Empresa paulista de tecnologia adota modelo, mas CEO diz que para os sócios "não dá".
A discussão sobre a redução da jornada de trabalho tem avançado no Brasil. Desde junho, empresas têm testado uma jornada de quatro dias semanais. O objetivo é de, simultaneamente, aumentar a produtividade dos funcionários e a qualidade de vida deles, incentivando o descanso e lazer nos dias livres.
A NovaHaus, empresa paulista de tecnologia, adotou a redução da jornada em março de 2022. Um levantamento interno revelou crescimento de 13% na produtividade após a mudança, além de quartas-feiras livres. Os mais de 70 funcionários da empresa tem quatro dias de trabalho ou carga horária diária reduzida. Porém, o CEO, Leandro Pires e Silva, conta que os sócios não conseguem aderir ao modelo: "Eu gostaria, com certeza [de trabalhar quatro dias por semana]. Mas não dá para os sócios fazerem [jornada reduzida] permanentemente."
No Brasil, o redesenho da jornada de trabalho está em processo de adaptação. Após experiências internacionais, o modelo foi implementado temporariamente por meio de uma parceria entre a consultoria Reconnect Happiness e a organização 4 Day Week Global.
Durante os meses de junho e julho, as empresas se reunirão com os responsáveis pela iniciativa para planejar a metodologia e as metas. Em agosto, será feito o cadastramento dos mais de 300 participantes interessados, segundo números da CNN Brasil. Nos próximos dois meses serão recolhidos dados para comparação posterior e efetuadas aulas de adaptação às empresas para a nova jornada. Por fim, será testado o projeto piloto nos próximos três meses, com coleta de dados de produtividade para avaliação de eficiência da jornada reduzida.
No Congresso, os projetos de encurtamento da carga horária do trabalhador pouco avançam. Em 1997, o então deputado Paulo Paim (PT-RS) protocolou um projeto cuja proposta era de limitar seis horas diárias ou 30 horas semanais de trabalho sem redução de salário. A justificativa era de garantir qualidade de vida aos empregados e otimizar o gasto de recursos das empresas. O projeto não avançou na tramitação.
Atualmente, existem dois projetos de redução da jornada de trabalho parados na Câmara dos Deputados. O do senador Paim está aguardando aprovação na Comissão de Seguridade Social e Família desde 2019. Já o projeto elaborado pelo deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), que propõe limite de 36 horas semanais, aguarda designação do relator na Comissão de Constituição e Justiça também desde 2019.
Fonte: Revista Fórum