Em último ato à frente da PGR, Raquel Dodge apresentou denúncia das investigações que completaram um ano e seis meses
Em último ato à frente da Procuradoria Geral da República (PGR), Raquel Dodge apresentou denúncia de irregularidades na condução do caso dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes. A procuradora-geral da República pediu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) a abertura de um novo inquérito para apurar o crime que completou um ano e seis meses no último sábado (14). Segundo Dodge, a denúncia cita desvio de investigações para não revelar organização criminosa, inserção de declarações falsas em documentos oficiais e outros crimes relacionados a fraude processual.
Os nomes apontados na denúncia sob a acusação de “encenação de investigação” para conduzir a falsos mandantes do crime são: Domingos Brazão, conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE –RJ); Gilberto Ferreira, funcionário do gabinete de Brazão; Rodrigo Ferreira, policial militar que apontou o vereador Marcelo Siciliano e o miliciano preso Orlando de Araújo como mandantes do crime; Camila Nogueira, advogada de Ferreira, e Hélio Kristian delegado da Polícia Federal.
O pedido da procuradora para federalizar o caso foi feito após a análise da tentativa de obstrução das investigações. No entanto, o processo de federalização do crime contra Marielle e Anderson está em análise desde o ano passado. Qualquer mudança na condução do inquérito precisa de autorização do STJ.
A família de Marielle é contra a federalização. Ao Brasil de Fato, Marinete Silva, mãe da parlamentar assassinada, disse que já foi realizado um longo trabalho até aqui e passar o caso para a esfera federal atrasaria ainda mais a investigação.
“Imagina se começa um novo processo para se inteirar do que tem nele com 18 volumes, por enquanto. E está na segunda etapa já, esses homens [Ronnie Lessa e Élcio Queiroz] vão ser ouvidos agora, dia 4 de outubro. Já está caminhando para sabermos daqui a uns dias a respeito do júri. Queremos que eles sejam condenados e também queremos saber o mandante. Com a federalização fica mais longe da gente saber quem é esse mandante porque vai sair do nosso controle”, explicou Marinete.
Direitos Humanos
Na última segunda-feira (16), o governador Wilson Witzel sancionou a lei que institui o 14 de março como o Dia Estadual das Defensoras e Defensores dos Direitos Humanos no Rio. A data é em memória aos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
A deputada estadual Renata Souza (PSOL) é autora do projeto de lei. Segundo ela, a iniciativa é uma forma de ampliar o debate sobre a defesa dos direitos humanos na sociedade fluminense.
“Transformar toda essa dor em luta, não só reconhecendo o espaço e a condição dos defensores e defensoras de direitos humanos para a dignidade humana na nossa sociedade, mas também fazer desse dia, um dia de debate público, seja nas escolas, nas universidades do estado, nos outros serviços públicos, como na saúde. Em todo o lugar onde a dignidade humana é essencial para que ela não se desumanize”, destacou.
Fonte: Brasil de Fato