.Voluntários em Brumadinho já apresentaram dermatite, vômitos e náuseas. Qual a situação dos bombeiros que trabalham de forma incessante nas busca
Na beira do Córrego do Feijão encontramos, de capacete e óculos, Renato Silveira Reis, 46 anos. Ele é voluntário da Cruz Vermelha Brasileira e é empresário. Renato estava desde o dia seguinte à tragédia e permaneceu até domingo (3 de fevereiro, 9 dias depois).
“Chega uma hora que nosso campo de trabalho fica muito estreito, nós não podemos entrar no que eles chamam de zona quente, que é a lama em si, né? Então nós começamos a levar água, maçã, biscoito… que é uma forma de ajudar também, né?”
Segundo Renato, na área onde ele estava (Córrego do Feijão), a Cruz Vermelha Brasileira havia mandado “10 equipes de 10 pessoas”. Ele precisava voltar já que a “a vida precisa seguir, né?”. Segundo ele, as equipes vieram principalmente do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.
No centro de Brumadinho, cerca de 7 quilômetros dali, um outro trabalho é feito sem parar. Fiéis e pastores da Igreja Batista de Brumadinho conseguiram voluntários da igreja em outras cidades e fazem um mutirão constante de lavagem das roupas dos bombeiros.
Quem coordena o trabalho da lavanderia é o pastor João Luis da Conceição Filho, que conta que a Convenção Batista Mineira reúne 1200 igrejas em todo o Estado.
Nós pensamos em ajudar as pessoas. E como? Lavando a roupa dos militares, porque nós estamos na comunidade, nós fazemos parte disso.
Em situações normais, os bombeiros são os próprios responsáveis pela limpeza de suas roupas. No caso de Brumadinho, os voluntários permitem que os bombeiros possam focar apenas no resgate das vítimas e corpos em meio ao lamaçal.
Além de lavar as roupas, os voluntários colocam bilhetes com mensagens positivas, barra de cereal e um “Novo Testamento”. O dinheiro vem de um fundo organizado por essa convenção das igrejas batistas.
A saúde mental dos bombeiros
Além do serviço de lavanderia, a igreja está oferecendo também apoio psicológico dos bombeiros e vítimas.
A saúde mental em momentos de urgência e emergência é sempre uma grande preocupação. No caso dos bombeiros, o atendimento oficial é feito pelos profissionais da própria corporação. O mesmo ocorre com os policiais. No caso dos voluntários e vítimas, a Vale contratou uma empresa para realizar este tipo de atendimento.
Imprensa procurou a assessoria de imprensa da Vale, que informou que o contrato da empresa contratada para dar atendimento psicológico impede que seus profissionais falem publicamente.
Risco de contaminação
Sargento Cassiano é de Belo Horizonte, conversa como se pedisse desculpa: “não quero passar por cima da hierarquia e da pessoa do aspirante”.
O aspirante, é o jovem Tonani, de 22 anos. Formado no ano passado hoje ele tem a sua primeira missão em desastres como o de Brumadinho. Ele é o responsável pela equipe de 7 pessoas que atuam de quinta a domingo. Ele tem 3 anos de corporação e não chegou a trabalhar em Mariana.
“Bombeiro atende de tudo, né? Mas desse jeito aqui é minha primeira vez”. Tonani e Cassiano são apenas dois dos bombeiros que atuam de forma incessante a arriscando a própria vida. Os bombeiros tomam remédios para prevenir a intoxicação, mas não existe nenhum tipo de garantia de que será eficaz.
FONTE: ImprenÇa