Mais de 7 milhões de brasileiros estão com, pelo menos, 14 dias de atraso para tomar a segunda dose. “Atraso pode comprometer seriamente a efetividade das vacinas no país”, relata a Fiocruz

 

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou na noite de ontem (28) um estudo novo sobre o panorâma da vacinação no Brasil. A entidade identificou que 11% de pessoas que já deveriam ter tomado a segunda dose de alguma das vacinas contra a covid-19 ainda não o fizeram. Isso representa mais de 7 milhões de brasileiros que deveriam estar com o esquema completo, mas não estão. O boletim da Fiocruz observa que esse percentual é cada vez maior à medida em que se em que se consideram menor de número de dias de atraso.

 

Detalhes

O boletim da Fiocruz detalha o atraso nas segundas doses por cidade e também por vacina. A taxa de atraso para a AstraZeneca é de 15%, da Coronavac é de 32%, e da Pfizer 1%. O menor atraso da Pfizer, segundo a entidade, tem relação com menor número de doses administradas e, também, por ser a última vacina a entrar em circulação no país; a primeira dose foi administrada em maio.

Em relação aos estados, o Ceará aparece com o maior número de faltosos, com 33%. Na sequência vem a Bahia, com 18,8%; o Rio de Janeiro, 16,5%; o Sergipe, 15,7%; e o Mato Grosso do Sul, 14%. No lado oposto, com menor número de atrasos, estão o Rio Grande do Norte, com 5,4%; o Mato Grosso, com 5,7%; o Paraná, com 6,1%; o Tocantins, com 6,4%; e Santa Catarina, com 6,5%. O total exato de indivíduos com mais de 14 dias de atraso é de 7.362.765.

Balanço

A atenção à segunda dose é essencial em um cenário de interrupção na queda das mortes por covid-19, observada especialmente desde junho. A Fiocruz indica que esta porcentagem deve ser superior a 70% para se começar a superar o surto. Tomaram a primeira dose 74,72% e estão totalmente imunizados 44,25% dos brasileiros – mas se não fossem os atrasados, essa taxa de vacinação completa poderia estar próxima dos 50%..

 

 

 

Hoje (29), o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass) notificou 676 mortes em 24 horas. Com o acréscimo, são 596.122 vítimas da covid-19 no Brasil, sem contar com ampla subnotificação. No mesmo período foram registradas 17.756 infecções, totalizando 21.399.546 desde o início da pandemia, em março de 2020. A média móvel de mortes, calculada em sete dias, está em 544. Este índice está estável desde o dia 10 de setembro. O mesmo movimento é percebido em relação a número de casos, com média diária de 16.568.

 

“Infelizmente os sinais de reversão continuam aparecendo, em alguns estados mais que outros”, afirma o pesquisador da Rede Análise Covid-19 Isaac Scharstzhaupt. Entre os motivos para essa virada tendência de melhora da pandemia está, possivelmente, o feriado de 7 de setembro, que contou com manifestações golpistas incentivadas pelo presidente Jair Bolsonaro. Na ocasião, seus apoiadores, seguindo “exemplo” do ocupante da Presidência, não usaram máscaras ou adotaram medidas protetivas contra o vírus. “É importante exercer cautela (…) Usem máscara de boa qualidade (PFF-2) bem vedada, fiquem sempre em locais ao ar livre ou bem ventilados e lembrem do distanciamento físico”, completa o especialista.

 

Fonte: Rede Brasil Atual