O mundo está repleto de café, mas principalmente daqueles grãos sem graça. Para tomar um café artesanal e gourmet, é preciso pagar mais.
Os baixos preços do café obrigaram alguns cafeicultores a abandonar o negócio, enquanto outros estão vendendo seus produtos com prejuízo, sobrando menos dinheiro para investir em grãos mais raros e mais caros. Isso significa que as variedades preferidas por alguns fornecedores mais sofisticados, como a Stumptown Coffee Roaster ou a Blue Bottle, da Nestlé, estão com os preços nas alturas – o que atinge em cheio consumidores.
Scott Beard, professor de música e barítono da Virgínia Ocidental, recentemente ficou chocado quando pagou US$ 15,80 por um café latte em um hotel sofisticado, durante viagem a Paris. Na verdade, pode ter sido uma pechincha. Uma saca da Elida Estate Panama Geisha, torrado pela Dragonfly Coffee Roasters, registrou recentemente um recorde em leilão de US$ 1.029 a libra-peso.
“Há muito café no mundo, mas não o café bom”, disse Peter Roberts, professor da Goizueta Business School, da Emory University.
Os preços de varejo nos EUA para o café gourmet aumentaram 24%, enquanto variedades mais baratas registraram aumento de 7% no período de quatro anos encerrados em meados de junho de 2018, de acordo com dados rastreados por Roberts. Ao mesmo tempo, o contrato de referência negociado na ICE Futures, em Nova York, acumula queda de 33%. A desvalorização dos contratos futuros significa que a maioria dos agricultores está recebendo cerca de US$ 1 a libra-peso, ou menos, pelo grão comum.
Preços baixos significam que a produção está caindo em áreas especializadas em grãos premium, como Costa Rica, El Salvador e Guatemala.
Os clientes começam a sentir no bolso. A Colectivo, com sede em Milwaukee, elevou os preços recentemente em meio à demanda crescente, de acordo com Al Liu, vice-presidente da rede de cafés, com 21 lojas.
‘Via de mão dupla’
Apesar do custo do baixo preço da commodity, a Colectivo está pagando aos agricultores preços semelhantes de anos anteriores, em uma tentativa de incentivar a produção. “Você pode economizar bastante quando o mercado está em baixa, mas isso pode não agradar fornecedores – é uma via de mão dupla”, disse Liu.
Apenas cerca de 15% do café global se encaixa na categoria de cafés especiais, afirmou Ric Rhinehart, diretor executivo emérito da Specialty Coffee Association. Como os cafeicultores tendem a plantar grãos comuns e gourmet, os baixos preços de referência significam que os agricultores não conseguem investir em variedades especiais, máquinas ou fertilizantes.
FONTE: https://6minutos.com.br/