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*POR MARCISIO MOURA

 

No ultimo dia 5 de novembro tive o prazer de presenciar em Brasilia-DF, representando a Secretaria de Comunicação, onde sou o adjunto da pasta, a primeira reunião do órgão colegiado de sua estrutura organizacional e administrativa da União Geral dos Trabalhadores.

 

Na ocasião estiveram presentes a executiva da central (recém eleita, em 06/15), seus vice-presidentes e os presidentes de todas as UGTs estaduais, no intuito de realizar uma avaliação da central em todos os estados, além de discutir diversos pontos de interesse da classe trabalhadora, sua organização e as ações para os próximos períodos.

 

A cada intervenção que se sucedia, a unanimidade nas falas deixava evidente a necessidade da preparação das lideranças para os desafios de superação da atual crise econômica, que tem sangrado os assalariados do nosso país, assim como, a urgência de capacitar nossos quadros para o momento político decisivo que a classe trabalhadora atravessa, diante dos sucessivos ataques da oposição a um governo popular e democrático legitimamente eleito nas urnas. Mas que desde sua reeleição amarga o clima de disputa, culminando num longo e desgastante 3º turno.

 

O presidente ugetista, Ricardo Patah, em sua análise conjuntural, sintetizou, e bem, esse sentimento da direção quanto á atual situação do país, "estamos  atravessando um momento muito critico", destacou  Patah, se referindo ao momento político que vivenciamos, e foi categórico,  "a crise política gerada pelas tentativas de desestabilização do governo tem exacerbado a crise econômica, onde os trabalhadores são os mais sacrificados”, ressaltando a fragilidade à que os trabalhadores estão submetidos neste momento. Onde, inclusive os programas sociais a serviço da superação da pobreza começam a sofrer reveses, e a população trabalhadora mais vulnerável pode pagar a conta desta crise sem precedentes.

 

Durante os trabalhos também foram abordados temas de ordem organizativa (como a proposta de adequação a estatutos democráticos, a implementação do sistema de eleição eletrônica), e de ações, embate às Medidas Provisórias 4330 e a 680 na maneira como estão tramitando atualmente. A primeira, porque traz a terceirização desenfreada em seu texto. Já a segunda, porque flexibiliza as leis trabalhistas, além de determinar a prevalência do negociado sobre o legislado, fazendo com que os acordos coletivos prevaleçam sobre a determinação legal, onde, na prática, anula a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) sempre que houvesse um sindicato enfraquecido em uma mesa de negociação.

 

Evidentes medidas, que só contribuirão à precarização das relações de trabalho e para a dificuldade organizacional das categorias, pois sabemos que na disputa entre Trabalho x Capital, o segundo sempre se molda e se reorganiza de forma a desorganizar o primeiro, visando apenas o lucro desenfreado.

 

O custo Brasil, o valor esdrúxulo da SELIC, a alta da inflação e o desemprego, que já ultrapassa mais de 1 milhão de desempregados, também mereceram destaques durante os trabalhos, pois são ingredientes que contribuem fragilizando a organização de classe e sucessivamente todo o movimento sindical, que contribuiu incondicionalmente nesta ultima década para a superação das desigualdades profundas que nosso país ainda amarga, mas não podemos esquecer, que já foi bem pior em governos anteriores.

 

Todavia, hoje vivemos (o movimento sindical que defende os trabalhadores de fato) claramente numa encruzilhada sem precedentes, onde defender e lutar pelos direitos da classe trabalhadora, inclusive utilizando no embate o direito de greve, tem resultado apenas a reposição inflacional. Ou seja, muito embate, desgaste e poucos resultados têm sido o retrato das negociações país afora.

 

A reunião discorreu com a participação efetiva dos membros, e apesar de ser minha primeira participação, confesso que fiquei bem otimista, pois via em cada um dos representantes que compunham a mesa o entusiasmo no crescimento organizativo da Central, somado ao sentimento de indignação aos ataques aos direitos dos trabalhadores.

 

 

QUEM HÁ DE NOS FREAR?!!

 

Refletindo ao discorrer essas linhas, minhas impressões iniciais iam dando espaço a algumas inquietações. Pois todos os pontos abordados durante a reunião, fazem parte da luta que presenciamos no cotidiano, mas me levavam a conclusão de que uma luz amarela vai acendendo como forma de sinalizar o despertar de nossas atenções.

 

Se quisermos nos fortalecer, crescer e organizar os trabalhadores para os embates que este momento adverso nos proporciona, devemos ser ousados e nos aprimorar e implementar as novas formas de comunicação, se adequando as novidades tecnológicas que o capital nos dispõe, possibilitando, inclusive, nos contrapor a essa mídia reacionária (que age claramente como uma correia de transmissão dos detentores dos meios de produção e apenas aos seus interesses), sendo a voz ideológica no campo dos interesses dos trabalhadores, despertando mentes e corações.

 

Se quisermos maximizar nossa organização, devemos oxigenar o movimento sindical, preparando novos quadros, formando-os para as disputas do mundo do trabalho e organizá-los, buscando aproximar e despertar a participação dos jovens nas entidades, pois são a real fonte de vida para o movimento.

 

Formação e comunicação são parceiras fundamentais para o crescimento de qualquer organização, para o sindicalismo não pode ser diferente.

 

Nos momentos de adversidades podemos criar novas oportunidades e consolidar nosso crescimento, tendo sempre como eixo a valorização da classe trabalhadora e os avanços sociais. Assim, a luta por melhores salários e condições dignas de trabalho é fundamental, num cenário onde a terceirização, dentre outros métodos, possam ser utilizados para a degradação dos direitos estabelecidos na  CLT.

 

A liberdade  de organização e autodeterminação do movimento sindical, devem ser premissas para o desenvolvimento das ações dos sindicatos da central, e quaisquer tentativas de ingerências, que visam sabotar a luta da organização dos trabalhadores, devem ser combatidas veementemente com vigor.

 

Por fim, devemos exigir um governo soberano popular e democrático, no qual o único aparelhamento a ser aceito, deve ser a serviço do fim da desigualdade, do combate à pobreza e à exploração de classe.

 

Posso dizer, que assim, como os demais que participaram desta reunião, saímos revigorados e prontos pros embates que a vida nos dá, e dará.

 

Afinal, estamos trilhando o caminho de uma central ética, cidadã e inovadora.  E nesse caminho, quem há de nos frear?!!

 

 

*Marcisio Moura – Secretário de Relações Institucionais/Sindicais e Comunicação/Imprensa do Sindicato dos Trabalhadores em Telemarketing e Coordenador da Subsede Osasco e Região e atua como secretário adjunto de Imprensa da UGT Nacional.