vinculada ao governo paulista, a taxa de óbitos entre pessoas de 20 a 59 anos subiu 40% desde o começo de janeiro. No início do ano, eram 20 mortes nessa faixa etária a cada 100 óbitos. Mas, agora, a proporção já aumentou para 28. O maior volume de infectados ocorre em um momento complicado, em que há muitos casos e poucos leitos de UTI. E festas clandestinas a todo momento são flagradas e denunciadas.
No começo de março, após o aumento no número de internações, o governador João Doria (PSDB) colocou o estado na fase vermelha do Plano São Paulo, o que restringiu atividades comerciais não-essenciais por 15 dias para impedir maior circulação do vírus. Porém, grandes aglomerações continuam acontecendo. No último dia 17, a Polícia Civil fechou uma casa de eventos na região da Freguesia do Ó, zona norte da capital, que funcionava clandestinamente.
A Secretaria estadual de Segurança Pública divulga que, desde o dia 26 de fevereiro, 619 festas clandestinas foram interrompidas em São Paulo. Quem mora perto de bares e casas de eventos, como o trabalhador autônomo Igor Perez, se preocupa com a disseminação do vírus. Segundo ele, esses estabelecimentos continuam funcionando mesmo com as restrições do plano São Paulo. Morador da região da Freguesia do Ó, por dividir o lar com os avós, ele teme trazer o vírus para dentro de casa e colocar em risco a saúde dos idosos por irresponsabilidade dos outros.
E o ônibus lotado?
Presidente do Coletivo AçãoGueto e morador de Paraisópolis, zona sul, Gabriel Finamore diz que a situação na comunidade também é crítica. Operações policiais na região para coibir bailes funks são cada vez mais frequentes, afirma. Por outro lado, o presidente do Instituto Seci, Guilherme Ferreira, que realiza trabalho esportivo, cultural e educacional com crianças e adolescentes da comunidade Capuava, em Santo André, e de áreas próximas, observa que muitas vezes é indagado pelos adolescentes sobre o porquê de eles pegarem ônibus lotados ou venderem balas no farol, mas não poderem brincar com os amigos na rua ou ir a festas no bairro.
“Existem várias situações de extrema vulnerabilidade dessa garotada. Então, para você argumentar para eles que não podem estar aglomerados em um momento como esse, eles falam ‘mas e na hora que eu tenho que fazer tal coisa e pego ônibus?. E na hora que estou no trem lotado?’. Então esse é um problema também”, aponta o presidente do Instituto Seci.
Disseminação do vírus
Para o médico infectologista Gonzalo Vecina, as festas clandestinas, contudo, são pontos de disseminação da doença. Vecina alerta que, para podermos aproveitar o próximo ano, devemos manter o compromisso coletivo com a saúde. O que significa respeitar o distanciamento e as medidas de proteção ainda em 2021.
“Um jovem que vai a uma festa clandestina corre o risco de se infectar e, pior, quando voltar para casa, infectar seus parentes queridos. Estamos enfrentando um aumento do número de pacientes jovens internados, além do aumento muito grande de pacientes (no geral). Há muitos jovens morrendo porque estão dando moleza para essa ‘gripezinha’. Temos que ter o compromisso, este ano ainda, de evitar a doença. Não há razão para a gente se entregar a ela agora”, conclui.
Fonte: Rede Brasil Atual