Agrônomo da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, Fernando Rati, diz que alternativas para inimizar danos incluem pulverização aérea ou terrestre; ameaças às plantações e lavouras podem prejudicar produtores rurais e comunidades locais. 

 

O Escritório no Brasil da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, está acompanhando a movimentação de uma invasão de gafanhotos do deserto, que ocorre no país vizinho, a Argentina. 

 

Segundo a mídia local, as nuvens estão se formando rapidamente e podem chegar ao estado do Rio Grande do Sul, no Brasil. A ONU News conversou com o agrônomo da Unidade de Programa da FAO, em Brasília, Fernando Rati, que falou sobre as formas de responder a esse fenômeno, que tem destruído plantações inteiras em países do leste da África, como o Quênia, e em outras partes.  

 

Prevenção 

“Com relação a essa onda de gafanhotos que possa atingir o Brasil nos próximos dias e nas próximas horas, o método de prevenção mais importante nesse momento é um plano de monitoramento de como está sendo o deslocamento dos gafanhotos em tempo real. Principalmente junto às autoridades dos países Argentina e Uruguai. O Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento aqui do Brasil, liderado pela ministra Tereza Cristina, já tem uma equipe de técnicos e autoridades.”  

Na terça-feira, autoridades argentinas informaram que os gafanhotos do deserto haviam sido vistos na região de Santa Fé, a 250 km da fronteira com o Brasil. A informação foi dada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural e o Ministério da Agricultura da Argentina a veículos da imprensa argentina. 

 

O especialista da FAO contou que com a melhor forma de combater a praga é com a pulverização aérea, e citou alguns passos tomados pelas autoridades brasileiras. 

 

Pulverizacão 

“Eles estão monitorando em tempo real esse tema. Caso a concentração dos gafanhotos atinja o Brasil o ideal é que as regiões que serão afetadas, elas sejam notificadas com um determinado tempo hábil para tomar as devidas precauções. Sobre os métodos que nós temos hoje para o controle dos gafanhotos nós enxergamos os dois que têm a ver com a pulverização: o primeiro é a pulverização terrestre, utilizamos pulverizadores só que com otimizador em faixas que é mais efetivo. A pulverização aérea, por aviões, é mais eficiente que a terrestre."

 

De acordo com Fernando Rati, lidar com gafanhotos requer muita atenção fitossanitária.  

 

Ele destacou que é muito importante consultar o melhor ingrediente ativo a ser utilizado nesse controle e tomar cuidados com todos os seres vivos na área a ser pulverizada como acontece em outros países que passam pela invasão. 

 

Na Argentina, produtores do norte do país estão preocupados com a ameaça de milhares de gafanhotos do deserto arrasarem plantações e pastagens. Os danos ainda não foram calculados, mas estima-se que milhares de hectares de plantações podem ser perdidos.

 

Praga  

A FAO considera o gafanhoto do deserto “a praga migratória mais destrutiva do mundo”. Uma nuvem de um quilômetro quadrado desses insetos pode consumir a mesma quantidade de alimento que 35 mil pessoas em um dia.  

 

A preocupação da agência é com uma crise humanitária que pode vir a ser gerada por tal situação. 

 

Países do leste da África como Etiópia, Somália, Eritreia, Djibuti, Quênia, Sudão, Etiópia, Uganda e Sudão do Sul vivem danos causados pelo pior surto de gafanhotos do deserto em décadas. 

A situação começou em 2019 na Ásia, quando o  Iêmen, a Arábia Saudita, o Irã e parte da fronteira indo-paquistanesa viram chegar os primeiros insetos após fortes chuvas.

 

Fonte: ONU