Incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte tornou-se uma das prioridades do Plano de Metas revisado em abril pela gestão Bruno Covas (PSDB), que espera chegar ao final do ano que vem com 677 quilômetros de vias em bom estado para pedalar. Serão 173 quilômetros novos e 310 quilômetros recauchutados, ou 61% do total existente de 504 quilômetros.
O plano cicloviário será discutido em audiências até junho. Em 2020, se tudo ocorrer como planejado, as ciclovias representarão 3,4% da rede viária – aumento de menos de 1 ponto porcentual em relação ao que representam hoje, 2,5% do total. No dia 30 de maio, a diretora de Planejamento e Projetos da Companhia de Engenharia e Tráfego (CET), Elisabete França, que coordena os planos Cicloviário e de Segurança Viária (Vida Segura), participa do Summit Mobilidade realizado pelo Estado.
Seguindo a mesma lógica de comparar a malha de ciclovias com o total de vias para carros, o economista Miguel Jacob, mestre em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e que integra a equipe de políticas públicas da empresa 99, elaborou um ranking das cidades brasileiras mais cicláveis.
Com base em dados do OpenStreetMap, ele analisou a situação dos centros urbanos com mais de 200 mil habitantes, totalizando 128, que concentram mais da metade da população urbana do país (82 milhões de habitantes).
Para cada um deles, foi feita a relação de proporção de quilômetros de ciclovias para cada 1.000 km de vias para carros. O melhor desempenho foi de Praia Grande, onde ciclovias e ciclofaixas representam 7,8% do sistema. Belém aparece em segundo lugar, com 6% e Fortaleza em terceiro, com 5,7%. São Paulo figura na 12.ª posição, com 3,9%, acima dos números oficiais da prefeitura. Quase 20 municípios não atingiram a marca de 1%.
Variáveis
Segundo o pesquisador, é baixa a correlação entre a quantidade de ciclovias e variáveis como Produto Interno Bruto (PIB) per capita, frota de veículos e declividade média, sendo um pouco maior quando se analisa população, densidade urbana e Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) – de modo geral, há mais vias cicláveis conforme esses números se elevam.
No ano passado, o Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) divulgou uma pesquisa que dimensiona o potencial do uso de bicicletas. Uma as principais conclusões é que, se a população trocasse as viagens realizadas de automóvel e ônibus pelos pedais sempre que possível, seria possível ter um acréscimo de até R$ 870 milhões no PIB paulistano por ano. Cada indivíduo também economizaria cerca de R$ 214 mensais com a troca em dias úteis.
Serviço
Fonte: Estadão