Escola da zona norte teve a mesma pontuação da Dragões da Real, mas ganhou pelos critérios de desempate. Tom Maior e Independente caíram. Pela primeira vez, apuração foi narrada por uma mulher

 

 

São Paulo – A Mocidade Alegre é bicampeã do Grupo Especial do carnaval de São Paulo. Na apuração realizada na tarde desta terça-feira (13), a escola do bairro do Limão, na zona norte da capital, fundada em 1967, venceu em disputa acirrada com a Dragões da Real. As duas tiveram o mesmo número de pontos (270), mas a Mocidade venceu pelos critérios de desempate. Na outra ponta, Tom Maior e Independente foram rebaixadas. (Veja abaixo a classificação final.) Subiram a Estrela do Terceiro Milênio e a Colorado do Brás.

Brasileia Desvairada: a busca de Mário de Andrade por um país foi o tema que a Mocidade levou para o Sambódromo, na segunda noite do desfile. A escola narrou as pesquisas do escritor paulistano sobre as várias manifestações da cultura brasileira. O título faz referência ao livro Pauliceia Desvairada, publicado em 1922.

“Um ano muito difícil, um carnaval muito acirrado, onde todas as escolas vinham muito bem”, declarou logo depois do resultado a presidenta da Mocidade, Solange Bichara Cruz.

 

Dificuldades e protesto

Duas das mais tradicionais escolas paulistanas, que retornaram ao grupo principal, tiveram resultados ruins. A Camisa Verde e Branco, da Barra Funda, ficou em antepenúltimo lugar, escapando por pouco de novo rebaixamento. Já a Vai-Vai, da Bela Vista (“Bixiga”), terminou em oitavo.

O desfile da Vai-Vai, por sinal, causou protesto do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp). A entidade divulgou nota criticando a apresentação, que teria “demonizado” a polícia ao mostrar agentes com chifres. Na ala “Sobrevivendo no Inferno”, referência a uma canção dos Racionais MC´s, havia componentes da escola portanto escudos em que se lia a palavra “Choque”, e com chifres e asas vermelhas. O tema da Vai-Vai era o movimento Hip Hop.

O sindicato pediu que a agremiação faça uma “retratação” pública. Já a Vai-Vai afirmou que não teve intenção de fazer uma provocação, mas estava fazendo “recortes históricos” em seu desfile, caso do álbum dos Racionais, lançado nos anos 1990. “Os precursores do movimento hip hop no Brasil eram marginalizados e tratados como vagabundos, sofrendo repressão e, sendo presos, muitas vezes, apenas por dançarem e adotarem um estilo de vestimenta considerado inadequado para época.”

 

Mulher comanda a apuração

Esta foi a primeira vez que uma mulher fez a narração das notas dos jurados às escolas de São Paulo. A locutora Eloise Matos, de 50 anos, substituiu Antônio Pereira da Silva, o Zulu, a voz das apurações paulistanas nos últimos 30 anos.

Paulistana da Penha, na zona leste da capital, Eloise tem três décadas de experiência no rádio. Também apresentou shows e peças publicitárias.

 

Classificação final

1º) Mocidade, 270 pontos

2º) Dragões da Real, 270

3º) Acadêmicos do Tatuapé, 269,8

4º) Gaviões da Fiel, 269,6

5º) Mancha Verde, 269,6

6º) Império de Casa Verde, 269,6

7º) Acadêmicos do Tucuruvi, 269,4

8º) Vai-Vai, 269,4

9º) Barroca Zona Sul, 269,3

10º) Águia de Ouro, 269,1

11º) Rosas de Ouro, 269,1

12º) Camisa Verde e Branco, 269

13º) Tom Maior, 268,7

14º) Independente, 268,7

 

Fonte: Rede Brasil Atual