Até as 19h desta segunda-feira, monopólio de Mark Zuckerberg nas redes sociais deixou milhões de usuários na mão
Até funcionários do Facebook tiveram dificuldades para ingressar no prédio onde trabalham, na Califórnia, e tentar resolver o problema que deixou também WhatsApp e Instagram fora do ar hoje (4). Metade desta segunda-feira, desde por volta das 12h (horário de Brasília), transcorreu sem o funcionamento desses que são os principais aplicativos utilizados em todo o mundo e pertencem ao Facebook. Até as 19h a situação era a mesma. Os aplicativos não carregavam e era impossível atualizar as páginas, postar imagens, enviar ou receber mensagens. Instagram e Facebook começaram a “voltar” pouco depois das 19h. Meia hora depois, o WhatsApp, instável, voltou primeiro nos celulares e, depois, permitindo a sincronização com o Web WhatsApp, em computadores .
Não é a primeira vez que essa saída geral do ar acontece. Em junho do ano passado Facebook, Instagram e WhatsApp passaram por instabilidade durante cerca de duas horas e meia. À época, o Facebook informou como causa da falha um “ajuste de configuração”.
Diante do caos, as ações do Facebook na Bolsa de Nova York, a Nasdaq, segundo maior mercado de ações do mundo, registraram queda de quase 5% hoje diante da instabilidade registrada nos aplicativos, informa o UOL. O resultado foi uma queda de US$ 7 bilhões na fortuna de Mark Zuckerberg, dona das empresas.
Substancialmente pior
O dia também foi marcado pela repercussão das revelações de uma ex-funcionária do Facebook que ontem (3) assumiu sua identidade no programa 60 Minutes, da emissora norte-americana CBS News. Frances Haugen foi responsável por vazar documentos alegando que a empresa sabia que suas plataformas estavam alimentando o ódio e prejudicando a saúde mental de crianças e adolescentes.
A especialista em dados, de 37 anos, já trabalhou também para empresas como Google e Pinterest. E afirma que o Facebook é “substancialmente pior” do que tudo o que já viu antes. “Eu vi repetidamente conflitos de interesses entre aquilo que era bom para o público e o que era bom para o Facebook. E, todas as vezes, o Facebook escolheu só o que era melhor para ele e para seus lucros”, disse, sobre a empresa de Marc Zuckerberg.
Suspeitas
Segundo reportagem do Tilt, ainda não há uma explicação oficial para o problema. A principal suspeita é de que a culpa seja de uma falha no DNS —Domain Name System, ou Sistema de Nomes de Domínios. “É um protocolo que relaciona o endereço ‘nominal’ de um site ou aplicativo com o seu endereço real (número de IP, de Internet Protocol) nos bancos de dados da internet”, explica o site. “Quando ocorre uma falha em um desses servidores, o endereço IP fica fora de alcance. Até mesmo os funcionários da empresa ficam sem acesso às ferramentas internas usadas para configurar o sistema e corrigir o problema. É isso que parece estar prolongando a correção da falha nas empresas do Facebook.”
Sheera Frenkel, repórter do jornal norte-americano The New York Times, confirmou essa tese: “Acabei de falar ao telefone com alguém que trabalha para o FB que descreveu funcionários sem conseguir entrar nos prédios esta manhã para avaliar a extensão da pane porque seus crachás não funcionavam para abrir as portas”.
Ao entrar no Instagram, aparece a mensagem “DNS_PROBE_FINISHED_NXDOMAIN”, o que também leva a especulações sobre um erro desse tipo.
Prejuízo
Em tempos de pandemia, a dependência desses aplicativos tornou-se ainda maior ante uma situação de monopólio global das redes. Empresas que passaram a comercializar seus produtos e serviços por meio do WhatsApp, Instagram ou Facebook ficaram na mão. Em diversas publicações, donos de lojas virtuais que usam essas plataformas para comercializar produtos relataram seus dramas.
Sócio de uma loja virtual de sungas, Di Araújo contou ao g1 ter percebido os primeiros problemas de acesso por volta de 12h30. “É meio desastroso, pois eu tinha ficado de enviar um link de pagamento para um cliente quando o WhatsApp parou de funcionar. Sem contar na dificuldade de comunicação”, disse o comerciante do Ceará.
O mesmo aconteceu à chef de cozinha Daniella Goulart. A queda do WhatsApp representou prejuízo superior a 60% da venda de marmitas no Plano Piloto, em Brasília. “Foi terror e pânico. Vivemos o caos hoje. Posso dizer que 99% dos meus clientes pedem comida pelo WhatsApp, e ele parou justamente na hora mais pesada do meu delivery”, disse. O episódio, afirmou, fará com que pense novas estratégias de venda.
Sem retorno
Conhecidos pela pouca transparência na relação com os consumidores, o Facebook informa apenas que está investigando o que levou à instabilidade. Sempre sem previsão de retorno à normalidade.
Facebook, Instagram e WhatsApp utilizaram seus perfis no concorrente Twitter para informar que: “Estamos cientes de que algumas pessoas estão enfrentando problemas com o WhatsApp no momento. Estamos trabalhando para que as coisas voltem ao normal e enviaremos uma atualização assim que possível”. O Instagram tuitou: “O Instagram e amigos estão tendo um momento complicado agora e talvez você esteja com problemas para usá-los. Conte com a gente, estamos em cima disso”.
Ao virar a plataforma de comunicação que restou aos concorrentes, o Twitter não perdoou e brincou: Oi, literalmente todo mundo.
O caos nas plataformas das empresas de Mark Zuckerberg pode ter levado também a instabilidades nas operadoras de telefonia e internet, já que foram registradas reclamações também sobre esses serviços. O mesmo em relação ao Telegram, plataforma concorrente do WhatsApp.
Fonte: Rede Brasil Atual