Segundo Rodrigo Garcia (PSDB), convênio com entidade de saúde referência em câncer continuará pelos próximos anos
O convênio do Governo de São Paulo com o hospital A.C. Camargo vai "continuar nos próximos anos", anunciou nesta quinta (18) o governador Rodrigo Garcia (PSDB) após reunião com diretores da entidade, que é referência no tratamento de câncer.
O hospital havia decidido que deixaria de atender os pacientes do SUS a partir de dezembro, conforme antecipado pela Folha. A justificativa da entidade para a medida era a defasagem na tabela.
De acordo com o governador, as secretarias estadual e municipal da Saúde vão complementar recursos para que o hospital continue o atendimento no setor público, centrando esforços nos casos mais complexos. O prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), também participou da reunião.
Segundo Victor Pereira de Andrade, CEO do hospital, a unidade atenderá casos de maior complexidade e, quando ficar estável, o paciente será encaminhado para outras unidades.
"O A.C. Camargo é um hospital de natureza filantrópica. Desde a sua existência a gente atende pacientes do setor público. É com alegria que a gente chega ao fim dessa reunião encontrando um modo de continuar fazendo isso", declarou após o encontro.
Segundo ele, na prática, o hospital não havia desistido de colaborar com o setor público, mas para isso estava reposicionando sua estratégia de responsabilidade social, com foco em prevenção. "É uma satisfação grande saber que a gente vai ter sustentabilidade para continuar prestando o serviço que prestamos hoje."
A notícia do fim do atendimento pelo SUS havia sido recebida com preocupação por ONGs de apoio a pacientes com câncer, principalmente considerando a fila de mais de 3.000 pessoas no estado aguardando tratamento oncológico nos Cacons (Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia), reguladas pela plataforma Cross (Central de Regulação de Serviços de Saúde).
Para as entidades, o encerramento representaria risco de aumento na fila e atraso no tratamento, além de abalar os pacientes que necessitariam ser transferidos e afetar o treinamento de futuros profissionais.
Segundo Andrade informou ao anunciar a decisão anterior, enquanto o SUS paga R$ 10 por uma consulta médica, os convênios reembolsam, em média, R$ 100. A variação também é grande em tratamentos como quimioterapia e radioterapia.
Por conta da diferença, todos os anos o A.C. Camargo tem de aportar recursos próprios, vindos dos atendimentos particulares. Em 2021, por exemplo, a receita do SUS foi de R$ 36 milhões e o hospital teve de injetar mais R$ 98,46 milhões.
O valor defasado já vinha alterando o perfil de atendimento. Em 2017, a instituição atendeu 1.500 novos pacientes do sistema público, enquanto neste ano foram apenas 96. Ao todo, são 6.500 pacientes SUS, sendo que 1.500 já haviam sido transferidos pela gestão municipal para outros centros oncológicos.
Fonte e Foto: Folha de São Paulo