Em 2021, 1% dos brasileiros com renda mais alta tiveram rendimento 38,4 vezes maior que os 50% que ganham menos
O Brasil viu diminuir o rendimento da população e aumentar a desigualdade em 2021, segundo pesquisa do IBGE divulgada nesta sexta-feira (10). Assim, “o 1% da população brasileira com renda mais alta teve rendimento 38,4 vezes maior que a média dos 50% com as menores remunerações”, destaca o instituto. E a queda foi maior para quem ganha menos.
A pesquisa também mostra a desigualdade de renda no país em 2021. Após relativa estabilidade em 2019 (0,544) e queda em 2020 (0,524), o índice de Gini do rendimento médio mensal domiciliar por pessoa aumentou em 2021, voltando ao patamar de dois anos antes (0,544). Quanto maior o Gini, maior a desigualdade.
Entre 2020 e 2021, a desigualdade aumentou em todas as regiões, sobretudo no Norte e no Nordeste. Alessandra Scalioni explica: “São regiões onde o recebimento do auxílio-emergencial atingiu maior proporção de domicílios durante a pandemia de COVID-19 e que, por isso, podem ter sido mais afetadas com as mudanças no programa ocorridas em 2021”. A Região Nordeste se manteve com o maior índice de Gini em 2021 (0,556), enquanto a Região Sul apresentou o menor (0,462).
Já no que diz respeito apenas ao rendimento médio mensal de todos os trabalhos, o índice variou negativamente de 0,500 para 0,499. Esse resultado demonstra que o retorno de parte da população ocupada em 2021 reduziu a média de rendimento e não modificou o perfil da distribuição de renda do trabalho no país.
Auxílio emergencial
Ainda segundo o IBGE, o percentual de pessoas com algum rendimento, de qualquer tipo, também caiu, de 61% para 59,8%, e retornou a 2012, menor nível da série. O percentual de “Todos os trabalhos” subiu de 40,1% para 41,1%, “o que corrobora o aumento de ocupação no país”. Mas houve queda no demais itens (“outros rendimentos ” e “outras fontes”). A renda do trabalho corresponde a 75,3%, enquanto aposentadorias e pensões representam 18,2%. A pesquisa considera ainda itens como aluguel, pensão, doação, mesada e programas sociais. Na questão do auxílio emergencial, “há menos gente ganhando e o valor também diminuiu”, observa a analista do IBGE.
Além disso, a Pnad mostra desigualdade de renda: o índice de Gini do rendimento médio mensal domiciliar por pessoa aumentou e retornou ao patamar de 2019: 0,544. Quanto maior o número, maior a desigualdade, que cresceu em todas as regiões, mas principalmente no Norte e no Nordeste. “São regiões onde o recebimento do auxílio emergencial atingiu maior proporção de domicílios durante a pandemia de covid-19 e que, por isso, podem ter sido mais afetadas com as mudanças no programa ocorridas em 2021”, diz Alessandra.
Aposentadoria e Pensão estão no nível mais baixo da série histórica
O módulo de rendimento da PNAD Contínua divulgou, ainda, que em 2021, dois tipos de rendimento chegaram ao menor valor médio mensal da série histórica: Aposentadoria e Pensão (R$1.959) e outros rendimentos (R$ 512). Desta forma, o item “Outras fontes”, que engloba, além desses, aluguel e arrendamento (R$ 1.814) e pensão alimentícia, doação e mesada de não morador (R$ 667), teve média de R$ 1.348, também atingindo o valor mais baixo da série.
Essas quedas explicam o motivo do índice global, que mede a renda média mensal da população com rendimento considerando todas as fontes, também ter chegado ao menor valor da série histórica: R$ 2.665
Para a analista da pesquisa, a inflação ajuda a explicar essas quedas. “Os valores da aposentadoria acompanham o reajuste do salário-mínimo e grande parte dos aposentados ganha o piso. Como os reajustes não estão compensando a inflação, é natural essa perda de valor”, afirma Scalioni. Já o item outro rendimento também é explicado com as alterações nas concessões e nos valores do auxílio-emergencial.
Fonte e Foto: Rádio Peão Brasil