A aprovação dos americanos aos sindicatos, que atingiu seu ponto mais baixo de 48% em 2009, durante a crise, chegou a 65%, a mais alta desde 2003. É o que mostra levantamento do Gallup sobre apoio público aos sindicatos. Segundo o instituto esse apoio era de 72%, em 1936, no advento do movimento trabalhista organizado americano moderno, e chegou a 75%, em 1953 e 1957. As classificações mais baixas até hoje foram gravadas durante períodos particularmente fracos economicamente. Isso inclui o final dos anos de 1970 e do início ao meio dos anos de 1980 – quando o apoio caiu abaixo de 60% pela primeira vez – e de 2009 até 2012, quando pairou ao redor de 50%.
Enquanto a última leitura, de uma pesquisa de 30 de julho a 12 de agosto, chega em uma época de grave convulsão econômica, ela não teve até agora um impacto negativo na visão pública dos sindicatos, como pouco mudou da leitura do último ano.
O apoio dos americanos aos sindicatos é politicamente polarizado, como tem sido desde 2001, quando o Gallup começou a rastrear a medida anualmente. A atual aprovação dos Democratas aos sindicatos de 83% é a mais alta no registro desde então. Ao mesmo tempo, 45% dos Republicanos e 64% dos independentes aprovam os sindicatos.
Em 2009, 66% dos Democratas, 29% dos Republicanos e 44% dos independentes viam sindicatos favoravelmente. Desde a Grande Recessão, a aprovação dos sindicatos recuperou-se entre todos os três principais grupos partidários.
A situação na crise de 2009
Em 2009, o Gallup constatou que enquanto 66% dos americanos continuavam a acreditar que os sindicatos eram benéficos para seus próprios membros, uma ligeira maioria dizia que os sindicatos prejudicavam a economia da nação. Mais amplamente, menos que metade dos americanos – 48%, o ponto mais baixo de todos os tempos – aprovavam os sindicatos, abaixo de 59% um ano atrás.
Esses resultados são da edição de 2009 da pesquisa anual de Trabalho e Educação do Gallup. O número mais baixo anterior era de 55%, constatado tanto em 1979 e 1981.
O trabalho organizado foi posto na berlinda quando o Congresso considerou um grande pacote de resgate para a enferma indústria automobilística dos EUA. A pesquisa do Gallup na época constatou um substancial segmento de americanos culpando os sindicatos automobilísticos pelos problemas da indústria, embora mais culpavam os executivos.
As avaliações mais negativas dos americanos sobre os sindicatos – como foi tipicamente o caso – envolvem seu impacto sobre os trabalhadores não sindicalizados. Mais de 6 em cada 10 americanos diziam, em 2009, que os sindicatos na maioria das vezes prejudicam os trabalhadores não sindicalizados.
Aqueles resultados estavam impactados por um contexto de recessão econômica, e por consequência, de grandes intervenções econômicas pelo governo dos EUA em nome de duas das Grandes Três empresas automotivas nacionais.
E também enquanto a Lei de Livre Escolha do Funcionário – uma proposta para significativamente mudar leis de negociação coletiva – ainda estava em tramitação no Congresso.
Implicações
Desde então a aprovação dos americanos aos sindicatos tem sido consistentemente alta por muitos anos, e tem mais do que se recuperado dos pontos baixos decorrentes da crise. Mesmo enquanto os EUA lutam com a pandemia de Coronavirus e a resultante crise econômica, que inclui alta recorde de desemprego, o apoio aos sindicatos permanece forte em 2020.
Dados anteriores do Gallup descobriram que quando os americanos pensam que os sindicatos ajudam seus próprios trabalhadores, eles são menos inclinados a dizer que eles são úteis a economia dos EUA no geral. Assim sendo, o apoio aos sindicatos tem sido mais fraco durante tempos economicamente desafiadores.
A contínua alta aprovação dos americanos aos sindicatos pode ser resultado de um atual foco em questões que não sejam a economia. Geralmente, quando os indicadores econômicos foram negativos, a economia foi vista como o problema mais importante que a nação encara, mas esse não é o caso agora. O público está dividido em suas avaliações do maior problema dos EUA, com aproximadamente um em cada cinco citando o coronavirus, a economia, relações raciais e liderança. Ainda, se a economia continua a ter dificuldades e ela eclipsa outras questões em importância, a visão dos americanos dos sindicatos pode muito bem piorar.
Fonte: Megan Brenan (Gallup)
Tradução: Luciana Cristina Ruy