Adoção dessas medidas devolveria respeito internacional ao Brasil e credenciaria o país a sediar uma nova rodada da Conferência das Partes (COP) da ONU sobre as Mudanças Climáticas, já em 2023

 

Parte da solução dos problemas e não entrave, a política ambiental de um eventual governo Lula e Alckmin deve ter entre seus eixos principais a adoção de medidas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa pelo Brasil. Por acreditar nisso, especialistas levaram esta e outras reivindicações à mesa de diálogos da frente Vamos Juntos pelo Brasil, que recolhe contribuições para o plano de governo da chapa à Presidência da República.

Ex-presidenta do Ibama na gestão 2016-2019, a coordenadora do Observatório do Clima, Suely Araújo, lembrou que o Brasil é o sexto maior emissor de gases de efeito estufa do planeta. Mas que pode ser o primeiro país no ranking do carbono negativo. Ou seja, liderar o time daqueles que menos degradam o meio ambiente, resultando em vantagens socioeconômicas com justiça social. “O próximo governo terá dificuldades para isso, mas deve começar rápido e forte. Porque passará a ser cobrado de imediato”, disse Suely.

Entre as medidas que um eventual governo Lula pode adotar para reduzir as emissões de gases de efeito estufa está o estímulo à chamada Agricultura de Baixo Carbono (ABC). Trata-se de uma modalidade que consiste no respeito à natureza e adoção de tecnologias para mitigar os impactos inerentes.

Agronegócio e os gases de efeito estufa
Isso porque a agropecuária hegemônica praticada no Brasil está diretamente associada às altas emissões. Os grandes vilões são o desmatamento e as queimadas, que em 2019 responderam por 44% da liberação desses gases no Brasil. Essa prática tem por trás a ação do agronegócio, com o avanço do gado e da produção de soja sobre a Amazônia e outros biomas. Além disso, a pecuária é um grande emissor por meio do processo digestivo dos animais e também da fermentação dos depósitos de fezes.

“O futuro governo deve estabelecer que o Plano Safra só conceda financiamentos a projetos que se comprometam com a agricultura de baixo carbono, que hoje fica com apenas 2% dos recursos”, disse. Para ela, um “revogaço”, como o defendido pelos povos indígenas, não se aplicaria ao Meio Ambiente. Isso porque não traria de volta o arcabouço institucional anterior.

Para os participantes da mesa de diálogo, promovida nesta quarta-feira (20), a adoção dessas medidas credenciaria o Brasil a sediar uma nova rodada da Conferência das Partes (COP) da ONU sobre as Mudanças Climáticas. A próxima será em novembro próximo, no Egito.

Proteção ambiental e desenvolvimento econômico
A proteção ambiental na perspectiva de fonte de desenvolvimento econômico foi defendida pelo deputado federal Camilo Capiberibe (PSB-AP), que propôs a criação de um órgão ou empresa estatal que fomente e coordene projetos econômicos sustentáveis.

“Seria algo na linha do BNDESPar, um organismo que canalize iniciativas ambientalmente responsáveis”, disse Capiberibe, que já foi governador do Amapá. Ele citou como exemplos de projetos nessa linha as cooperativas que tẽm gerado iniciativas criativas, como o vinho de açaí. “Aprimorar tecnologias e impulsionar empreendimentos”.

Outra reivindicação é a modernização do setor elétrico na perspectiva da taxa zero de carbono, com reflexos na reindustrialização brasileira e no planejamento das áreas urbanas – outra prioridade.

Para os especialistas, a preservação da sociobiodiversidade terá de ser prioridade não só do Ministério do Meio Ambiente. Mas de todas as pastas, que deverão ter esses valores permeados em suas políticas e metas de reconstrução do país.

Confira:


Fonte: Rede Brasil Atual