Análise das negociações de outubro, registradas no Mediador até 5 de novembro, mostra que 82,1% dos reajustes resultaram em ganhos reais acima do INPC-IBGE (Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Outros 4,5% resultaram apenas na recomposição das perdas dos últimos 12 meses, e 13,4% ficaram abaixo da inflação no período. Os dados são do boletim “De Olho nas Negociações” do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), de novembro de 2023.
Nova queda na variação real média
Em outubro, houve nova queda na variação real média, que se mantém positiva, agora em 0,75% acima do INPC, aproximando-se dos valores apurados nas 3 primeiras datas-bases de 2023.
O valor do reajuste necessário para as categorias com data-base em novembro é de 4,14%, segundo o INPC-IBGE, o que mostra leve inflexão no movimento de alta observado nas últimas datas-bases e indica certa estabilização das taxas inflacionárias.
Após redução do percentual de negociações com reajustes parcelados em setembro, na comparação com agosto, a taxa voltou a subir em outubro, atingindo 4,5% do total na data-base. É, no momento, a segunda maior marca no ano, atrás apenas de agosto. Por outro lado, o percentual ainda é menor do que o observado em outubro de 2022.
Reajustes escalonados e negociações salariais
Reajustes escalonados — aqueles em valores diferentes segundo faixa salarial ou tamanho da empresa —, foram registrados em 6% das negociações de outubro, o menor percentual em todo o período considerado — Gráfico 5.
O quadro atual das negociações de janeiro a outubro de 2023 mostra reajustes acima do INPC em 78,3% dos instrumentos coletivos analisados; resultados iguais à inflação, em 16,4%; e abaixo dessa, em 5,4%.
A variação real média no ano é, no momento, igual a 1,13% acima do INPC. Foram analisados, até o momento, 15.822 reajustes salariais de 2023.
Por setor, nota-se maior frequência de ganhos reais na indústria (83,1% dos reajustes do segmento) e, depois, nos serviços (80,3%).
No comércio, o percentual de resultados acima do INPC é menor (57,9%). No entanto, a presença significativa de correções iguais à inflação nesse setor (37,2%) faz com que o percentual de reajustes abaixo do INPC seja próximo ao da indústria, que foi o menor entre os 3. Importante frisar que a análise levou em conta somente esses 3 segmentos.
Resultado por região
Cerca de 82% das negociações do Sudeste registraram ganhos reais, entre janeiro e outubro de 2023 — o maior percentual entre as regiões geográficas.
O menor percentual de resultados acima da inflação foi observado no Nordeste (71,2%). Em relação aos reajustes abaixo da inflação, a menor frequência continua no Sul (1,6%); e a maior, no Norte (10,3%).
Cerca de 2/3 dos resultados analisados em 2023, até outubro, foram definidos em acordos coletivos; os demais, em convenções coletivas. Nos acordos, 80,5% dos reajustes resultaram em ganhos acima do INPC; 14% em valores iguais ao índice inflacionário; e 5,5% ficaram abaixo da inflação.
Nas convenções, o percentual de negociações com ganhos reais é cerca de 7 p.p. (pontos percentuais), (menor do que nos acordos (73,6%); e o de reajustes iguais ao INPC, 7 p.p. maior. Reajustes abaixo da inflação estão presentes em 5,1% das convenções coletivas.
Pisos salariais
Os valores dos pisos salariais são apresentados, a seguir, em 2 indicadores:
1) valor médio, equivalente à soma dos valores de todos os pisos, dividida pelo número de pisos observados; e
2) valor mediano, correspondente ao valor abaixo do qual está a metade dos pisos analisados. A vantagem da apresentação do valor mediano é que esse sofre menos a influência dos valores extremos da série, indicando melhor a distribuição dos pisos.
De janeiro a outubro de 2023, o valor médio dos 15.864 pisos salariais analisados foi de R$ 1.638,85; e o valor mediano, de R$ 1.531,36. Na comparação entre os setores, o maior valor médio foi observado nos serviços (R$ 1.676,01); e o menor, no setor rural (R$ 1.558,60).
Quanto aos valores medianos, o maior foi registrado na indústria (R$ 1.573); e o menor, no comércio (R$ 1.505,05).
No recorte geográfico, os maiores pisos salariais médios e medianos negociados de janeiro a outubro de 2023 são os do Sul, respectivamente, R$ 1.705,52 e R$ 1.648,27; e os menores, os do Nordeste, respectivamente, R$ 1.501,79 e R$ 1.369,43.
Fonte: DIAP