Novas instalações da Eletro, em São Bernardo do Campo (SP), inauguradas nesta sexta-feira (2), vão produzir inicialmente 1.800 ônibus elétricos por ano, fabricados inteiramente no Brasil
O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, participou nesta sexta-feira (2), ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da inauguração das novas instalações da empresa de transporte sustentável Eletra-Tecnologia, em São Bernardo do Campo (SP). “Aqui está a neoindustrialização”, disse Alckmin diante do prédio de 27 mil m² com capacidade para produzir inicialmente 1.800 ônibus elétricos por ano, fabricados inteiramente no Brasil.
O termo neoindustrialização vem sendo cunhado por ele e pelo presidente Lula para reforçar a prioridade do governo federal em fortalecer a indústria nacional em novas bases — com inovação, sustentabilidade e responsabilidade social. “Agora a gente vê os ônibus elétricos, à bateria, e 100% feitos no Brasil. Aqui está a neoindustrialização. Inovação, pesquisa, desenvolvimento, engenharia nacional”, celebrou.
Alckmin elencou algumas medidas recentes do governo federal para alavancar esse processo, como o anúncio de R$ 20 bilhões, pelo BNDES, de linhas de crédito para inovação e digitalização; e o fortalecimento do biodiesel, com o aumento da mistura com diesel para 13%, e estudos para ampliar até 15%.
“E finalmente o top – que é o [ônibus] elétrico e brasileiro. Chassi, carroceria, motor, inversor e bateria [100% nacional]. E não tenho dúvida de que isso vai trazer conforto, transporte público de qualidade e preservar o meio ambiente”, disse.
O vice-presidente também destacou números positivos para a economia brasileira anunciados nesta quinta-feira (1/6): o crescimento do PIB nacional no trimestre, que aumentou 1,9% se comparado ao trimestre anterior, posicionando o Brasil entre os cinco países que mais cresceram no primeiro trimestre deste ano; e o recorde histórico no volume de exportações brasileiras para um mês de maio: US$ 33 bilhões de dólares, como anunciado pelo MDIC ao apresentar os dados da balança comercial de maio.
“Se pegar toda a série histórica, é recorde. E o saldo da balança comercial, US$ 11,4 bilhões, que vai ajudar muito o [ministro da Fazenda, Fernando] Haddad lá na economia, também é recorde na série histórica”.
O presidente Lula, em seu discurso, defendeu a renovação da frota de ônibus escolares, que estariam “muito velhas”, e explicou que, embora os ônibus elétricos tenham preços mais elevados do que modelos a diesel, a equação se inverte quando o veículo está em operação.
“No funcionamento dele, quando começa a operar, vai custar 73% menos que o a diesel. Por isso temos que apostar numa empresa brasileira”, defendeu.
A cerimônia de inauguração da fábrica contou ainda com outros ministros. Luiz Marinho, do Trabalho e Emprego, destacou que as novas tecnologias devem ser vistas como oportunidades de melhores condições de vida, e não de “processos que escravizem”, e que ofereçam geração de renda e justiça social. Sobre a fabricação de ônibus elétricos totalmente nacionais, comemorou: “Isso faz parte da reconstrução do Brasil”.
Já o ministro dos Transportes, Renan Filho, informou que o Brasil passou recentemente a ser membro efetivo do Fórum Internacional de Transportes, e que isso possibilitará ampla discussão sobre a descarbonização da economia no segmento, que contribui com 24% das emissões de carbono atualmente. “Para enfrentar essa agenda de redução das emissões, é fundamental que seja enfrentada no segmento dos transportes”, disse ele, lembrando que o Brasil é referência por sua matriz energética limpa.
Diretora e fundadora do grupo ABC, do qual a Eletra faz parte, Maria Beatriz Setti Braga lembrou das origens da empresa, responsável pelo primeiro ônibus híbrido elétrico, criado em 1997, que era o único em operação comercial no mundo. “A Eletra nasceu de um sonho e hoje representa a maior empresa nacional de veículos elétricos, fazendo com que nossa produção se estenda para várias capitais”, afirmou.
Já a filha de Maria Beatriz, a atual presidente da Eletra, Milena Braga Romano, fez referência à neoindustrialização defendida por Lula e Alckmin em recente artigo para oferecer sua empresa como exemplo. “Somos um bom exemplo da nova indústria que está nascendo no país. Uma indústria focada no transporte limpo e sustentável, na descarbonização da economia e na melhoria da qualidade de vida das cidades brasileiras”, afirmou. Além disso, reforçou que é uma indústria 100% brasileira, com tecnologia nacional, desenvolvida no Brasil por engenheiros e técnicos brasileiros.
Eletra — A Eletra-Tecnologia de Tração Elétrica é líder nacional em transporte público sustentável e anunciou a multiplicação de sua capacidade industrial com as novas instalações. No novo prédio, de 27 mil m², localizado na Via Anchieta, a empresa terá capacidade para produzir, inicialmente, 150 ônibus elétricos/mês, ou até 1.800/ano, com possibilidade de ampliar em 50% essa capacidade, dobrando turno, para 2.700/ano, caso haja demanda.
Os ônibus são inteiramente fabricados no Brasil, inclusive as baterias, com tecnologia 100% nacional.
A ampliação das instalações faz parte de um plano de investimentos de R$ 150 milhões, com objetivo de posicionar a empresa como líder latino-americana na produção de ônibus elétricos, gerando 500 empregos diretos nos próximos dois anos. A fábrica iniciou produção pré-série em 2022, e os primeiros modelos já estão em circulação em algumas capitais, como São Paulo, Salvador, Vitória e Curitiba.
Fonte: Governo Federal