Em razão da pandemia de covid-19, o tradicional evento será realizado de forma on-line. Serão exibidos 198 títulos de 71 países até o dia 4 de novembro
Começa na quinta-feira (22) a 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Neste ano, em razão da pandemia de covid-19, o tradicional evento será realizado de forma on-line. As circunstâncias são trágicas – já que o país segue contabilizando mortos e novos casos de de covid-19. Entretanto, o alento será o alcance do festival, que poderá ser acompanhado por brasileiros em todo o país.
Em tempos de pandemia, a esperança e a cura são pontos de atenção da mostra, desde a escolha das artes gráficas. Sempre cultuados pelos cinéfilos “mostreiros”, os cartazes e a vinheta são assinados pelo mestre do cinema chinês Jia ZhangKe. Como explica a diretora da Mostra Internacional de Cinema, Renata Almeida, o ano atípico norteou a seleção. “Convidamos o cineasta e ele aceitou. Ele escolheu essa foto de um homem acendendo um incenso para o deus da literatura e da palavra escrita. É um símbolo de cura e alento.” Apesar de algumas salas de cinema estarem autorizadas a reabrir, com público restrito, em São Paulo, o evento foi pensado para os tempos de isolamento social.
“Esperamos que a mostra seja um pouco como a fumaça do incenso que, em tantas religiões e cultos, simboliza o alento, a purificação e a cura. Porque a situação inusitada não prejudicou a seleção de 2020, que se insinua forte e surpreendente pelas nuvens e ondas da internet”, resume a organização do evento, em editorial.
A dinâmica
Serão exibidos 198 títulos de 71 países até o dia 4 de novembro. Os eixos dos filmes seguem os mesmos das edições anteriores: perspectiva internacional; competição novos diretores; mostra Brasil; e apresentação especial. Os filmes poderão ser acessados através de uma plataforma de streaming oficial do evento (Mostra Play), além de sessões em cinemas drive-in e parceria com plataformas Sesc Digital e Spcine Play.
O preço para assistir aos filmes caiu em relação aos anos anteriores, com sessões presenciais. Cada longa pode ser acessado por R$ 6. Outro ponto que pode desagradar aos “mostreiros” é que não serão vendidos pacotes de filmes, apenas sessões avulsas. Além disso, as plataformas Sesc Digiral e Spcine Play exibirão 30 filmes de forma gratuita.
São dois os cinemas drive-in que exibirão filmes da mostra, o Cinesec Drive-in, na Avenida do Estado, futuro Sesc Parque Dom Pedro II, e o Belas Artes Drive-in, no Memorial da América Latina, na Barra Funda. Este último, inclusive, recebe a sessão de abertura do festival, às 19h30, com a exibição do filme New Order (2020), de Michel Franco. O longa foi vencedor do Grande Prêmio do Júri em Veneza e contará com a apresentação de Renata Almeida e do apresentador Serginho Groisman.
Os filmes
A lista completa dos filmes da 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo pode ser conferida aqui. Entre os destaques, além do New Order, outros longas premiados. O vencedor do Urso de Ouro em Berlim, Não Há Mal Algum (2019), do iraniano Mohammad Rasoulof se destaca em junto com Berlin Alexanderplatz (2020), do afegão Burhan Qurbani, que revisita a obra clássica escrita anos 1920, filmada por Phil Jutzi, e também já vista em forma de minissérie de Rainer Werner Fassbinder em 1980. Qurbani dá atualidade à obra centenária ao dar ao personagem central – originalmente um ex-detento – o corpo de um refugiado contemporâneo.
Do protagonista da arte gráfica da mostra, Jia ZhangKe, vêm duas obras. Seu mais recente longa-metragem, Nadando Até o Mar se Tornar Azul (2019), uma visão mais intimista do cotidiano do chinês; e também um curta, do mesmo ano, A Visita, que traz a covid-19 como personagem.
Também sobre a covid-19, o controverso artista multiplataforma chinês, Ai WeiWei, apresenta Coronation (2019). A obra traz imagens clandestinas de Wuhan durante períodos de lockdown. A cidade foi o primeiro epicentro da covid-19 no mundo.
Outros destaques que foram exibidos em outros festivais: o inédito documentário Kubrick por Kubrick (2020), de Gregory Monro, exibido em Tribeca, O Ano da Morte de Ricardo Reis (2019), de João Botelho, Araña (2019), do chileno Andrés Wood, exibido em San Sebastián e Toronto, Vencidos da Vida (2019), dirigido por Rodrigo Areias, O Paraíso da Serpente (2020), de Bernardo Arellano, Ordem Moral (2019), de Mário Barroso.
Fonte: Rede Brasil Atual