O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) lança hoje (1) a plataforma online Deu Positivo, e Agora? (deupositivoeagora.org): um site que reúne informações sobre HIV em linguagem atualizada, clara, acessível, com foco em jovens que acabaram de receber diagnóstico positivo para o HIV, o vírus da imunodeficiência humana. A iniciativa conta com o apoio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Comunicação (UNESCO).
O objetivo é mostrar que o tratamento, quando iniciado precocemente e seguido de forma adequada garante melhor qualidade de vida à pessoa. Estudos científicos já comprovaram que a adesão ao tratamento antirretroviral leva as pessoas vivendo com HIV à redução da carga viral no organismo, alcançando um nível chamado de “indetectável”. Com a carga viral indetectável, o HIV deixa de ser transmitido a outras pessoas—conhecido pela expressão “indetectável = intransmissível”—, o que coloca o tratamento antirretroviral como um dos diversos métodos da Prevenção Combinada.
“A gente percebeu que as pessoas, quando recebem o disgnóstico positivo para o HIV, geralmente correm para a internet para buscar informação. Só que percebemos também que, na internet, há muita desinformação”, explica Georgiana Braga-Orillard, Diretora do UNAIDS no Brasil. “A ideia do projeto é suprir essa necessidade de informação sobre HIV. Que as pessoas possam chegar e encontrar, em um só lugar, informações que sejam de qualidade, acolhedoras e de uma forma que seja também leve.”
Além de incentivar a adesão ao tratamento antirretroviral, os materiais reunidos no site têm o objetivo de mostrar que é possível viver com HIV e ser saudável, ter relacionamentos, ter filhos, exercer seus direitos, entre tantos outros pontos. É também mostrar que o diagnóstico positivo para HIV pode ser um novo começo de vida, com uma nova mentalidade, novas conquistas e aprendizados.
O número de casos de AIDS entre jovens de 15 a 24 anos tem crescido nos últimos dez anos: as taxa de detecção de casos de AIDS entre jovens do sexo masculino nesta faixa etária mais que dobraram em uma década: 3 para 7 casos por 100 mil habitantes (15 a 19 anos) e de 15,6 para 36,2 casos por 100 mil habitantes (20 a 24 anos)—os dados são do Boletim Epidemiológico de HIV 2018, divulgado pelo Ministério da Saúde. Entre mulheres, as taxas têm mostrado uma tendência de queda em quase todas as faixas etárias.
O Brasil hoje tem uma das maiores coberturas de tratamento antirretroviral (TARV) entre os países de renda média e baixa. Apesar disso, a adesão ao tratamento disponível gratuitamente pelo SUS ainda é um desafio. Das pessoas estimadas vivendo com HIV no país, 84% já fizeram o teste de HIV; destas, 75% estão em tratamento para o HIV; e, dentro deste grupo de pessoas em tratamento, cerca de 92% apresentam carga viral indetectável.
Mesmo com toda a estrutura e medicamentos disponíveis, há um número importante de quase 200 mil de pessoas diagnosticadas com HIV e que, por diversos motivos, não se encontram em tratamento. Os jovens vivendo com HIV estão entre os que apresentam os menores níveis de adesão ao tratamento antirretroviral. A plataforma Deu Positivo, e Agora? surge como uma resposta a deste desafio e busca engajar os jovens oferecendo informações corretas sobre HIV, em linguagem acessível e livre de estigma e discriminação.
Além de 12 vídeos com informações essenciais sobre HIV (tratamento, relacionamentos sorodiferentes, filhos, prevenção, direitos, entre outros), o site conta com materiais adicionais como gráficos, resumos dos vídeos, histórias de vida e referências para outros sites oficiais. Participam do projeto influenciadores digitais e pessoas que vivem ou convivem com HIV engajadas como ativistas na área de prevenção e sensibilização sobre a epidemia no Brasil.
Entendendo a relação do jovem com o HIV
Esta mesma geração que tem sido mais fortemente afetada pela epidemia é também aquela que hoje busca e recebe informações de forma mais frequente na internet. Uma pesquisa realizada pelo grupo Credit Suisse com jovens brasileiros de 16 a 25 anos (Credit Suisse Youth Barometer, 2014) apontou que, para 93% deles, a internet é muito importante, e que, além disso, 63% deles passam mais de duas horas por dia online.
Outro dado relevante é o fato de que, cada vez mais, as pessoas têm acessado a internet para buscar informações sobre a saúde. Uma pesquisa feita pela seguradora de saúde Bupa, em 2011, a Bupa Health Pulse, constatou que 86% dos brasileiros com acesso à Internet utilizam a rede para buscar orientações sobre saúde, remédios e condições médicas. A pesquisa mostra, que destes 86%, 68% buscam, online, informações sobre medicamentos, 45% buscam informações sobre hospitais e 41% buscam conhecer, na Internet, experiências de outros pacientes com determinado problema de saúde. Contudo, um dado preocupante é que somente um quarto das pessoas verifica as fontes das informações.
Fonte: ONUBR