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Editorial – Marco Aurélio C. de Oliveira - Presidente Sintratel São Paulo 

           Tão bem finalizamos nossa Campanha Salarial 2019, onde mesmo diante de um cenário econômico adverso e as armadilhas que a Reforma Trabalhista nos proporciona, obtivemos um reajuste de 6,49% frente ao salário mínimo, dando continuidade a politica de valorização dos salários normativos da categoria e já adentrando nas próximas pautas que o ano nos reserva.

Como forma de dar continuidade na política de avanços para melhoria da qualidade de vida e trabalho, entraremos agora nos processos de Acordos Coletivos por empresas, nos quais as demandas especificas são tratadas diretamente. Sempre contando com a anuência dos trabalhadores e trabalhadoras.

Outro ponto que nos desperta a atenção e que vem sendo muito divulgado, mas pouco tratado na ótica dos trabalhadores, é a chamada 4ª Revolução Industrial, com o advento da introdução da Inteligência Artificial (IA) ao mundo do trabalho, tema que abordamos em nosso Especial do Voz Ativa, onde entrevistamos a professora, socióloga e estudiosa do nosso setor, Selma Venco.

A entrevista traz aspectos para pensarmos e refletirmos, como o trabalho repetitivo e monótono são pertinentes de serem substituídos. O que causa grande preocupação, no caso brasileiro e de países com baixo desenvolvimento. O que vai acontecer com esses trabalhadores(as) substituídos pela IA? Uma vez que nenhum programa de qualificação profissional é criado e sequer estamos vislumbrando de algum projeto por parte dos governos para esse processo, a preocupação inexiste?

Em nosso setor não é diferente, já sofremos grande presença da IA substituindo atendentes. Os empresários reforçam a ideia de que a tecnologia vai contribuir e que nosso setor terá menos trabalhadores(as), porém com maior qualificação e melhores salários. Apesar dessa promessa, não explicam como isso vai acontecer, o que nos leva a pensar que será a lei da sobrevivência, do mais forte.

Não devemos nos opor a realidade e a tecnologia, pois esta é irreversível, mas precisamos trazer a discussão enquanto atores sociais, do pacto pelo emprego e da distribuição de renda. Os governos precisam resguardar e garantir que essa transição seja feita levando em consideração o emprego como mecanismo de dignidade e cidadania. Nos E.U.A. os postos de gasolina são automáticos, já no Brasil por força da luta da categoria dos frentistas, mantiveram esses postos de trabalho. No caso dos cobradores de ônibus, também, mesmo que agora esteja ocorrendo gradualmente a mudança.

Recentemente nosso setor de Telemarketing, foi um dos protegidos com a manutenção da desoneração da folha, luta essa que contribuímos tendo como princípio, a manutenção dos empregos. Então nada mais justo que o sindicato, dentro dessa conta geral entre tecnologia, subsídio, transformação do mundo do trabalho e setor econômico, contribua no debate para que o impacto não ocorra somente para quem está do outro lado da linha, e por enquanto, ainda atende.