Nas últimas 24 horas, o alerta dado por Tom Fletcher, subsecretário-geral da ONU para Assistência Humanitária, trouxe à tona um dos dados mais cruéis da atualidade: 14 mil bebês podem morrer nas próximas 48 horas na Faixa de Gaza se a ajuda humanitária não for liberada com urgência. Enquanto isso, Israel autoriza a entrada de apenas 100 caminhões de auxílio, em meio a uma crise humanitária sem precedentes desde o início do genocídio palestino, em outubro de 2023.
Estamos diante de uma tragédia anunciada. A Faixa de Gaza, um território estreito de 41 km de comprimento por cerca de 9 km de largura, que abriga cerca de 2,3 milhões de pessoas, está sendo dizimada sistematicamente. Gaza é o reflexo de décadas de ocupação, expulsões forçadas, bloqueios, segregações e violações de direitos humanos praticadas pelo Estado de Israel contra o povo palestino.
Neste momento, não se trata apenas de um conflito. Trata-se de uma limpeza étnica televisionada, uma barbárie conduzida com aval diplomático dos Estados Unidos e a conivência de parte da comunidade internacional, que se limita a notas de repúdio, enquanto crianças são bombardeadas, hospitais destruídos, e a fome é usada como arma de guerra.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, deve ser responsabilizado internacionalmente por crimes de guerra. Nenhuma justificativa política, histórica ou ideológica pode sustentar a morte de inocentes — nenhuma guerra é justa, não existe isso, mas ela é ainda mais cruel quando mira bebês, mães e trabalhadores civis. Aquilo que estamos assistindo é um extermínio planejado, com a justificativa de combater o Hamas, mas que se volta contra toda uma população que sequer tem para onde fugir.
A Faixa de Gaza se tornou a maior prisão a céu aberto do mundo, onde não entra comida, não entra água, não entra socorro. Os bombardeios destruíram escolas, abrigos da ONU e até zonas seguras indicadas por Israel. Os relatos que chegam são de corpos de crianças desnutridas, de famílias inteiras soterradas, de médicos operando sem anestesia. É o colapso total da humanidade.
Como representantes dos trabalhadores e das trabalhadoras em Telemarketing, não podemos silenciar diante de tamanho horror. Não é possível defender direitos humanos seletivamente. O direito à vida, à dignidade, à proteção de crianças e civis, é universal. O Sintratel, assim como tantas outras vozes progressistas e humanistas do mundo, repudia o genocídio cometido contra o povo palestino, exige o cessar-fogo imediato, a entrada irrestrita de ajuda humanitária e a responsabilização internacional de líderes que promovem a morte como política de Estado.
É urgente que a comunidade internacional deixe de relativizar o que está acontecendo em Gaza. É preciso parar de fingir neutralidade onde há evidente opressor e oprimido. A Palestina sangra, e com ela sangra também a nossa humanidade.
Marco Aurélio
Presidente do Sintratel – Sindicato dos Trabalhadores em Telemarketing