Os impactos da pandemia sobre os rendimentos de novembro podem ainda ser medidos pelas diferenças entre a renda média efetivamente recebida e a renda média habitualmente recebida. A análise dos microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Covid-19 de novembro revela que os rendimentos médios habitualmente recebidos foram de R$ 2.333, enquanto os efetivamente recebidos foram de R$ 2.185, ou seja, 93,7% dos rendimentos habituais, valor 0,9 pontos percentuais (p.p.) acima do mês anterior. Contudo, os rendimentos efetivos do trabalho foram 0,4% menor que no mês anterior. Os trabalhadores por conta própria receberam efetivamente apenas 85,4% do que habitualmente recebiam (contra 83,2% em outubro), tendo seus rendimentos efetivos médios alcançado R$ 1.626.
Os dados mostram também que 4,32% dos domicílios (cerca de 2,95 milhões) sobreviveram apenas com os rendimentos recebidos do Auxílio Emergencial (AE), aproximadamente 0,44 p.p menor que em outubro (ou 300 mil domicílios). A proporção de domicílios exclusivamente dependentes do AE foi muito maior no Nordeste, ultrapassando os 10% no Piauí.
Além disso, em média, após considerar o AE, a renda domiciliar ultrapassou em 1% a que seria caso houvesse recebido rendimentos do trabalho habituais. Esse impacto foi maior entre os domicílios de renda baixa, em que, após o AE, os rendimentos foram 19% maiores do que seriam com as rendas habituais. Contudo, o aumento causado na renda domiciliar média causada pelo AE foi R$ 64 menor em novembro do que em outubro (R$ 229,77 contra R$294), e, com isso, mesmo com o aumento da renda domiciliar do trabalho efetiva, a renda média total domiciliar caiu de R$ 3.851 e outubro para R$ 3.783 em novembro, uma queda de 1,76%. Entre os domicílios de renda muito baixa, a queda foi de 2,8% (de R$ 1.106 para R$ 1.075). Os dados mostram também que cerca de 70% dos domicílios receberam em novembro a metade ou menos do valor do AE de setembro, proporção que entre os domicílios de renda muito baixa alcançou 80%.