Com auxílio emergencial reduzido, último mês de 2020 teve maior índice de falta de pagamentos nas tarifas de serviços básicos, informa o Serasa

 

Em dezembro do ano passado, a falta de pagamentos de contas de água e luz foi recorde. Com aumento de 0,8% em relação a novembro, a inadimplência em serviços básicos fechou o ano de 2020 com o percentual de 23,8%, o maior da série iniciada em janeiro de 2018. Os números são do Serasa.

O total de contas sem pagamento foi crescendo a cada mês a partir de março de 2020, quando a pandemia irrompeu no Brasil. Desde então, o índice acumulou alta de 2,1%.

 Durante a pandemia, a falta de pagamento não acarretou em suspensão dos serviços básicos para as famílias que tiveram o orçamento prejudicado pela pandemia de Covid-19. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) determinou que consumidores de baixa renda não teriam o fornecimento de energia elétrica interrompido até o dia 31 de dezembro de 2020. Para os consumidores que não se encaixam no recorte econômico, a empresa não cortou a luz entre março e agosto. Normalmente, o prazo de tolerância é de 90 dias (3 meses).

Em 2020, o auxílio emergencial de R$ 600 reais foi uma reinvindicação da oposição após a pandemia chegar no país e comprometer a renda dos brasileiros sem emprego formal. A redução pela metade do valor do auxílio emergencial em setembro e a consequente interrupção do benefício para a população que mais sofreu com os impactos da Covid-19 contribuíram para o elevado número de contas sem pagamento.

Após aumento de casos e restabelecimento das medidas de isolamento, a volta do auxílio emergencial passou a ser defendida por diferentes forças políticas. O ministro da Economia, Paulo Guedes, exigiu contrapartidas inconstitucionais para o retorno do auxílio.

Depois de nova resistência da oposição contra a redução dos recursos para a saúde e educação, a PEC Emergencial foi aprovada sem o destaque e há expectativa do auxílio voltar a ser pago ainda em março. As exigências de ajuste fiscal por parte do governo limitaram o valor médio do novo auxílio a R$ 250 por pessoa.

Outros fatores que contribuíram para a inadimplência foram a alta dos preços dos alimentos e combustíveis e do desemprego nos últimos meses.

A inadimplência geral (com produtos financeiros e de crédito), por sua vez, diminuiu na pandemia. A falta de pagamentos de empréstimos e de cartão de crédito caiu 0,5% e atingiu o menor valor da série (27,3%).

A justificativa é que, com o cenário de incertezas e diminuição de renda, os gastos foram reduzidos para o nível essencial, priorizando pelo pagamento de contas que acarretariam maior prejuízo caso não fossem acertadas.

Em dezembro, segundo dados da Serasa, 61,4 milhões de pessoas estavam com o nome sujo, 3,4 milhões a menos que em março, quando o novo coronavírus chegou ao país. Mesmo com a queda no índice geral, quase 30% da população brasileira tem dívida em atraso.

 

Fonte: Portal Vermelho