Ocimar Alavarse, avaliando o panorama da educação no Brasil, entende que essas mudanças podem resultar em implicações negativas para os estudantes que pretendem dar continuidade aos estudos na educação superior
Neste ano passa a valer o novo Ensino Médio, que acarretará mudanças no ensino público e privado em todo o País. O Ministério da Educação também anunciou a reestruturação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para que ele esteja alinhado às novas diretrizes.
Essas mudanças são promovidas em um cenário de crises e dificuldades da educação brasileira intensificadas pela pandemia. Um levantamento da Secretaria de Educação de São Paulo, por exemplo, indica que o ensino médio, que já não vinha bem, teve queda acentuada entre 2019 e 2021.
Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, Ocimar Alavarse, professor da Graduação e Pós-Graduação da Faculdade de Educação (FE) da USP e coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas em Avaliação Educacional (Gepave), analisa o contexto em que essas mudanças são feitas.
Alavarse comenta que os dados indicam uma defasagem na leitura e resolução de problemas matemáticos por parte dos alunos. “Essas duas competências são muito importantes”, diz. “A capacidade de leitura interfere no aproveitamento de todas as disciplinas da escola, assim como na resolução de problemas, que, embora associada à matemática, diz respeito à lógica e ao raciocínio”, acrescenta.
O professor destaca os esforços e iniciativas de escolas, professores e famílias para garantir a qualidade da educação durante a pandemia, mas afirma que isso não foi o bastante, o que evidencia as limitações do ensino remoto. Neste ano de 2022, em que os alunos estão voltando ao ensino presencial, a interação entre alunos e professores é essencial para o processo de aprendizagem. Entretanto, esse cenário pode acentuar as diferenças entre os alunos e, possivelmente, acentuar desigualdades. “Se nós queremos o sucesso de todos os estudantes da educação básica, uma atenção redobrada é necessária.”
Alavarse também destaca que os alunos que se formaram durante a pandemia são os mais prejudicados, pois perderam o vínculo com as instituições de ensino básico. Por outro lado, os estudantes que têm mais tempo até se formar podem, de alguma forma, mitigar alguns danos.
Fonte: Jornal USP