O momento vivido no país merece preocupação. O Brasil passa por uma crise econômica que foi transformada em crise política pela oposição rancorosa, com apoio da grande mídia empresarial, que omite a realidade a fim de colocar tudo na conta do governo federal.
O que eles escondem é o caráter global da crise. Passam a ideia de que as dificuldades atuais são todas de responsabilidade das decisões do governo, com o único intuito de desgastá-lo para faturar nas eleições e alimentar a ideia golpista de impeachment da presidenta, sem que haja motivo para isso, pois impeachment é uma medida jurídica, e não política.
Se a crise política é inventada, economicamente o cenário é difícil.
A economia global funciona, hoje, como um único organismo. Se uma de suas partes adoece, todo o corpo padece junto. O Brasil resistiu bastante à crise mundial iniciada em 2008 nos Estados Unidos e na Europa a partir de 2010, graças ao seu grande mercado interno e a medidas do então governo Lula para fortalecer a renda dos trabalhadores, incentivar o consumo e assim garantir o bom funcionamento da economia. Mas agora ela chegou por aqui, embora as previsões indiquem que em 2016 deve começar um movimento de melhoria.
Mas a economia brasileira ainda depende muito da exportação de produtos primários, as matérias primas como o minério de ferro, carne e soja. O grande comprador, hoje, é a China. E a crise chegou à China, fazendo com que as indústrias chinesas sejam muito afetadas com a redução das exportações. Milhares de fábricas menores fecharam. As grandes apresentaram redução dos lucros em seus balanços, como a Sony, a Sharp e a Panasonic. Por isso cortaram a produção em suas fábricas na China.
Com a redução do crescimento econômico chinês, as exportações brasileiras de matérias primas foram muito afetadas. Por exemplo, a redução do consumo de aço nas obras da construção civil na China causou uma enorme redução da exportação de minério de ferro no Brasil. Isso gera uma reação em cadeia em outros setores produtivos do país.Como o tamanho da economia chinesa é bem maior que a do Brasil, uma pequena redução lá causa uma enorme perda aqui.
Embora esse não seja o único fator da crise econômica no Brasil, ele é importante. Por exemplo, com a redução das exportações, menos dólares entram no país e o governo não consegue pagar os juros da dívida externa. Isso faz com que o governo brasileiro seja obrigado a fazer cortes no orçamento, para compensar a redução.
Por outro lado, a falta de dólares no país faz com que seu valor aumente em relação ao real. Os produtos importados ficam mais caros e os exportados mais baratos, para quem os compra no exterior. Isso causa aumento de todos os preços no Brasil e o aumento da inflação que presenciamos atualmente.
Como fica claro, grande parte do problemas enfrentados hoje pelo país, que geram descontentamento em uma parcela da população de classe média e alta, vem da China e da crise mundial que afeta Estados Unidos e Europa. Sem a melhoria lá, não há melhora aqui, pois a economia hoje é mundial, ou seja, globalizada.