O IBGE divulgou hoje (15) o relatório do dimensionamento emergencial da população em áreas indígenas e quilombolas, produzido em caráter de urgência em 2020 e agora disponível, com o detalhamento da metodologia utilizada. Com isto, o IBGE sinalizou uma estimativa de 1.108.970 pessoas residentes em localidades indígenas e 1.133.106 residentes em localidades quilombolas no Brasil.
A publicação Dimensionamento emergencial de população residente em áreas indígenas e quilombolas para ações de enfrentamento à pandemia provocada pelo coronavírus foi gerada a pedido do Ministério da Saúde, com o objetivo de planejar a imunização de grupos vulneráveis. Utilizando uma combinação de dados do Censo 2010 com a versão mais atualizada da Base Territorial, que estima o número de domicílios ocupados, o estudo levou em consideração áreas já mapeadas no planejamento do próximo Censo, a ser realizado em 2022.
“Muito do que foi divulgado só foi possível graças ao planejamento do próximo Censo, com o mapeamento e a criação de uma base territorial que contempla a autodeclaração das comunidades quilombolas. Isso é inédito”, explica a analista responsável pelo Projeto de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE, Marta Antunes.
Por isso mesmo, ela faz questão de frisar o caráter experimental da estimativa emergencial. “Somente com o Censo 2022 nós vamos conhecer a população quilombola. O que fizemos até aqui é uma metodologia de estimação muito específica, para um momento específico, com um uso específico. Esses dados não podem ser usados como estimativa populacional para outra finalidade”, alerta Marta.
O gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do IBGE, Fernando Damasco, ressalta a importância da divulgação desses dados, em tempo hábil, para as secretarias de saúde e gestores locais. “O grande avanço que essa estimação dá é revelar concentrações populacionais desses grupos nos municípios, porque muitas vezes não são conhecidos pelo poder público local. A própria prefeitura, que executa o Plano Nacional de Imunização, muitas vezes desconhece que essas comunidades estão lá”.
Os resultados, como observam os pesquisadores, superam a missão de atender a uma demanda pontual. “Mesmo com limitações, a visibilidade da população quilombola é algo muito importante, que vai além do plano de imunização”, comenta Marta, a respeito das potencialidades trazidas pela atenção especial a grupos vulneráveis. Damasco acrescenta que “os resultados já dão indícios do que o Censo Demográfico vai trazer e, com isso, também dão pistas de como atuar para a captação dessas populações no próximo Censo”.
Maioria da população em áreas quilombolas está na região Nordeste
A estimativa mostrou que, de 1,13 milhão de residentes em localidades quilombolas no Brasil, 698,1 mil estão na região Nordeste, com destaque para os estados da Bahia (268,6 mil) e do Maranhão (170,9 mil), que juntos concentram quase metade da população brasileira em áreas quilombolas. O terceiro estado em número de população é Minas Gerais (130,8 mil), seguido do Pará (129,8 mil). As regiões Sudeste e Norte têm, respectivamente, uma estimativa de 172,0 mil e 154,9 mil pessoas. A região Sul, 73,0 mil, e a Centro-Oeste, 35,0 mil.
Apenas os estados do Acre e Roraima não têm essa população dimensionada. “O que percebemos é a presença de população em área quilombola em quase todos os estados, e isso mostra que é uma população bastante dispersa. Há um número significativo de municípios em que essa população está presente”, comenta Fernando Damasco.
População em áreas indígenas é estimada em 560,4 mil pessoas na região Norte
Os estados com maior população estimada em áreas indígenas são Amazonas (284,5 mil), Mato Grosso (145,3 mil), Pará (105,3 mil) e Roraima (83,8 mil). Juntos, eles contabilizam 55,8% do total de residentes em áreas indígenas. Pernambuco (80,3 mil) e Mato Grosso do Sul (78,1 mil) também mostraram maior número de pessoas em áreas indígenas. As populações nos demais estados não ultrapassam 50 mil pessoas. Por regiões, a liderança é a região Norte (560,4 mil), seguida da Nordeste (234,7 mil), Centro-Oeste (224,2 mil), Sul (59,9 mil) e Sudeste (29,8 mil).
IBGE contra a Covid-19
O IBGE disponibilizou diversos resultados de pesquisas, que podem ser cruzados e contribuir com o combate à pandemia causada pelo novo coronavírus. O hotsite reúne os dados, além de informações sobre parcerias com outros órgãos públicos, como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e as mudanças nas rotinas e projetos do Instituto durante o período de distanciamento social.
Fonte: Agência IBGE