Com um calendário especialmente pensado para o mês das mulheres, atividades contemplam saraus, rodas de conversa e debates sobre personalidades femininas marcantes na história
As entidades Rede Não Cala, Associação de Docentes (Adusp), Sindicato dos Trabalhadores (Sintusp), Diretório Central dos Estudantes (DCE) e a Associação de Pós-Graduandos (APG) da USP se reuniram na campanha “Oito de Março: por uma USP sem assédios”. Neste mês de março, especialmente lembrado pelo Dia das Mulheres, haverá uma série de atividades no âmbito da campanha nos campi de São Paulo e do interior.
Os eventos da campanha vão relembrar personalidades femininas com importantes trajetórias, assim como ressaltar as diferentes formas de violência contra a mulher. De acordo com a quarta edição da pesquisa Visível e Invisível: A Vitimização de Mulheres no Brasil, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2022, 30 milhões de mulheres sofreram algum tipo de assédio: desde comentários constrangedores na rua a importunações sexuais, como o toque sem consentimento em transportes públicos. É o equivalente a uma mulher assediada a cada segundo.
Programação
Intitulada Calendário da luta feminista na USP, a programação proposta pelas entidades está repleta de atividades que reforçam os direitos das mulheres, durante todo o mês de março. No dia 14, das 17 às 19 horas, o Prédio da História, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, recebe os debates Feminismos e Direitos Humanos: Marielle, presente!, É debaixo de uma saia! Sonhos e vivências pelo samba de roda de Dona Zélia do Prato e Juventudes, práticas culturais e direitos humanos nas periferias.
Os três debates reúnem questões atuais ligadas aos direitos humanos, como o feminismo, as juventudes e as práticas culturais na periferia. O evento celebra a vida de Zélia do Prato, considerada embaixadora do “samba chula”, uma manifestação cultural típica do Recôncavo Baiano. Também relembra o legado de Marielle Franco, assassinada há cinco anos, no mesmo dia de realização da atividade.
Para conduzir o evento, estarão presentes as representantes da FFLCH: Tessa Moura Lacerda, professora do Departamento de Filosofia, Eliany Cristina Ortiz Funari, doutoranda no Programa de Pós-Graduação em História Social, Aline Fátima Silva Costa, mestranda no Programa Diversitas Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades, e Claudiana Gois dos Santos, doutoranda no Programa de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa.
Também no dia 14 de março, haverá o Festival Marielle Franco, com o tema Uma luta por todas as mulheres: quem mandou matar Marielle Franco? no campus da USP em Ribeirão Preto. Às 17h30, o Restaurante Universitário vai receber o sarau DisseMinas. Mais tarde, às 18h30, acontecerá o cortejo Justiça por Marielle. Às 19h30, o bloco de Bio-Humanas da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) terá o sarau Marielle Franco, Maracatu Baque Mulher. Em seguida, às 20h30, ocorrerá o sarau Slam Marielle Franco.
Ainda no dia 14 de março, às 12 horas, o Sintusp promove uma roda de conversa com a escritora Tatiana Carvalho, sobre seu livro Nuvem carregada sobre a terra, publicado em 2021. A obra traz a narrativa de quatro músicos que resolvem passar o período de quarentena, durante a pandemia da covid-19 de 2020, isolados em um sítio no interior de São Paulo, para terminar um projeto musical, com suas respectivas famílias. Em meio ao isolamento, Joana e Leila, esposas de dois dos músicos, acabam se apaixonando e vivendo descobertas e experiências profundas e transformadoras. O livro pode ser adquirido neste link.
Na semana seguinte, no dia 21 de março, às 14 horas, o Sintusp terá a roda de conversa Por uma maternidade voluntária, prazerosa e socialmente amparada. Dia 23 de março, às 19 horas, a Faculdade de Direito de Ribeirão Preto (FDRP) vai receber Guilherme Terreri Lima Pereira, formado em Letras pela FFLCH e mais conhecido por sua persona drag queen Rita Von Hunty, do canal do YouTube Tempero Drag. O youtuber vai falar sobre as microagressões nos ambientes corporativos e como identificá-las e erradicá-las.
No dia 28 de março, às 12 horas, também no Sintusp, haverá uma roda de conversa sobre o livro Nós mulheres, o proletariado, da autora Josefina L. Martínez. A obra aborda greves femininas, com debates de gênero, classe e imigração. A escritora Letícia Parks colaborou na edição em português do livro, trazendo a perspectiva de trabalhadoras negras brasileiras. O livro pode ser adquirido neste link.
No dia 31 de março, às 8h30, haverá o seminário Vozes que não calam contra o assédio na USP, com a participação da diretora do Sintusp, Neli Wada, e Simony dos Anjos, pesquisadora em Antropologia pela FFLCH, com pesquisas sobre a relação entre negritude, Igreja Evangélica e feminismo. A mesa de debate trará reflexões a respeito das trabalhadoras da USP, concursadas ou terceirizadas, que sofrem assédio pela condição de gênero e de classe. O Sintusp ainda não forneceu o local onde ocorrerá o seminário.
“O assédio moral no ambiente de trabalho é recorrente na Universidade. As trabalhadoras sofrem muito pela desigualdade nítida entre as categorias. Temos que evidenciar que não existe Universidade sem as trabalhadoras e trabalhadores. Não há pesquisa sem a nossa categoria”, afirma Simony.
Ela relembra a trajetória de Regina Célia Leal, que dá nome à Secretaria de Combate ao Assédio Moral do Sintusp. Regina era funcionária da USP em Ribeirão Preto e foi vítima de violência moral. “Ela sofreu assédio moral de tal natureza, que não resistiu aos seus efeitos, interferindo em sua saúde mental. Em memória dela e de todas as companheiras que trabalham para construir a USP, devemos informar e proteger nossa comunidade contra o machismo, a misoginia e o classismo que opera na Universidade e, acima de tudo, denunciar todo caso de assédio pela condição de gênero e de classe”, diz Simony.
Informativo que salva
Além das atividades, as entidades elaboraram um folder contendo diversas informações buscando informar e combater o assédio contra as mulheres. Entre elas, estão: descrições e exemplos das formas de violência contra a mulher; a história da luta feminista na USP, com dados do censo demográfico da Universidade e perspectivas de estudantes, docentes, funcionárias técnico-administrativas e trabalhadoras terceirizadas; e pautas em andamento para a defesa e a ampliação dos direitos das mulheres.
O folder informativo, com a divulgação das atividades no mês de março, também pode ser visualizado em PDF pelo link.
Mais informações: https://www.sintusp.org.br/2023/03/07/folder-unificado-8m-2023-na-usp-por-uma-usp-sem-assedio/
Fonte: Jornal da USP