Região do Masp, na Avenida Paulista, ficou tomada por manifestantes em defesa da educação e contra os cortes orçamentários anunciados pelo governo federal. Atos ocorreram em todo o país / Foto: Mídia Ninja
Professores, estudantes e trabalhadores da educação de todo o Brasil amanheceram em luta neste 15 de maio, data que marca a primeira greve nacional contra políticas do governo Jair Bolsonaro (PSL). Segundo a União Nacional dos Estudantes (UNE), que convocou os atos, 1,5 milhão de pessoas foram aos protestos. Novas manifestações devem ocorrer em 30 de maio.
Além dos cortes – de 30% no orçamento das universidades federais –, Jair Bolsonaro agrediu os que lutam por melhorias no setor. Chegou a chamar os manifestantes de “idiotas úteis”, enquanto seu ministro da pasta, Abraham Weintraub, disse que as universidades brasileiras “promovem balbúrdia”.
“Temos que assumir um compromisso aqui: vamos educar o Bolsonaro. Ele precisa ser educado, precisa conhecer o Brasil. Vamos em nossa missão até que ele aprenda alguma coisa”, afirmou o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) para um público estimado em 120 mil pessoas na Avenida Paulista, na região central de São Paulo. Esta é a maior onda de protestos que o governo enfrentou, após anunciar cortes na educação.
Haddad lamentou a postura do governo. “Precisamos de respeito para que as pessoas possam estudar em paz e se desenvolverem como cidadãos, membros da nossa comunidade política. Na hora que ele reunir a informação do que está acontecendo no Brasil, ele vai ficar muito apavorado. Belo Horizonte está cheio, Porto Alegre, Campinas, Recife, Fortaleza”, disse. Mais de 40 cidades registraram grandes atos.
Dimitri Dimoulis, de 53 anos, foi para a Avenida Paulista com seu filho Hector, de 15. “Viemos protestar contra o desmonte do pouco que existe na educação pública. Está na Constituição que a educação é dever do Estado”, disse Dimitri. Seu filho concordou: “Como cidadão, tenho direito de ter uma boa educação gratuita. Está na lei”, disse.
Já a estudante da Universidade de São Paulo (USP) Jade Resende falou sobre os ataques do governo. “Os cortes na educação afetam muito o país todo. Para nós, que estamos na universidade pública, é um impacto muito grande. Estamos lá todo dia e vemos a importância. Sabemos que não é bagunça como o governo fala. Sabemos que sai muita coisa boa e fundamental par ao país. Esses cortes, sabemos que são prejudiciais.”
Vinícius Araújo, que também estuda na USP, lembrou que, inicialmente, os cortes foram anunciados em universidades federais, mas acredita que isso pode mudar, se nada for feito. “Sabemos que anunciaram o corte de 30% das federais. Tudo que podem cortar. É importante que todos se mobilizem. Mesmo quem não é das federais vai sofrer com os cortes, porque o projeto é o mesmo. A mobilização deve ser contínua. É muito bom assumir a frente, lutar sem medo de nada. Não temos limites e ninguém vai nos parar.”
Já Tainá Galvão, universitária e artista, comemorou a presença em massa de estudantes e trabalhadores. “Muito importante o dia de hoje. Temos que nos organizar enquanto base, enquanto povo. Temos que fazer isso e muito mais. Temos que estar juntos como coletivo porque eles têm medo da gente”, afirmou, contando ter conversado com pessoas mais velhas durante a manifestação. “Nós vamos mudar alguma coisa. No metrô, encontrei com duas senhoras que disseram que fizeram tanto no tempo delas e elas não acreditam que estão de novo. Temos que nos unir, largar as redes sociais e vir na carne, para a rua.”
A paralisação antecedeu e faz parte do calendário de organização da greve geral de todas as categorias, convocada para 14 de junho. A paralisação de todas as categorias no próximo mês tem como objetivo barrar a proposta de reforma da Previdência, apresentada pelo governo de Jair Bolsonaro.
Fonte: Rede Brasil Atual