Médicos alertam que exames periódicos e cuidados não devem ser negligenciados entre transgêneros
A campanha Outubro Rosa, voltada para alertar principalmente mulheres cisgênero [que se identificam com o gênero biológico] sobre a importância da prevenção contra o câncer de mama, evidencia um assunto pouco lembrado: pessoas transexuais e transgêneros também podem ter a doença e precisam se prevenir.
No caso de mulheres transgêneros, o risco está ligado aos hormônios de afirmação de gênero para reduzir o sofrimento psicológico e induzir mudanças físicas desejadas. Acredita-se que esse tipo de recurso hormonal possa gerar um aumento do risco de câncer na região.”Toda vez que a mulher trans usa estrogênio ela passa a ter uma mama e essa mama passa a ter risco de câncer, assim, ela precisa tomar os cuidados como toda mulher”, explica o médico mastologista João Bosco, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) em São Paulo.
De acordo com uma pesquisa realizada pela University Medical Center, em Amsterdã, as mulheres trans têm cerca de 47 vezes mais chances de desenvolver câncer de mama do que os homens cisgênero (que se identificam com o gênero corresponde ao que lhes foi atribuído no nascimento). Embora isso possa parecer um grande aumento, é importante lembrar que o câncer de mama em homens cis é raro (cerca de 1% do total dos diagnósticos).
Mastectomia em homens trans não zera o risco
De acordo com a mastologista Fernanda Torras, mesmo homens trans, que passam pela mastectomia (retirada das mamas), não anulam por completo o risco de câncer de mama, embora ele seja reduzido. “A chance existe principalmente se há uma mutação genética de alto risco para carcinoma de mama. Risco residual, apesar de mínimo, ocorre, pois, há tecido mamário em prolongamentos axilares e pode haver risco de câncer no subcutâneo preservado”, explica a médica.
Ela comenta que em homens trans submetidos a mastectomia bilateral, o autoexame para detecção de alterações deve ser incentivado, assim como consultas periódicas se risco genético hereditário identificado. “A realização de mamografia fica tecnicamente prejudicada pelo escasso tecido mamário, mas ultrassonografia pode ser realizada”, afirma.
Em homens trans não submetidos a mastectomia, é recomendada a realização de exame clínico periódico e mamografia após os 40 anos de idade.
Em todos os casos, independentemente do gênero, a prevenção com acompanhamento médico, exames clínicos e o conhecimento do próprio corpo são essenciais para prevenir a doença.
FONTE: https://catracalivre.com.br